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Eleição venezuelana testa legado socialista de Chávez

Revolução socialista autoproclamadada por Chávez será posta à prova na votação para escolha de um novo presidente no domingo

Presidente em exercício da Venezuela e candidato, Nicolas Madura cumprimenta seus simpatizantes durante um comício no estado de Falcon (Miraflores Palace/Divulgação)

Presidente em exercício da Venezuela e candidato, Nicolas Madura cumprimenta seus simpatizantes durante um comício no estado de Falcon (Miraflores Palace/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2013 às 11h19.

Caracas - A revolução socialista autoproclamada por Hugo Chávez na Venezuela será posta à prova na eleição presidencial de domingo, em que seu herdeiro político enfrenta um rival mais jovem, que promete mudanças numa nação polarizada.

A maioria das pesquisas aponta uma expressiva vantagem para o presidente interino Nicolás Maduro, que foi apontado por Chávez como seu herdeiro político e se beneficia da comoção popular causada pela morte do ex-presidente, em março.

O ex-motorista de ônibus e ex-sindicalista, de 50 anos, promete ser fiel às políticas socialistas do chavismo, e copia na campanha a agressiva retórica do seu mentor.

"Vocês querem que um membro da burguesia rançosa vença?", gritou Maduro em um dos seus comícios de encerramento de campanha. "Ou vocês querem um trabalhador, filho de Chávez, e um revolucionário? Vocês decidem!" O candidato de oposição Capriles, de 40 anos, governador do Estado de Miranda, diz que os venezuelanos precisam de uma mudança após as divisões causadas pelos 14 anos do governo de Chávez. Ele espera que um último fôlego o leve à vitória -- algo que analistas consideram improvável.

Está em jogo na eleição o controle das maiores reservas mundiais de petróleo, a ajuda econômica a vários outros países latino-americanos com governos de esquerda, e o legado do próprio socialismo chavista.

Em todos os seus atos de campanha, Maduro exibe um vídeo em que Chávez, na sua última aparição pública, pede aos venezuelanos que votem no seu então vice caso ele não pudesse mais exercer a Presidência.

Se Maduro confirmar o favoritismo, terá desde o primeiro dia o desafio de controlar uma complicada coalizão de governo, agora sem a personalidade dominante do antecessor.

Para Capriles, o cenário seria ainda mais complexo, já que ele precisaria superar a animosidade dos milhões de chavistas fanáticos -- o que inclui um grande número de empregados de empresas estatais.

Em todos os seus comícios, Capriles nega ter a intenção de cancelar as "missões" -- programas sociais financiados pelos rendimentos petrolíferos, fator crucial para a popularidade do falecido presidente.


Capriles foi derrotado por Chávez numa eleição presidencial em outubro passado. Desta vez, ele abandonou o tom respeitoso que demonstrava pelo presidente e passou a fazer ataques mais agressivos contra seus rivais, a quem chamou de "revolucionários da boca para fora", insinuando casos de corrupção.

Já Maduro tenta retratar o adversário como um playboy mimado, que representaria a rica e fútil elite venezuelana, e também os seus "imperiais" apoiadores norte-americanos.

Laços com Chávez

Capriles, de origem materna judaica, vem de uma família rica, mas tenta projetar a imagem de homem do povo, percorrendo favelas com sua moto e quase sempre usando boné de beisebol, o esporte mais popular da Venezuela.

Já Maduro, que depois de ser sindicalista se tornou chanceler e vice de Chávez, busca sempre valorizar suas raízes humildes, e frequentemente chama ao palanque ex-colegas de trabalho.

O candidato também aproveita todas as oportunidades para alardear sua ligação com Chávez, chegando a dizer que o falecido líder lhe apareceu na forma de um passarinho.

Em outro momento surreal, Maduro alertou que os eleitores do rival atrairão para si uma maldição centenária -- um aviso que evoca o forte sincretismo entre crenças animistas e cristãs nas savanas e selvas da Venezuela.

Numa nação onde a retórica agressiva de Chávez contribuiu para alimentar uma profunda desconfiança entre seus apoiadores e a oposição, os dois campos políticos se acusam repetidamente de realizar manobras antiéticas e de fomentar planos violentos.

Os chavistas frequentemente acusam a oposição de tramar uma repetição do golpe que afastou Chávez do poder por alguns dias em 2002; já os partidários de Capriles afirmam que o governo está usando desavergonhadamente os recursos públicos para tentar assegurar a vitória de Maduro.

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