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Eleição em Israel é vista como referendo sobre Netanyahu

Netanyahu, que atuou 13 anos como primeiro-ministro, mudou o cenário político de Israel e seu papel no cenário mundial

Primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu: "Seguiremos adiante com a próxima fase. Sim, estenderei a soberania" (Abir Sultan/Reuters)

Primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu: "Seguiremos adiante com a próxima fase. Sim, estenderei a soberania" (Abir Sultan/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de abril de 2019 às 16h03.

Tel-Aviv - A busca do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por um quinto mandato tornou-se um referendo sobre se os israelenses consideram ou não que já tiveram o suficiente dele depois de duas décadas na vida pública e uma série de alegações de corrupção. Mas, mesmo que ele perca, os israelenses seguirão vivendo em um país irrevogavelmente transformado por suas políticas.

A maioria das pesquisas eleitorais mostra uma situação fluida antes da eleição de terça-feira, com o principal desafiante de Netanyahu, o ex-general Benny Gantz, propenso a conquistar mais assentos com uma mensagem focada na fadiga dos eleitores e alegações de corrupção. Mas os pequenos partidos de direita devem se sair bem o suficiente para colocar Netanyahu em melhor posição para montar uma coalizão governamental, permitindo que ele supere David Ben-Gurion como o premiê que mais tempo ficou no poder no país.

Netanyahu, que atuou 13 anos como primeiro-ministro, mudou o cenário político de Israel e seu papel no cenário mundial, contribuindo para e se beneficiando de uma guinada para a direita no país. Com o apoio judaico-israelense a um Estado palestino nos níveis mais baixos em 20 anos, seus oponentes têm pouco interesse em uma grande mudança de direção.

Uma vitória fortaleceria seu status como líder mundial e histórica figura política israelense. O premiê fez campanha como estadista, encontrando-se com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para insistir que ele é indispensável. "Isso vai acabar sendo um referendo sobre Netanyahu porque ele fez isso; ele está dizendo: 'Eu sou o único que pode jogar nesse nível internacionalmente'", disse Reuven Hazan, professor de ciência política na Universidade Hebraica.

A agulha moveu-se tanto durante seus 13 anos como premiê que políticas antes polêmicas não são questões importantes em sua tentativa de reeleição. Pesquisas mostram que a maioria dos eleitores judeus concorda com ele quando diz que Jerusalém será a capital indivisa de Israel, o Vale do Jordão reivindicado pelos palestinos permanecerá sob o controle de Israel e que Israel manterá grandes blocos de assentamentos.

No sábado, ele disse em uma entrevista que estenderia a soberania israelense sobre partes da Cisjordânia se for reeleito, uma mudança política importante que agitaria a oposição árabe e representaria um teste para a pressão do presidente Trump pela paz regional.

Gantz, ex-chefe de gabinete do Exército de Netanyahu, disparou nas pesquisas de opinião oferecendo-se como uma alternativa, embora as últimas pesquisas divulgadas na sexta-feira mostrem disputa acirrada. Ele atacou Netanyahu por causa de acusações de subornos e fraude que o premiê enfrenta em três investigações sobre corrupção e disse que o governo não trabalha mais para seus cidadãos. Netanyahu nega as acusações e as chama politicamente motivadas. "Chega de Bibi", é o slogan por trás do mais recente anúncio televisivo de Gantz, lançado na semana passada. O anúncio apresenta queixas israelenses comuns sobre cuidados de saúde e tráfego - questões que os oponentes dizem ser ignoradas por Netanyahu.

Sob pressão do então presidente dos EUA Barack Obama em 2009, Netanyahu concordou com o congelamento de assentamentos palestinos e manifestou apoio a um Estado palestino, mas desde as eleições de 2015 prometeu que não permitirá a existência de um. Gantz evitou discutir um Estado palestino, mas tentou injetar esperanças no processo dizendo que conversaria com líderes árabes sobre estabilidade e "o processo de separação dos palestinos". Ele havia dito que emendaria uma lei controversa aprovada no ano passado que consagra que Israel é um Estado-nação judeu, uma medida que os árabes-israelenses - 20% da população - dizem que os torna cidadãos de segunda classe.

Alguns eleitores do Likud disseram que estão considerando apoiar Gantz ou partidos menores - não para expulsar Netanyahu, mas para tentar enviar uma mensagem que ele deveria ser mais moderado. Hank Citron, 82 anos, um partidário de Netanyahu da cidade de Netanya, na costa central israelense, disse esperar que Gantz se saia bem o suficiente para que Netanyahu o coloque no governo e mude de rumo. Citron disse que partes da vida de Israel foram negligenciadas. "A questão principal sempre foi a defesa", disse Citron. "Agora é hora de pensar em educação e outras coisas." Fonte: Dow Jones Newswires.

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