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Embargo dos EUA obriga Cuba a fabricar insumos próprios contra covid-19

O embargo norte-americano, estabelecido em 1962, permite desde 1992 o envio de remédios e suprimentos médicos para a ilha, desde que seja para o benefício exclusivo da população

 (Yamil Lage/AFP)

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AFP

Publicado em 31 de março de 2021 às 21h34.

Última atualização em 31 de março de 2021 às 22h10.

Respiradores, swabs e reagentes para testes de PCR: Cuba teve que fabricar seu próprio material para enfrentar o coronavírus, contornar o embargo norte-americano e "economizar milhões de dólares" em importações, explicaram cientistas da ilha nesta quarta-feira (31).

"A soberania tecnológica é extremamente importante na luta contra a covid", disse José Luis Fernández Yero, diretor do centro cubano de exames imunológicos.

O embargo norte-americano, estabelecido em 1962, que visa produzir uma mudança de regime em Cuba, permite desde 1992 o envio de remédios e suprimentos médicos para a ilha, desde que seja para o benefício exclusivo da população.

Na realidade, os bancos e outros intermediários relutam em acompanhar essas operações, mesmo de países que não os Estados Unidos, por medo das sanções americanas.

“Há mais de 25 anos, Cuba trabalha no desenvolvimento de equipamentos médicos”, disse Fernández. Mas, diante de uma nova doença, surgiram novas necessidades.

Para os testes de PCR, Cuba também fabricou “os swabs que servem para coletar a amostra, o que a instituição não fazia em absoluto antes do início da covid, que o país tinha que importar grandes quantidades”.

Cuba também teve que criar a "solução usada para transportar a amostra" e um "reagente" para determinar se é positiva ou negativa.

O objetivo era “alcançar a soberania tecnológica desde a coleta da amostra até a interpretação final dos resultados”, afirmou.

Cientistas cubanos também projetaram quatro modelos de respiradores artificiais.

Graças a esse esforço, “nosso país está economizando e muitos milhões de dólares ainda serão economizados” nas importações, acrescentou Eduardo Martínez, presidente do grupo farmacêutico estatal BioCubaFarma.

O país, que fez da saúde e da educação os pilares de seu sistema socialista, tem duas vacinas candidatas, Soberana 2 e Abdala, na terceira e última fase de testes clínicos, antes de serem aprovadas.

Nesta quarta-feira, a primeira das duas doses de Soberana 2 foi distribuída para 44.000 voluntários em Havana.

“No mês de junho, (espera-se) poder ter os resultados da eficácia da vacina, que esperamos que seja alta”, indicou Martínez, porque “um percentual muito alto de pacientes” vacinados na fase 2 desenvolveram anticorpos contra a doença.

As autoridades, que planejam iniciar a campanha de vacinação em junho, pretendem imunizar toda a população ainda este ano.

Cuba enfrenta atualmente a terceira onda da pandemia, mas continua sendo uma das nações menos afetadas do continente americano, com 75.263 casos de contágio e 424 mortes em uma população de 11,2 milhões de habitantes.

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