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Dutra, do PT, descarta ajuste fiscal com Dilma

Presidente do PT diz que Dilma Rousseff seria "vigilante" com as contas públicas, mas não patrocinaria cortes profundos dos gastos federais

Dutra diz que Dilma presidiria o Brasil à luz dos atuais fundamentos macroeconômicos (.)

Dutra diz que Dilma presidiria o Brasil à luz dos atuais fundamentos macroeconômicos (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Brasília - Eleita presidente da República, a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, seria "vigilante" com as contas públicas, mas não patrocinaria cortes profundos dos gastos federais.

A avaliação é do presidente do PT, José Eduardo Dutra, para quem a questão fiscal "não é um problema".

Em entrevista ao Reuters Latin American Investment Summit nesta terça-feira, ele assegurou "vigilância" na área fiscal, mas argumentou que o Executivo aumentou de tamanho porque passou a investir mais em segurança, saúde e educação, áreas onde é necessário estar mais presente, avalia.

"Eu não entendo que a questão fiscal seja um problema para o Brasil", destacou Dutra, no sentido oposto de agentes do mercado e do adversário PSDB. Esses setores criticam o aumento de despesas correntes e apontam para o risco de uma economia vulnerável no futuro.

"Ajuste fiscal, no sentido bombástico do termo, com certeza não haverá, de achar que vai se dar um choque ou corte de investimentos e custeio. Isso não vai existir."

Dados do Banco Central recém-divulgados trouxeram março com o pior resultado primário da série histórica iniciada em 2002 e o primeiro déficit registrado neste ano.

Do outro lado da trincheira, portanto o da campanha do tucano José Serra à Presidência, já há nos bastidores apostas de um ajuste amplo caso o PSDB vença as urnas de outubro. Eleitos, porém, a legenda e seu candidato prometem manter compromissos sociais, como o pagamento do Bolsa Família, carro-chefe do PT.

"Da nossa parte, vamos sempre ter uma vigilância em relação à questão fiscal. Os superávits que forem necessários serem aplicados, continuarão sendo ampliados. Dilma disse que não vai dar cavalo de pau em nenhuma dessas áreas sensíveis da economia, do câmbio, do superávit, dos juros."
 


Câmbio

Dutra defendeu a continuidade da atual política econômica, e disse que "não tem muito o que inventar nessa área". Repetiu que Dilma presidiria o Brasil à luz dos atuais fundamentos macroeconômicos.

Também descartou intervenções diretas no câmbio para mantê-lo em patamar artificial, ponderando que "medidas econômicas" que influenciem a taxa indiretamente podem continuar sendo adotadas.

"Qualquer medida que você tente ajustar o câmbio a martelo, que são as medidas artificiais do câmbio, acabam levando a situação da economia brasileira a momentos de fragilidade maiores do que esse que é conjuntural", destacou Dutra.

"Nós não vamos mudar o câmbio a marretada."

Bancos públicos

Outro ponto de divergência entre as duas principais campanhas é o poder dos bancos públicos daqui pra frente. Durante a crise financeira internacional, não há discordância aparente quanto ao papel desempenhado por instituições como Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal para irrigar o mercado de crédito. No pós-crise, porém, tucanos veem exagero nessa atribuição, enquanto os petistas contestam.

"Os entes públicos terão função protagonista como agora."

Segundo o dirigente petista, os bancos públicos continuarão a desempenhar um papel de protagonismo se Dilma vencer a eleição. Ele negou, entretanto, que há no programa de governo da pré-candidata um viés estatizante.


"Não tem nenhuma proposta de estatização no nosso programa de governo."

Reformas e BC

Segundo José Eduardo Dutra, uma reforma tributária está no horizonte da campanha petista, mas a implantação de mudanças não depende exclusivamente do governo federal.

Alterações na legislação tributária são uma demanda antiga, mas a diversidade de interesses políticos sempre barra sua aprovação no Congresso. Lula, do alto de seus mais de 70 por cento de popularidade, nunca conseguiu obter no Parlamento o apoio necessário a esse fim.

No Banco Central, a avaliação do dirigente petista é de que a instituição atuou de forma correta durante esses quase oito anos de governo e que o "modelo" de gestão protagonizado nos últimos sete anos e meio deve ser mantido. 

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