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Drones na 'casa' de Putin? O que se sabe sobre acusação russa contra Ucrânia

Após suposto avanço em acordo de paz, Rússia afirma que Kiev atacou uma das residências oficiais de Putin e reavalia próximos passos

Vladimir Putin e o suposto ataque de drones: Ucrânia alega que afirmação é "mais uma rodada de mentiras" da Rússia

Vladimir Putin e o suposto ataque de drones: Ucrânia alega que afirmação é "mais uma rodada de mentiras" da Rússia

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 29 de dezembro de 2025 às 18h37.

Última atualização em 29 de dezembro de 2025 às 18h40.

O governo da Rússia afirmou nesta segunda-feira, 29, que a Ucrânia lançou 91 drones de longo alcance contra uma das residências oficiais do presidente Vladimir Putin na região de Novgorod, norte do país.

O imóvel é uma das casas de veraneio atribuídas ao líder russo, e não a residência oficial, sediada em Moscou. Até o momento de publicação desta matéria, o país não apresentou provas públicas do ataque. A Ucrânia, por sua vez, nega a ofensiva.

Segundo o chanceler russo, Sergei Lavrov, os drones foram abatidos pela defesa aérea entre 28 e 29 de dezembro, “sem feridos nem danos”, e o alvo seria uma residência presidencial no complexo de Dolgiye Borody.

Segundo a Reuters, agência de notícias internacional, “Lavrov não parecia ter apresentado nenhuma prova para suas afirmações” e que “não estava imediatamente claro se Putin estava na residência Dolgiye Borody” no momento do suposto ataque.

Por que agora?

O episódio em Novgorod acontece logo após um fim de semana de diplomacia intensa na Flórida. No domingo, 28, o presidente americano Donald Trump recebeu Zelensky em Palm Beach e disse que os dois estão “chegando muito mais perto, talvez muito perto” de um acordo para encerrar a guerra, embora ainda haja questões territoriais que ele descreveu como “espinhosas”.

Agora, assessores informaram que Putin disse a Trump, por telefone, que a Rússia está revendo sua postura nas conversas depois do suposto ataque com drones contra a residência presidencial.

O chanceler Lavrov afirmou que o suposto ataque aconteceu “durante negociações sobre um possível acordo de paz” e que Moscou estaria revisando sua postura nas conversas, ainda que “não vá deixar as negociações”.

O texto em discussão é um plano de 20 pontos que inclui garantias de segurança para a Ucrânia, definição do futuro da região de Donbas e da usina nuclear de Zaporizhzhia, hoje sob controle russo, além de um pacote de reconstrução econômica.

Do lado ucraniano, o presidente Volodymyr Zelensky rejeitou a versão russa. Em mensagens a jornalistas via WhatsApp, ele chamou o caso de “mais uma rodada de mentiras da Federação Russa”.

“É claro que tivemos uma reunião com Trump ontem, e é claro que, para os russos, se não há escândalo entre nós e a América, e se estamos avançando – para eles isso é um fracasso, porque eles não querem acabar com esta guerra. Tenho certeza de que eles estão simplesmente preparando o terreno para ataques, provavelmente contra a capital, provavelmente contra prédios do governo”, disse Zelensky.

A casa de Putin foi atacada?

Apesar do caso ter sido apresentado como um ataque à “casa de Putin”, o alvo descrito por Moscou não é a residência oficial do presidente, e sim uma das residências presidenciais.

O complexo de Dolgiye Borody, também conhecida como Valdai ou Uzhin, fica localizado aproximadamente 400 km a noroeste da capital da Rússia. Não há imagens oficiais do local.

Construído originalmente em 1934 como um retiro isolado para Josef Stalin, o local foi usado ao longo do período soviético como uma datcha de descanso, espécie de casa de campo oficial para líderes do regime e, mais tarde, como área de veraneio.

Desde 2000, a Valdai passou por ampliações e restaurações: ganhou centro de congressos, salão de assembleias, capacidade para centenas de hóspedes e até um ramal ferroviário próprio.

Como é a 'casa de veraneio' de Putin?

Em 2021, a Fundação Anticorrupção (FBK), criada pela oposição de Putin, afirmou em publicação que a residência é uma das datchas favoritas de Putin.

O texto da fundação descreve Dolgiye Borody como parte de uma propriedade extensa e apenas parcialmente estatal, algo que Putin nega.

Segundo a FBK, a mansão principal fica em um terreno de 250 hectares, dos quais 150 pertencem oficialmente à Federação Russa e são de acesso permanente ao serviço secreto responsável pela proteção presidencial, enquanto a área restante está registrada em nome da empresa Praym LLC, ligada ao banqueiro Yuri Kovalchuk, um dos aliados mais antigos de Putin.

De acordo com esses documentos, a parte privada abrigaria cerca de 80 edifícios: uma mansão de quatro andares com 3,5 mil metros quadrados, saunas, estábulo, campo de golfe, área de lazer com restaurante VIP (que inclui cinema, boliche, bilhar e um pequeno cassino) e até uma igreja própria.

Nas proximidades da residência principal, a FBK menciona ainda um segundo prédio, um complexo de spa de quase 7 mil metros quadrados, com andares subterrâneos que abrigariam piscina, câmaras de crio, consultórios de odontologia e cosmetologia, salas de terapias e infraestrutura técnica dedicada.

Na época em que a publicação independente foi divulgada, Putin negou que a propriedade alguma vez tenha pertencido a ele ou a qualquer membro de sua família. O empresário russo Arkady Rotenberg, amigo de longa data de Putin, posteriormente se apresentou alegando ser o proprietário do imóvel.

*Com informações da Reuters e da AFP.

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