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Eliminação progressiva de combustíveis fósseis é fundamental para o sucesso da COP28, diz Guterres

Em coletiva de imprensa, secretário-geral da ONU trouxe o assunto que movimentou, até aqui, a conferência do clima

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 11 de dezembro de 2023 às 05h30.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 08h07.

DUBAI, EMIRADOS ÁRABES UNIDOS - O Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, considera que incluir uma eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis é um "aspecto central" para o sucesso da Conferência do Clima da ONU, a COP28.

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"A COP cobre muitos valores, mas um aspecto central na minha opinião para o sucesso da COP será que alcançar um acordo para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis em uma linha do tempo que esteja em linha com o limite de 1,5º", disse Guterres durante coletiva de imprensa na COP28 nesta segunda-feira, 11.

Isso não significa que todos os países precisem eliminar o uso de combustíveis fósseis ao mesmo tempo. "O princípio de responsabilidades compartilhadas se aplica", afirmou. "Mas significa que globalmente a eliminação progressiva precisa ser compatível com [os objetivos de ser] net zero em 2050 e limite de 1,5º de aumento de temperatura."

Segundo Guterres, os países precisam se comprometer para chegar a uma solução durante as negociações. "A descarbonização criará milhares de novos empregos, mas os governos precisam apoiar, treinar e garantir a proteção social para aqueles que possam ser negativamente impactados", disse. 

Ao mesmo tempo, alertou, as necessidades dos países em desenvolvimento altamente dependentes de combustíveis fósseis precisam estar na equação. "Mas é essencial que o Global Stocktake reconheça a necessidade de eliminar os combustíveis fósseis em uma linha do tempo compatível", afirmou.

Perdas econômicas

Como EXAME mostrou, a questão do petróleo se tornou o centro das atenções da COP28. Na prática, a negociação na COP28 é se o acordo final entre os quase 200 países incluirá -- ou não -- extinguir o uso de combustíveis fósseis até 2050 -- e em qual ritmo e com quais datas estipuladas para isso.

Um ponto que trava o debate é a potencial econômica de se fazer isso, especialmente para países em desenvolvimento. Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) destaca as preocupações de 40 países altamente dependentes de combustíveis fósseis, cujas economias estão fortemente ligadas a esses recursos. Deles, 31 são de baixa ou média renda. 

"Em média, esses países geram 14,3% do PIB em rendas provenientes de combustíveis fósseis anualmente, respondem por mais de 60% das exportações e provavelmente mais de um terço da receita total do governo", diz o documento. "Sob um cenário ambicioso de descarbonização global, esse grupo de países pode perder mais de 60%, ou entre $12-14 trilhões (ajustados pelo valor presente), apenas em rendas de petróleo no período de 2023-2040 em comparação com um cenário de 'negócios como de costume'."

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