A man bangs a cooking pot during a protest against Venezuelan President Nicolas Maduro's government in Valencia, Carabobo state, Venezuela on July 29, 2024, a day after the Venezuelan presidential election. Protests erupted in parts of Caracas Monday against the re-election victory claimed by Venezuelan President Nicolas Maduro but disputed by the opposition and questioned internationally, AFP journalists observed. (Photo by Juan Carlos HERNANDEZ / AFP) (Carlos HERNANDEZ / AFP)/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 31 de julho de 2024 às 06h40.
Até o momento, os protestos na Venezuela causaram a morte de 12 pessoas e dezenas de pessoas presas. Desde segunda-feira, 29, milhares de pessoas estão nas ruas protestando contra o resultado da eleição de domingo, 28, divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e que anunciou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato de seis anos.
Apoiadores de Edmundo González Urrutia, candidato pela Plataforma Unitária (PUD) e da líder opositora María Corina Machado se concentraram em Caracas e em outras cidades venezuelanas para contestar o resultado do pleito.
"Devemos permanecer nas ruas, não podemos permitir que nos roubem os votos tão descaradamente. Isso precisa mudar", disse a administradora Carley Patiño, de 47 anos, à AFP.
Liderada por María Corina Machado, a oposição afirma ter provas da sua vitória. Ela afirma possuir cópias de 84% das atas, que provariam a fraude, e as publicou em um site.
A comunidade internacional pressiona por uma recontagem transparente dos votos.
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Joe Biden, conversaram por telefone na terça-feira, 30, para falar sobre a situação no país e pediram a apresentação das atas de votação "de forma imediata", ressaltando que as eleições na Venezuela representam “um momento crítico para a democracia no hemisfério”.
Para o Carter Center, as eleições presidenciais não seguiram "parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral".
"Não pode ser considerada democrática", afirma um comunicado divulgado pelo Centro Carter, convidado pelo CNE para observar as eleições.
O Peru reconheceu González Urrutia como o presidente eleito "legítimo" da Venezuela. "É evidente que a vontade de fraude existe (por parte do governo venezuelano). O senhor (Edmundo) González é o presidente eleito da Venezuela, essa é a posição do governo peruano", declarou o chanceler Javier González-Olaechea à rádio RPP.
Em seguida, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, anunciou na rede social X o rompimento das relações com Peru "após as declarações temerárias do chanceler peruano que ignoram a vontade do povo venezuelano e a nossa Constituição".
Durante a manifestação em Caracas, González Urrutia pediu que os militares mantenham a calma. "Senhores das Forças Armadas: não há razão para reprimir o povo da Venezuela, não há motivo para tanta perseguição", disse.
Maduro responsabilizou González Urrutia e Machado pela violência nas manifestações e garantiu que "a justiça vai chegar".
"Responsabilizo o senhor, González Urrutia, por tudo o que está acontecendo na Venezuela, pela violência criminosa, pelos delinquentes, pelos feridos, pelos mortos, pela destruição", disse na terça-feira.
"A justiça será feita contra diabos e demônios. Haverá justiça. Saia da sua guarida, senhor covarde!", gritou o presidente mais tarde referindo-se a Urrutia e María Corina, diante de centenas de apoiadores que se concentraram em frente ao palácio presidencial Miraflores.
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, também atribuiu os protestos pós-eleitorais a González Urrutia e María Corina Machado, que segundo ele "deveriam ser detidos".
"María Corina e Edmundo devem ser detidos. Não negociamos com o fascismo, aplicamos todo o rigor das leis da República", disse durante uma sessão da Assembleia Nacional.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, e o responsável pela diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, pediram respeito à manifestação pacífica dos opositores.
A ONG de defesa dos direitos humanos Foro Penal contabiliza pelo menos 11 civis mortos nos protestos, incluindo dois menores de idade.
"Preocupa-nos o uso de armas de fogo nestas manifestações. O fato de terem ocorrido 11 mortes em um único dia é um número alarmante", considerou Alfredo Romero, diretor da Foro Penal.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, também relatou a morte de um militar e anunciou que 749 pessoas foram detidas.
A ONG 'Encuesta Nacional de Hospitales' informou que 84 civis ficaram feridos nos protestos, enquanto o Ministério da Defesa mencionou que 23 militares sofreram ferimentos.
O líder opositor Freddy Superlano foi detido na terça-feira preso hoje, no que a oposição chamou de "escalada repressiva". O seu partido, Vontade Popular, denunciou a "torturas" para "obrigá-lo a confessar o falso plano montado pelos porta-vozes do regime".
As Forças Armadas, principal apoio do governo, expressou "lealdade absoluta e apoio incondicional" a Maduro, declarou o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, que respaldou a tese de golpe contra o presidente.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu que aqueles que questionam e denunciam uma fraude eleitoral "não metam o nariz" nos assuntos internos da Venezuela os que questionam e, inclusive, denunciam fraudes nas eleições.
Na Cidade do México, centenas de venezuelanos denunciaram a "fraude" eleitoral.
Antes de romper relações com o Peru, Caracas expulsou o corpo diplomático deste país, assim como os da Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, República Dominicana e Uruguai, em resposta ao que considera "ações intervencionistas" desses países
Seis colaboradores de María Corina estão refugiados há seis semanas na embaixada argentina. A líder de oposição denunciou um cerco policial à sede diplomática.
A Argentina afirmou que se trata de "assédio" contra sua sede diplomática.