Barack Obama (D) e Mitt Romney se encaram no último debate presidencial dos EUA em 22 de outubro em Boca Ratón, Flórida (Jewel Samad/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2012 às 21h07.
Miami (EUA.) - A apenas um dia das eleições nos Estados Unidos, os candidatos à Presidência, Barack Obama e Mitt Romney, aparecem empatados nas pesquisas em mais de dez estados chamados ''swing states'', ou ''indecisos'', entre os quais a Flórida é o que mais pode alterar o resultado eleitoral.
Esse empate, que se estende ao país como um todo, traz ainda mais drama ao pleito, especialmente entre os que regulam os períodos de votação antecipada e as partes interessadas em incentivar ou desestimular os cidadãos a ter fácil acesso ao voto.
Um claro exemplo dessa tensão ocorreu no fim de semana na Flórida, onde o período de votação antecipado foi diminuído neste ano de 14 para 8 dias, até o sábado. Em alguns locais de Miami, os eleitores esperaram mais de oito horas para depositar sua cédula.
Os democratas, que geralmente são beneficiados com o voto antecipado neste estado, apresentaram no domingo um processo contra o estado da Flórida, regido por republicanos, acusando-os de querer dificultar a ida às urnas.
O voto antecipado é importante para trabalhadores que não podem se ausentar na terça-feira em seus empregos, e há até mesmo igrejas que aproveitam o domingo anterior às eleições para levar seus fiéis a votar.
Além da redução do período para votação antecipada, os eleitores da Flórida terão pela frente uma das cédulas mais longas da história do estado.
''Tentei votar (por antecipação), mas havia muita gente e fui embora'', disse à Agência Efe Carl Pascuzzi, um empresário residente em Miami que se queixou que ''teve que dedicar muito tempo para ler sobretudo o que se vota'', já que ''perguntam muitas coisas, e a linguagem do conteúdo é muito difícil de entender''.
O voto antecipado foi permitido hoje no sul da Flórida durante várias horas, da mesma forma que no domingo, depois de terem ocorrido protestos por parte de cidadãos que queriam ir á urnas antes de terça-feira, explicou à Efe Rosy Pastrana, porta-voz do departamento de eleições do condado de Miami-Dade.
Essa tensão é reflexo de tudo o que está em jogo na Flórida, o estado ''indeciso'' - como é conhecido todo aquele que não têm uma clara preferência por um candidato - que mais votos no colégio eleitoral possui: 29 dos 270 que necessários para se chegar à Casa Branca.
Segundo as pesquisas, Obama já tem garantidos 237 votos nos EUA, graças a uma clara vantagem em diversos estados; e Romney tem certos 191. Os votos restantes são disputados nesses estados indecisos.
Caso vença na Flórida e no também indeciso estado da Carolina do Norte (15 votos no Colégio Eleitoral), Romney conseguiria 44 dos 100 votos dos ''swing states''.
As pesquisas apontam que Obama ganharia, no entanto, no Colorado (9) e em Iowa (6), Nevada (6), New Hampshire (4), Wisconsin (10), Virgínia (13) e Ohio (18), que lhe dariam 66 votos adicionais.
No entanto, a estas alturas e com pesquisas com resultados tão apertados, qualquer um destes estados pode mudar amanhã facilmente de lado. Por exemplo, se em Ohio, Virgínia e Wisconsin, além da Flórida e da Carolina do Norte ganhar Romney, o republicano substituiria Obama na Casa Branca.
Em Ohio, estado que neste ano recebe especial atenção, por enquanto o voto é pró-Obama, como no pleito de 2008, mas ninguém se atreve a dar este prognóstico como garantido.
Lá, a tensão nas urnas também ocorre através do voto antecipado, que permitido até hoje. As filas tem sido notáveis desde que os republicanos conseguiram reduzir de cinco para um os fins de semana nos quais seria possível votar antes de 6 de novembro.
Embora não apareça na lista tradicional de estados indecisos, a Pensilvânia está começando a atrair a atenção também dos analistas, já que dá 20 votos no Colégio Eleitoral e, embora no pleito anterior Obama tenha vencido lá, as pesquisas agora mostram resultados apertados.
Com este cenário na véspera das eleições, nos EUA aumentam os temores de que conflitos sobre apuração ou validade de votos levem a situações tão estranhas como a de 2000. Naquele ano, as dificuldades na apuração da Flórida fizeram com que fossem necessárias cinco semanas e a intervenção da Suprema Corte para proclamar George W. Bush como ganhador.