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Entenda melhor o funcionamento do Estado Islâmico

O grupo é liderado por Abu Bakr al-Baghdadi, que governa um autoproclamado "califado" em territórios da Síria e do Iraque

Militantes do Estado Islâmico: o EI se financia com o contrabando de petróleo, extorsão, sequestros e venda de antiguidades roubadas (Reuters)
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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2015 às 11h18.

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que controla vastas regiões na Síria e no Iraque e que tem membros em outros países, reivindicou os atentados de sexta-feira em Paris, que mataram pelo menos 129 pessoas.

Leia abaixo como funciona esta organização que tem espalhado o terror pelo mundo.

Quem é o principal líder?

O grupo é liderado por Abu Bakr al-Baghdadi, que governa um autoproclamado "califado" em territórios da Síria e do Iraque, mas compartilha responsabilidades militares e administrativas com pessoas em postos inferiores.

O EI tem vários departamentos que tratam de temas como educação e também dispõe de comandantes regionais.

"Baghdadi parece ser uma figura importante na tomada de decisões", afirma o especialista em jihadismo Aymenn al-Tamimi.

"No entanto, acredito que, como em todos os governos, existe certa autonomia na tomada de decisões nos departamentos a nível local".

Quem ordena os atentados?

No caso dos atentados em Paris, não existem provas de que foram ordenados diretamente pelos principais líderes do EI.

O mais provável é que Baghdadi defina uma estratégia geral, que depois é executada por outros.

"Provavelmente Baghdadi não quer dirigir todos os ataques do EI no exterior. É mais provável que seus comandantes executem campanhas de acordo com suas intenções", afirma Harleen Gambhir, analista do Institute for the Study of War.

De acordo com Gambhir, vários membros do EI estão há um ano tentando atacar a Europa.

"Por isto, os atentados de Paris representam o êxito dos esforços e não um ato isolado, que teria exigido a permissão especial de Baghdadi".

Como o EI recruta seus combatentes?

O EI usa um complexo aparato de propaganda para produzir vídeos, fotos e comunicados sobre suas atividades, incluindo execuções em massa, para atrair novos membros.

Mas para atentados como os de Paris são necessárias pessoas com contatos na Europa, segundo os especialistas.

"É provável que tenham escolhido membros estrangeiros na Europa para os atentados de Paris porque têm contatos com redes radicais e criminosas em seus países de origem", segundo Gambhir.

"Estas redes os ajudam a conseguir armas e na logística necessária para uma operação como a de Paris".

Como o EI consegue financiamento?

Nos territórios que controla no Iraque e na Síria, o EI se financia com o contrabando de petróleo, extorsão, sequestros e venda de antiguidades roubadas.

Mas para as operações no exterior, o financiamento é independente, embora o EI contribua com recursos.

"O EI controla vastos territórios e por isto pode fazer tudo o que deseja, como cobrar impostos das pessoas, no sentido literal, mas também de formas que são mais extorsão, assim como executar todo tipo de atividades criminosa", explica Matthew Levitt, ex-assistente do Departamento do Tesouro americano, que integra o Washington Institute.

"Mas o tipo de operação que vimos em Paris provavelmente é financiada de maneira independente, graças à atividade criminosa", afirma.

Quanto custam os atentados?

Segundo os analistas, cometer atentados não é excessivamente caro, sobretudo comparado ao custo para evitar os ataques.

O valor depende de quantas pessoas participam e ajudam na execução.

"Não estamos falando de muito dinheito, estas coisas são baratas", explica Levitt, segundo o qual os ataques de Paris podem ter custado menos de 50.000 dólares.

São Paulo – Especialistas iniciaram na manhã de hoje escavações em doze covas coletivas encontradas na região de Trikrit, no Iraque . De acordo com informações da rede de notícias americana CNN, é possível que os restos mortais de 1.700 soldados mortos pelo grupo Estado Islâmico ( EI ) sejam recuperados. A descoberta comprovaria a veracidade de um vídeo divulgado pelo grupo há alguns meses e no qual era exibida a execução de centenas de soldados iraquianos que estavam dispostos em uma linha que parecia não ter fim. Os soldados, informou a Reuters, teriam sido capturados em uma antiga base dos Estados Unidos. “A cena é de partir o coração”, contou um oficial ouvido pela rede que esteve no local. “Não conseguimos conter as lágrimas. Que tipo de bárbaro poderia matar 1.700 pessoas a sangue frio?”, indagou. As covas coletivas são mais um ato de violência na lista de barbáries já cometidas pelo grupo desde que ganhou força no ano passado e passou a expandir os seus domínios em regiões da Síria e do Iraque. Relembre nas imagens outros casos chocantes protagonizados pelo grupo.
  • 2. Decapitações de reféns ocidentais

    2 /10(AFP)

