Javier Milei, candidato à presidente, ao lado de Victoria Villarruel, candidata à vice na mesma chapa (Luis Robayo/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 12 de novembro de 2023 às 07h01.
Última atualização em 12 de novembro de 2023 às 21h18.
O deputado Javier Milei e o ministro Sergio Massa, que disputam a presidência na eleição da Argentina, fazem neste domingo, 12, o único debate do segundo turno na TV.
O encontro começará às 21h (hora de Brasília), deve durar cerca de duas horas e será realizado na Faculdade de Direito da UBA (Universidade de Buenos Aires). O programa será transmitido em formato de pool, por várias emissoras de rádio e TV. A CNE (Câmara Nacional Eleitoral) também exibirá o encontro. Assista abaixo:
As pesquisas mostram os dois candidatos praticamente empatados dentro das margens de erro, com vantagem para Milei em alguns dos estudos. Assim, o debate poderá ser um momento-chave na disputa do segundo turno, que será realizado no próximo domingo, dia 19. Veja a seguir quatro pontos para prestar atenção no encontro, que podem jogar luz sobre as vantagens e desafios de cada candidato:
Milei enfrenta o desafio de todo candidato radical: o quanto moderar o discurso para atrair eleitores moderados sem perder sua base fiel?
Na campanha do segundo turno, ele fez um movimento forte em direção à política tradicional: recebeu apoio e fez um acordo com o ex-presidente Mauricio Macri, de centro-direita, que governou o país de 2015 a 2019. Também recebeu apoio firme de Patricia Bullrich, que ficou em terceio lugar na disputa.
No entanto, Milei defende ideias radicais, como acabar com o Banco Central, que são apontadas por economistas como inviáveis e capazes de piorar a crise na Argentina. Massa deve confrontar o adversário sobre isso, e Milei poderá demonstrar o quão segue apegado a essas ideias.
Atual ministro da Economia da Argentina, Massa ainda não deixou claro qual é seu plano para fazer a Argentina sair da crise, que soma inflação alta, falta de moeda estrangeira e desvalorização forte do peso.
Seu programa de governo defende criação de empregos com bons salários, apoio a empreendedores, desenvolvimento de novas tecnologias e a busca de superávit fiscal e comercial, mas ainda falta aclarar o que ele faria de diferente na prática caso seja eleito presidente, já que hoje, como ministro, tem plenos poderes no governo.
Milei deve apertar Massa sobre sua responsabilidade em relaçâo à crise atual, e o ministro terá de mostrar confiança sobre o caminho que pretende seguir.
Na campanha, Massa deixou de lado a vice-presidente Cristina Kirchner e tenta se colocar como um nome quase independente do governo, embora faça parte dele.
Milei tenta colar em Massa a imagem de político ligado ao kirchnerismo, que governou o país por mais de uma década e não resolveu vários problemas do país. O candidato de esquerda precisará achar um meio-termo entre reafirmar sua independência mas sem atacar de fato aliados políticos de longa data.
Milei tem como símbolo de campanha uma motossera, que usará para cortar gastos públicos se for eleito. Só que isso significa abrir mão de subsídios e programas sociais que os argentinos recebem há muitos anos, e isso geraria uma elevação súbita do custo de vida.
Na campanha, Massa tem se colocado como defensor de um Estado que dá apoio aos cidadãos e diz que a vida dos argentinos comuns ficará mais cara se Milei vencer. A ver como o ultraliberal responderá a essas críticas.