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Egípcios protestam e Mursi defende decreto polêmico

Jovens manifestantes incendiaram sedes do islamita Partido Liberdade e Justiça, que Mursi já presidiu, nas cidades de Alexandria, Suez e Ismaília

Manifestantes egípcios invadem a sede do Partido da Liberdade e da Justiça, da Irmandade Muçulmana, em Alexandria (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 17h55.

Cairo - Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas nesta sexta-feira no Cairo e outras cidades egípcias para protestar contra a decisão do presidente do Egito , Mohammed Mursi, de blindar-se perante a Justiça, uma medida que o líder defendeu em discurso perante seus seguidores.

A controvertida declaração constitucional anunciada ontem, pela qual todas as decisões presidenciais ficam fora do escrutínio judicial, estimulou os grupos da oposição não-islamita e associações da sociedade civil a convocar protestos que, em alguns casos, tiveram resultados violentos.

Jovens manifestantes incendiaram sedes do islamita Partido Liberdade e Justiça, que Mursi já presidiu, nas cidades de Alexandria, Suez e Ismaília.

A maior concentração, na emblemática Praça Tahrir do Cairo, transcorreu de maneira relativamente pacífica, mas também foram registrados alguns choques entre a polícia e os manifestantes, que lançaram pedras contra as forças de segurança que protegiam as câmaras do Parlamento.

Segundo disseram à Agência Efe fontes da segurança egípcia, mais de 200 pessoas ficaram feridas durante o dia no Cairo e outras 70 em Alexandria.

O Ministério do Interior assinalou em comunicado que oito policiais, entre eles um general, também ficaram feridos nos confrontos.

Uma manifestante em Tahrir, que se identificou como Nermin e é membro do partido Al Dostur, contou à Efe que se uniu aos protestos porque ''nasceu um novo ditador e depois da Revolução de 25 de Janeiro (de 2011, na qual foi derrubado o presidente Hosni Mubarak) ninguém tem direito a tomar todos os poderes''.


''Não vamos embora daqui até que Mursi saia, nos peça perdão e retire a declaração constitucional'', ressaltou Nermin.

Não muito longe de Tahrir, perto do palácio presidencial, Mursi apareceu em público pela primeira vez desde que ditou seu decreto, rodeado por seus seguidores, em cima de um palco montado por seu antigo partido.

Ali, defendeu que nunca foi sua intenção acumular poderes, mas que se vir o país em perigo ''fará o que for necessário'' com o objetivo, disse, de conseguir a estabilidade política, econômica e social.

Em sua declaração presidencial, Mursi também decretou que a Assembleia Constituinte e a Câmara Alta não podem ser dissolvidas pelos tribunais.

Imerso em uma guerra aberta com o Poder Judiciário, Mursi acusou ''os que se escondem atrás dos juízes'' de querer descarrilar a transição à democracia.

''Não gosto nem quero utilizar procedimentos excepcionais, mas se vejo que meu país está em perigo farei-o, porque é meu dever'', assinalou, ao tempo que assegurou que estende a mão à ''oposição real''.

''Respeitamos a justiça, porque nela há muitos indivíduos limpos, mas estamos contra os que se escondem atrás dela. Nós os desmascararemos, que não pensem que não os vemos'', acrescentou.


Estas polêmicas decisões abalaram a credibilidade do primeiro presidente do Egito eleito democraticamente, não só entre seus adversários, mas inclusive entre pessoas próximas a ele.

Um dos quatro assessores presidenciais, o cristão copta Samir Morqos, declarou à Efe sua demissão ''definitiva e irrevogável'' motivada pelas decisões de Mursi, que ''foram uma surpresa e tomadas sem consulta prévia aos assessores''.

Já o islamita moderado e ex-candidato presidencial Abdel Moneim Abul Futuh, criticou duramente o presidente através de sua conta no Twitter.

''A revolução explodiu contra o poder individual absoluto, e emendar um processo revolucionário no meio de um pacote de decisões ditatoriais é uma derrota para a revolução'', disse Abul Futuh, em referência ao decreto, também anunciado ontem, que ordena a repetição dos julgamentos contra os responsáveis da morte de manifestantes.

Enquanto isso, o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq, que foi derrotado no segundo turno das eleições presidenciais por Mursi, divulgou um comunicado no qual advertiu que o líder ''pagará um alto preço'' pelo decreto.