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    Ensaiadas à exaustão, filmadas e divulgadas mundo afora via redes sociais, as decapitações, especialmente aquelas realizadas em reféns ocidentais, se tornaram um símbolo da brutalidade do EI. Um dos primeiros ocidentais a ser publicamente executado pelo grupo foi o jornalista americano James Foley. Pouco tempo depois da divulgação do vídeo de Foley em agosto do ano passado, o EI viralizou vários outros. Neles foram exibidas as mortes de pessoas como o Steven Sotloff, jornalista americano sequestrado em agosto de 2013 e morto no início de setembro de 2014, e David Haines, um trabalhador humanitário britânico abduzido em março de 2013 e assassinado poucas semanas depois de Sotloff.
  • 3. E de cristãos na Líbia

    3 /10(Reprodução)

  • Os horrores das decapitações do Estado Islâmico (EI), contudo, não ficaram reservados apenas aos reféns ocidentais. No início de fevereiro, o EI divulgou um vídeo no qual foram degolados 21 cristãos egípcios. De acordo com informações da agência de notícias EFE, as vítimas haviam sido sequestradas na região de Tripoli, capital da Líbia, e simbolizavam uma espécie de vingança contra o Egito por conta de um episódio no qual uma mulher cristã foi presa depois de se converter ao islã.
  • 4. A morte do piloto jordaniano

    4 /10(Social media via Reuters)

    Depois de anunciar a decapitação do jornalista japonês Kenji Goto, o EI divulgou um vídeo no qual mostrava um piloto jordaniano sendo queimado vivo. Maaz al-Kassasbeh foi sequestrado em dezembro, depois que sua aeronave foi derrubada pela artilharia do grupo nas redondezas de Raqqa, conhecida informalmente como a capital do EI. Como consequência da morte brutal do militar, a Jordânia intensificou os bombardeios realizados contra os militantes.
  • 5. Recrutamento de crianças

    5 /10(Reprodução/Live Leak)

    Outra atrocidade cometida pelo grupo é o constante recrutamento de crianças para batalha ou para operações suicidas. De acordo com entidades de ajuda humanitária, desde o início de 2015, 400 crianças foram absorvidas aos quadros de militantes do EI. Muitas se juntam ao grupo com a conivência dos pais, mas tantas outras acabam sendo seduzidas por recrutadores a fugirem de suas famílias. Um exemplo que chocou o mundo apareceu em mais um vídeo do EI divulgado nas redes sociais. Nele, era mostrada a execução de reféns por uma criança que não aparentava ter mais de 12 anos de idade.
  • 6. Genocídio da minoria Yazidi

    6 /10(Rodi Said/Reuters)

    Desde que iniciou a sua expansão territorial, o Estado Islâmico ( EI ) vem atacando a minoria Yazidi, historicamente estabelecida no norte do Iraque. Como consequência dos atos brutais contra este povo, a Organização das Nações Unidas ( ONU ) acusa o EI de estar cometendo um crime de genocídio, uma vez que demonstra ter o objetivo de dizimá-los enquanto grupo.
  • 7. A tortura de seus reféns

    7 /10(Nicole Tung/AFP)

    Reféns ocidentais que foram libertados pelo Estado Islâmico ( EI ) contaram ao mundo como era a rotina de horror a qual foram diariamente submetidos enquanto em cativeiro. De acordo com os relatos, a tortura era uma ferramenta comum dos militantes e era assim que eles buscavam informações sobre, por exemplo, o propósito da ida de seus reféns para a Síria. Os métodos consistiam em espancamentos e até mesmo a simulação de afogamento.
  • 8. Terror em campo de refugiados

    8 /10(Rani Al-Sayed/AFP)

    Até então restrito ao norte da Síria , o EI mostra que aos poucos está avançando até a capital do país, Damasco. Nesta semana, veio à tona a notícia de que o grupo invadiu um campo de refugiados nas redondezas da cidade e que agora controla 90% dele. Os outros 10% estãos nas mãos de uma milícia formada por palestinos e sírios que vivem no campo e que lutam contra o regime de Bashar al-Assad. Segundo informações da rede de notícias Reuters, o local é habitado por 18 mil pessoas. Na análise da ONU, a situação no campo é “além de desumana”, pois a entidade não conseguiu enviar comida, remédio e água para as pessoas que lá vivem desde que os conflitos dentro do campo começaram.
  • 9. A destruição de antiguidades

    9 /10(Reprodução/Youtube/Josue Leon)

    Há poucos meses, o EI divulgou vídeos nos quais seus militantes apareciam destruindo antiguidades em sítios arqueológicos e até museus de diferentes regiões do Iraque. Em Mosul, por exemplo, homens aparecem armados com martelos e brocas derrubando e destruindo estátuas datadas do século 7 a.C e cujos valores são inestimáveis.
  • 10. Agora veja os números da violência na Síria

    10 /10(Reuters)

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