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EPE: é pouco provável ajuste em preço de Belo Monte

Brasília - O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse ontem que "é muito pouco provável" que o governo aplique uma correção monetária para aumentar o preço-teto da energia da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. O pedido foi feito pelas empresas interessadas no projeto, que consideram baixo […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

Brasília - O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse ontem que "é muito pouco provável" que o governo aplique uma correção monetária para aumentar o preço-teto da energia da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. O pedido foi feito pelas empresas interessadas no projeto, que consideram baixo o valor máximo de R$ 83,00 por megawatt/hora (MWh) fixado pelo governo.

Em conversa com a imprensa após participar de reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), Tolmasquim disse que o governo está avaliando outro pleito das empresas, formulado pelos autoprodutores que vão participar do leilão, que é o de criar algum tipo de proteção para que eles não fiquem expostos às variações de preços dos diferentes submercados de energia.

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Os autoprodutores são grandes empresas que investem na geração de energia para consumo próprio. O leilão de Belo Monte foi desenhado de modo a incentivar a participação delas, já que poderão ter até 10% da produção da usina para seu consumo.

A questão que foi apontada pelos autoprodutores é que a maior parte desses investidores tem suas fábricas localizadas no submercado Sudeste do país, enquanto Belo Monte está no submercado Norte. Pelo sistema de transmissão, a energia que elas vão produzir no Pará será transportada por linha de transmissão até o Sudeste e consumida em suas instalações fabris.

A questão é que, por contingências técnicas e operacionais do sistema, haverá ocasiões em que a energia do Norte não poderá ir para o Sudeste. Quando isso ocorrer, o autoprodutor terá que revender no Norte sua cota de energia e adquirir no mercado spot (à vista) do Sudeste a energia para seu consumo próprio. A questão é que, no mercado spot, a energia do Sudeste é mais cara que a da região Norte. Assim, os autoprodutores temem que, mesmo investindo em Belo Monte, tenham de arcar com esse prejuízo em alguns momentos.

O que eles propuseram ao governo é uma medida que não altera o edital do leilão e, por isso, será mais fácil de ser atendida do que outras demandas, como a do aumento do preço-teto. Trata-se da autorização para ser feito swap (troca) de energia elétrica. Por meio de swap, o autoprodutor instalado no Sudeste poderia entrar em acordo com alguma usina do Sudeste que tem contrato de fornecimento com um cliente no Norte. A troca se daria da seguinte maneira: o autoprodutor usaria sua cota de Belo Monte para cobrir o cliente da usina do Sudeste no Norte do País e usaria em suas instalações no Sudeste a energia daquela usina com a qual entrou em acordo. O procedimento, inclusive, se daria sem transação financeira, apenas com troca de energia.

Tolmasquim disse que a hipótese de swap está sendo analisada assim como outros mecanismos. O presidente da EPE afirmou que é normal que as empresas façam pedidos ao governo antes de um leilão como o de Belo Monte e que é obrigação do governo analisá-los. Mas ele ressaltou que "não se pode criar benefícios exagerados que depois vão onerar o consumidor".

Tolmasquim afirmou que, por enquanto, a meta do governo é conseguir dois consórcios para entrar na disputa de Belo Monte. "Se houver um terceiro, será uma boa surpresa", disse. Até o momento, dois consórcios estão mais cotados para participar do leilão. Um é liderado por Camargo Corrêa e Odebrecht e outro por Andrade Gutierrez, Vale, Neoenergia e Votorantim.

Por enquanto, apenas o consórcio da Andrade Gutierrez já formalizou junto a Eletrobras seu desejo de se associar à estatal no leilão. O ministério de Minas e Energia realizou ontem a última reunião do CMSE com a participação do ministro Edison Lobão, que vai transferir o cargo hoje para o secretário-executivo Márcio Zimmermann.

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