Mundo

Em Londres, um debate sobre o papel do mercado nas mudanças climáticas

Junto de Christine Lagarde, o presidente do Banco da Inglaterra lança nesta quinta proposta para promover o financiamento de projetos sustentáveis

Christiane Lagarde: tentativa de ouvir os cidadãos da zona do euro em sua gestão à frente do Banco Central Europeu (Ralph Orlowski/File Photo/Reuters)

Christiane Lagarde: tentativa de ouvir os cidadãos da zona do euro em sua gestão à frente do Banco Central Europeu (Ralph Orlowski/File Photo/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 06h37.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2020 às 07h01.

São Paulo — Um dos maiores empecilhos dos países no combate ao aquecimento global é como estimular o financiamento para empresas e projetos que promovam a transição para um modelo econômico mais limpo no mundo.

É com base nessa ideia que o presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, lançará nesta quinta-feira uma estratégia de “finanças verdes”, com propostas para que o setor financeiro mundial possa contribuir mais para conter as mudanças climáticas e seus prejuízos.

A proposta de Carney será apresentada em um evento em Londres nesta quinta, que terá a participação de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu e ex-chefe do Fundo Monetário Internacional. Ela também deve falar sobre o assunto no evento.

O lançamento faz parte da agenda de atividades que antecedem a próxima Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP26, que neste ano está sendo organizada pelo Reino Unido e acontecerá na cidade de Glasgow, na Escócia, em novembro.

Por causa do papel central do Reino Unido no sistema financeiro global, o governo britânico tem buscado estimular os investimentos em projetos ambientalmente sustentáveis, promovendo uma postura cada vez mais ativa das instituições financeiras do país no combate às mudanças climáticas.

No fim do ano passado, Carney foi nomeado pelas Nações Unidas como o enviado especial para as ações do clima e das finanças. Recentemente, ele também se tornou o principal conselheiro financeiro da COP26, a pedido do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Enquanto isso, Lagarde, no cargo há menos de quatro meses, vem tentando se aproximar dos cidadãos europeus à medida em que planeja novos movimentos na política monetária. O BCE anunciou no começo desta semana que está lançando uma turnê para coletar comentários de cidadãos da zona do euro.

A própria Lagarde participará do lançamento da campanha nas prefeituras — apelidada de “BCE Escuta”. Cada um dos 19 bancos centrais nacionais da zona euro foi instruído a realizar pelo menos uma dessas reuniões neste ano. “Queremos ouvir as opiniões, expectativas e preocupações do público com a mente aberta”, disse Lagarde em comunicado.

A iniciativa ilustra uma mudança acentuada de estilo para o BCE sob Lagarde, uma ex-política com tendência a relações públicas que substituiu Mario Draghi como presidente do banco central da zona do euro em novembro. É também uma indicação do dilema em que o BCE se encontra sobre a adequação dos dados de inflação que usou para justificar trilhões de euros em estímulo monetário para apoiar a economia da Europa.

Com o lançamento da proposta de Carney nesta quinta, é possível que o sistema financeiro possa dar um passo na direção de um novo modelo de financiamento mais adequado aos desafios climáticos do mundo atual.

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalBCEEuropaExame HojeMeio ambiente

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado