"É hora de se levantar", diz general venezuelano a militares
Em vídeo, o general Ramón Rangel pediu a união militar contra o governo Maduro, o qual chamou de "ditadura comunista" de Cuba
Reuters
Publicado em 13 de maio de 2019 às 11h07.
Última atualização em 13 de maio de 2019 às 11h08.
Caracas — Um general venezuelano pediu às Forças Armadas que se levantem contra o presidente Nicolás Maduro , que tem contado com o apoio dos militares para se manter no poder, apesar do grave colapso econômico no país.
Ramón Rangel, que se identificou como general de divisão da Força Aérea, disse que o governo venezuelano está sendo controlado pela "ditadura comunista" de Cuba — um dos principais aliados de Maduro.
"Temos que encontrar uma maneira de nos livrar do medo, sair às ruas, protestar e procurar uma união militar para mudar esse sistema político", disse Rangel, vestido de terno e com uma cópia da Constituição na mão, em um vídeo postado no YouTube no domingo. "É hora de se levantar."
Apesar de o pronunciamento de Rangel marcar outro golpe contra Maduro depois de um punhado de deserções semelhantes de altos oficiais este ano, há pouco para indicar que o pronunciamento vai mudar o lado da balança.
Oficiais que abandonaram Maduro fugiram do país e os altos escalões militares — mais notavelmente aqueles que comandam as tropas — continuam a reconhecer Maduro como presidente.
O Ministério da Informação não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. A Reuters também não conseguiu obter comentários de Rangel.
O comandante da Força Aérea, Pedro Juliac, postou no domingo uma foto de Rangel no Twitter com as palavras "traidor do povo venezuelano e da revolução" impressas na imagem.
Rangel era um oficial militar ativo que fugiu para a Colômbia no mês passado, segundo uma fonte próxima aos militares da Venezuela que pediu para não ser identificada.
Ao contrário de outros oficiais que fizeram pronunciamentos semelhantes, Rangel não expressou apoio a Juan Guaidó -- o líder da oposição que invocou a Constituição em janeiro para reivindicar a Presidência interina, argumentando que a reeleição de Maduro em 2018 foi uma fraude.
Mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos e a maioria das nações sul-americanas, consideram Guaidó o líder legítimo de Venezuela.
Guaidó e um grupo de soldados chamaram as Forças Armadas em 30 de abril a abandonarem Maduro, mas os militares nunca se juntaram e o levante desmoronou. O governo chamou o evento de uma tentativa de golpe e acusou um grupo de 10 parlamentares da oposição de traição por participarem de comícios naquele dia.
A Venezuela está sofrendo um colapso hiperinflacionário que alimentou um êxodo migratório de cerca de 3,5 milhões de pessoas nos últimos três anos.