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Em meio a rumores sobre Vatileaks, papa promove clérigo

Bento XVI transferiu um funcionário da secretaria de Estado do Vaticano para a Colômbia, em meio a uma série de especulações sobre o conteúdo de um relatório confidencial


	Papa Bento XVI
 (Vincenzo Pinto/AFP)

Papa Bento XVI (Vincenzo Pinto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Cidade do Vaticano - Em uma de suas últimas ações no cargo, o papa Bento XVI transferiu nesta sexta-feira um graduado funcionário da secretaria de Estado do Vaticano para a Colômbia, em meio a uma série de especulações da mídia sobre o conteúdo de um relatório confidencial sobre o escândalo sobre o Vatileaks, o vazamento de documentos da Santa Sé.

O porta-voz do Vaticano, reverendo Federico Lombardi, destacou que a transferência do monsenhor Ettore Balestrero estava em andamento havia meses e que se trata de promoção importante e não tem nada a ver com rumores sobre um dossiê, que o Vaticano considera sem fundamento.

Balestrero foi nomeado subsecretário do Ministério de Relações Exteriores do Vaticano em 2009 e, dentre outras funções, tem sido uma figura importante nos esforços da Santa Sé de fazer parte da "lista branca" de países financeiramente transparentes. O papa, que deixa o cargo em 28 de fevereiro, o nomeou embaixador, ou nunzio, na Colômbia.

Há dias os jornais italianos tem trazido várias matérias, de fontes não confirmadas, sobre o conteúdo de um dossiê, entregue a Bento XVU em dezembro. O documento teria sido preparado por três cardeais que investigaram as origens do vazamento. O escândalo veio à tona no ano passado, depois que papeis retirados da escrivaninha do papa foram publicados num livro. O mordomo do papa foi condenado em outubro por roubo qualificado e, posteriormente, perdoado.

O Vaticano se recusa a comentar as informações divulgadas pelos meios de comunicação, segundo as quais o conteúdo do dossiê foi uma das razões que levou o papa a renunciar. Bento XVI disse que simplesmente não tem mais "forças mentais e físicas" para ser papa. Lombardi deu a entender que o papa se reuniria com os três cardeais antes de deixar o posto.

Balestrero foi chefe da delegação da Santa Sé no comitê Moneyval, órgão do Conselho Europeu que avalia as medidas contra lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. O Vaticano se submeteu à avaliação do Moneyval para melhorar sua reputação no mercado financeiro.

O Vaticano passou no teste na primeira tentativa em agosto e o Moneyval disse que fez grandes progressos num curto período de tempo. Mas a Santa Sé recebeu avaliações ruins para suas agências de supervisão financeira e seu banco, que há muito tempo são fontes de alguns dos piores escândalos do Vaticano.

Alguns dos documentos vazados dizem respeito às diferenças de opinião sobre o nível de transparência que a Santa Sé deveria fornecer a respeito do Banco do Vaticano, o Instituto para Obras da Religião (IOR).

O Vaticano trabalha agora para atender às recomendações do Moneyval antes da próxima rodada de avaliações. Lombardi disse que o processo passará para os cuidados de outra pessoa, agora que Balestrero vai assumir outra função.

A nunciatura na Colômbia é uma das mais importantes da América Latina. Funcionários do Vaticano disseram que a medida é uma clara promoção para Balestrero. As informações são da Associated Press.

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