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Epidemia de ebola pode registrar 20 mil casos até novembro

Epidemia de ebola entrou numa fase de crescimento explosivo, com 20.000 pessoas em risco de infecção até novembro, diz OMS


	Jovem com suspeita de ebola tem a temperatura medida em cidade de Serra Leoa
 (Carl de Souza/AFP)

Jovem com suspeita de ebola tem a temperatura medida em cidade de Serra Leoa (Carl de Souza/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2014 às 14h44.

Genebra - Mais de 20.000 pessoas estarão infectadas pelo ebola em novembro se não forem reforçadas as medidas de controle na África Ocidental, indicou nesta terça-feira a OMS, ao mesmo tempo em que a Libéria advertia que a lentidão da reação ante a epidemia pode levar a uma nova guerra civil.

"Supondo que não exista nenhuma mudança em nível de medidas de controle da epidemia", no início de novembro haverá cerca de 10.000 casos na Libéria, cerca de 6.000 na Guiné e mais de 5.000 em Serra Leoa, indicam os especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) em um estudo publicado pela revista New England Journal of Medicine.

"Estamos em uma terceira fase de crescimento da epidemia" que é explosiva, afirmou um dos coautores do estudo durante uma coletiva de imprensa realizada em Genebra. Trata-se do doutor Christopher Dye, que também é diretor de estratégia da OMS.

Segundo o último balanço da OMS publicado na segunda-feira, a epidemia provocou mais de 2.800 mortes na África Ocidental desde o início deste ano, sendo Libéria, Guiné e Serra Leoa os países mais afetados.

O rápido aumento da taxa de transmissão também é explicado pela lentidão da reação no início do surto, assim como pelo mau estado dos sistemas de saúde nos principais países afetados.

"Na Nigéria, onde o sistema de saúde é mais sólido, o número de casos foi limitado até o presente", explicou outra coautora da pesquisa, Christl Donnelly, professora no Imperial College London.

Já o Centro americano para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) informou nesta terça-feira que, com base no pior cenário possível, o número de infectados pelo vírus na Libéria e em Serra Leoa pode disparar para 1,4 milhão até janeiro de 2015.

Segundo o estudo divulgado pelo CDC, o número de casos de ebola nessas duas nações da África Ocidental pode variar de 550 mil a 1,4 milhão até 20 de janeiro de 2015.

A estimativa é baseada na suposição de que os casos de ebola no maior surto já registrado até hoje não estão sendo notificados em uma proporção de 2,5, segundo o relatório do CDC.

No entanto, os especialistas alertaram que os números são baseados em dados disponíveis em agosto, antes dos Estados Unidos planejarem sua resposta à epidemia na África Ocidental.

"Os números não refletem as condições atuais", disse o CDC em um comunicado sobre a projeção, publicado no Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade da agência.

"Os modelos sugerem que ações imediatas e extensas - como as já iniciadas - podem levar a epidemia a um ponto de inflexão para iniciar um rápido declínio no número de casos", esclareceu.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas classificou no dia 18 de setembro esta epidemia como uma ameaça para a paz e a segurança internacional, o que ocorre pela primeira vez com uma urgência sanitária. E a OMS reafirmou na segunda-feira que se trata de uma urgência de saúde pública mundial.

O mundo não pode esperar uma nova guerra civil na Libéria

Por sua vez, o governo da Libéria advertiu que tanto seu país quanto Serra Leoa e Guiné podem cair novamente em uma guerra civil diante da lentidão da resposta à epidemia.

"Os hospitais lutam, mas os hotéis também, assim como as empresas. Se isso continuar, os preços vão subir. A população está agitada", afirmou na segunda-feira à AFP o ministro da Informação, Lewis Brown, em Monróvia.

"O mundo não pode esperar que Libéria, Serra Leoa e Guiné afundem novamente na guerra que pode resultar desta lentidão na resposta" contra o vírus, disse o ministro.

O ministro da Defesa, Brownie Samukai, afirmou no dia 9 de setembro ante o Conselho de Segurança da ONU que a existência da Libéria é ameaçada pelo vírus.

As guerras civis deixaram 250.000 mortos na Libéria entre 1989 e 2003. O país é fronteiriço com Serra Leoa, que também viveu uma disputa bélica de 1991 a 2001, e com a Guiné.

Na Libéria, "nem todos contrairão o vírus, mas todos sofrem os efeitos devido às restrições que impusemos" para evitar a propagação, declarou o ministro Brown.

Segundo ele, o governo liberiano precisa de até 1.000 leitos em dez centros do país.

"Mas não temos a capacidade e os recursos para isso. Isso mina a confiança da população na luta e como governo não podemos nos permitir a perda de confiança de nosso povo", disse, pedindo "ajuda à comunidade internacional".

*Atualizada às 14h44 do dia 23/09/2014

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