Eleição na Turquia: Erdogan lidera votação com mais de 98% das urnas apuradas
Com participação eleitoral de 85,41%, mais cedo neste domingo, Erdogan pediu a seus apoiadores “que fiquem nas urnas até que os resultados sejam finalizados”
Redação Exame
Publicado em 28 de maio de 2023 às 15h52.
Última atualização em 28 de maio de 2023 às 16h00.
Na eleição presidencial da Turquia neste domingo, 28, o atual presidente Recep Tayyip Erdogan segue na liderança, de acordo com resultados preliminares. Com 99,08% das cédulas apuradas, Erdogan obteve 52,07% dos votos, enquanto Kemal Kilicdaroglu, líder da oposição, acumulou 47,93%.
Estes dados, ainda não oficiais, são oriundos da agência estatal Anadolu, que também relata uma participação eleitoral de 85,41%. Erdogan, buscando prorrogar seu mandato, instou seus apoiadores a permanecerem vigilantes nas urnas.
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“É o momento de proteger a vontade do povo, altamente estimada”, publicou Erdogan no Twitter. Todo cidadão turco tem o direito de acompanhar a contagem dos votos, uma tradição local.
Faik Oztrak, porta-voz do Partido Republicano do Povo (CHP), a principal oposição, enviou uma mensagem cautelosa a Erdogan. "Ninguém deve turvar as águas com discursos precipitados", advertiu Oztrak, apontando para a necessidade de aguardar resultados oficiais.
Na primeira rodada de votação, em 14 de maio, Erdogan conquistou uma vantagem de quase cinco pontos sobre Kilicdaroglu, mas não alcançou os 50% necessários para a vitória. Contudo, seu bloco parlamentar ganhou a maioria das cadeiras na corrida do mesmo dia. Erdogan, que votou em Istambul, reafirmou a importância democrática desta eleição para a Turquia.
Estratégia de Erdogan para vencer a eleição
Erdogan é favorito mesmo diante da disparada na inflação e do congelamento da taxa de juros. Seu partido já conquistou a maioria no parlamento, e o candidato que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, Sinan Ogan, que obteve 5,2% dos votos, declarou apoio ao atual presidente.
Como estratégia para enfraquecer o opositor, Erdogan tem apostado em pintar Kilicdaroglu como próximo ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) para enfraquecê-lo entre os nacionalistas religiosos.
Para o colunista da EXAME, Maurício Moura,é importante esmiuçar os motivos da popularidade de Erdogan. Em sue recente artigo na edição de maio da revista, o CEO do IDEIA Big Data escreve que o primeiro pilar da estratégia de Erdogan é a aposta pesada no populismo econômico, conhecido na Turquia como "Erdonomics".
"Ao contrário da governança macroeconômica básica, o presidente da Turquia escolheu, via política, forçar uma queda das taxas de juro com a inflação em constante alta." Ele cita como exemplo o programa de crédito imobiliário a juros irrisórios e a aprovação de uma lei que permitiu 2 milhões de turcos a anteciparem suas aposentadorias.
Erdogan também mirou seus esforços no eleitorado mais conservador com umanarrativa pró-islâmica alimentada por ele. Esse eleitorado fica fora dos grandes centros urbanos e se sentia excluído pela elite secular que governou a Turquia por décadas, observa Moura.