Mundo

Economia verde não é solução para crise ambiental, diz Abong

A Associação Brasileira de ONGs participará da Cúpula dos Povos, evento que ocorrerá paralelamente à Rio+20

“A gente quer mostrar que existem verdadeiras soluções que vão atacar diretamente as causas", disse diretor da Abong (Orlando Sierra/AFP)

“A gente quer mostrar que existem verdadeiras soluções que vão atacar diretamente as causas", disse diretor da Abong (Orlando Sierra/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de março de 2012 às 09h17.

Rio de Janeiro - O grupo articulador do Comitê Facilitador da Sociedade dos Povos para a Rio+20 criticou a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de ter assumido a economia verde como a grande solução para a crise ambiental atual.

O Comitê Facilitador está preparando a programação de atividades da Cúpula dos Povos, evento que ocorrerá paralelamente à Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho, no Rio de Janeiro.

“A gente espera que, até a realização da Rio+20, os representantes dos países consigam mudar a proposta do rascunho zero (draft zero), que coloca toda a saída no mercado”, disse à Agência Brasil o diretor da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Ivo Lesbaupin. A entidade participa do grupo de articulação do comitê.

“A gente quer mostrar que existem verdadeiras soluções que vão atacar diretamente as causas. Por exemplo, mudar a matriz energética dos combustíveis fósseis para energias renováveis, como eólica (dos ventos), solar”.

A Cúpula dos Povos vai lutar pela justiça social e ambiental. Ivo Lesbaupin disse que uma das ideias que vêm sendo discutidas nos últimos anos é que existe na prática uma injustiça ambiental. “Os verdadeiros depredadores da natureza são, sobretudo, os países desenvolvidos, por meio de atividades econômicas que desenvolvem, como a exploração do petróleo ao máximo”.

O diretor lembrou, entretanto, que as consequências dessa destruição da natureza não recaem sobre aqueles que efetuam essas atividades, mas sim sobre as populações mais pobres e os países menos desenvolvidos.

Na Cúpula dos Povos, as organizações não governamentais vão defender a justiça ambiental tanto em nível das relações entre países, como entre regiões e grupos sociais. “Esses que mais depredaram deveriam contribuir mais para o enfrentamento da questão”. Segundo ele, isso não tem ocorrido, muitas vezes, em função da pressão exercida pelas grandes empresas multinacionais em todo o mundo, como as grandes empresas petrolíferas e da área da agricultura.

No setor agrícola, a luta das ONGs é para defender a agricultura orgânica e a agroecológica, “para impedir o avanço de transgênicos”. O diretor destacou que, na Europa, esse tipo de alimento é proibido na maioria dos países, mas as multinacionais pressionam para que eles cedam e deem permissão para o plantio. Ivo Lesbaupin avaliou que os transgênicos são altamente prejudiciais porque tornam a terra estéril depois de alguns anos.

Na área dos transportes, ele acredita que, se os governos nos três níveis (federal, estadual e municipal) investissem em transportes alternativos, em especial transporte sobre trilhos, como trens, metrô e bondes, deixariam de utilizar combustível fóssil. O transporte sobre trilhos é mais seguro, reduz o uso dos carros e diminui a poluição atmosférica, destacou. “Deveria ser um investimento pesado. Mas, no Brasil é o inverso”, disse o diretor da Abong, acrescentando que, no país, “a prioridade é para o transporte rodoviário”.

Lesbaupin observou que, com a ascensão da nova classe média, o governo tem que criar condições para que as pessoas não precisem usar carros para ir ao trabalho e pouco a pouco percebam que o uso de transportes coletivos pode ser melhor para o seu dia a dia. “Pouco a pouco, você vai criando condições para não haver mais esse tipo de poluição”.

Acompanhe tudo sobre:Meio ambienteONGsONURio+20Selos verdes

Mais de Mundo

Exportações da China devem bater recorde antes de guerra comercial com EUA

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"