''O presidente, com suas resoluções, destruiu as bases do Estado, monopolizou de maneira absoluta o poder e insultou 90 milhões de egípcios'', ressaltou Shafiq, acrescentando que o texto transforma Mursi em ''uma criatura extraterrestre, que não pode ser criticada ou processada pela Justiça''.

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A controvertida declaração constitucional anunciada ontem, pela qual todas as decisões presidenciais ficam fora do escrutínio judicial, estimulou os grupos da oposição não-islamita e associações da sociedade civil a convocar protestos que, em alguns casos, tiveram resultados violentos.

Jovens manifestantes incendiaram sedes do islamita Partido Liberdade e Justiça, que Mursi já presidiu, nas cidades de Alexandria, Suez e Ismaília.

A maior concentração, na emblemática Praça Tahrir do Cairo, transcorreu de maneira relativamente pacífica, mas também foram registrados alguns choques entre a polícia e os manifestantes, que lançaram pedras contra as forças de segurança que protegiam as câmaras do Parlamento.

Segundo disseram à Agência Efe fontes da segurança egípcia, mais de 200 pessoas ficaram feridas durante o dia no Cairo e outras 70 em Alexandria.

O Ministério do Interior assinalou em comunicado que oito policiais, entre eles um general, também ficaram feridos nos confrontos.

Uma manifestante em Tahrir, que se identificou como Nermin e é membro do partido Al Dostur, contou à Efe que se uniu aos protestos porque ''nasceu um novo ditador e depois da Revolução de 25 de Janeiro (de 2011, na qual foi derrubado o presidente Hosni Mubarak) ninguém tem direito a tomar todos os poderes''.


''Não vamos embora daqui até que Mursi saia, nos peça perdão e retire a declaração constitucional'', ressaltou Nermin.

Não muito longe de Tahrir, perto do palácio presidencial, Mursi apareceu em público pela primeira vez desde que ditou seu decreto, rodeado por seus seguidores, em cima de um palco montado por seu antigo partido.

Ali, defendeu que nunca foi sua intenção acumular poderes, mas que se vir o país em perigo ''fará o que for necessário'' com o objetivo, disse, de conseguir a estabilidade política, econômica e social.

Em sua declaração presidencial, Mursi também decretou que a Assembleia Constituinte e a Câmara Alta não podem ser dissolvidas pelos tribunais.

Imerso em uma guerra aberta com o Poder Judiciário, Mursi acusou ''os que se escondem atrás dos juízes'' de querer descarrilar a transição à democracia.

''Não gosto nem quero utilizar procedimentos excepcionais, mas se vejo que meu país está em perigo farei-o, porque é meu dever'', assinalou, ao tempo que assegurou que estende a mão à ''oposição real''.

''Respeitamos a justiça, porque nela há muitos indivíduos limpos, mas estamos contra os que se escondem atrás dela. Nós os desmascararemos, que não pensem que não os vemos'', acrescentou.


Estas polêmicas decisões abalaram a credibilidade do primeiro presidente do Egito eleito democraticamente, não só entre seus adversários, mas inclusive entre pessoas próximas a ele.

Um dos quatro assessores presidenciais, o cristão copta Samir Morqos, declarou à Efe sua demissão ''definitiva e irrevogável'' motivada pelas decisões de Mursi, que ''foram uma surpresa e tomadas sem consulta prévia aos assessores''.

Já o islamita moderado e ex-candidato presidencial Abdel Moneim Abul Futuh, criticou duramente o presidente através de sua conta no Twitter.

''A revolução explodiu contra o poder individual absoluto, e emendar um processo revolucionário no meio de um pacote de decisões ditatoriais é uma derrota para a revolução'', disse Abul Futuh, em referência ao decreto, também anunciado ontem, que ordena a repetição dos julgamentos contra os responsáveis da morte de manifestantes.

Enquanto isso, o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq, que foi derrotado no segundo turno das eleições presidenciais por Mursi, divulgou um comunicado no qual advertiu que o líder ''pagará um alto preço'' pelo decreto.

''O presidente, com suas resoluções, destruiu as bases do Estado, monopolizou de maneira absoluta o poder e insultou 90 milhões de egípcios'', ressaltou Shafiq, acrescentando que o texto transforma Mursi em ''uma criatura extraterrestre, que não pode ser criticada ou processada pela Justiça''.

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