Mundo

Documento da Justiça da França compromete Lagarde

O texto redigido pelo tribunal francês aponta o envolvimento "pessoal" da chefe do FMI no "desvio de fundos" quando ela era ministra das Finanças da França, em 2008

Christine Lagarde é suspeita de interceder de forma supostamente ilegal para conceder uma milionária indenização ao empresário Bernard Tapie (Paul J. Richards/AFP)

Christine Lagarde é suspeita de interceder de forma supostamente ilegal para conceder uma milionária indenização ao empresário Bernard Tapie (Paul J. Richards/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2012 às 09h12.

Paris - Um documento redigido pelo Tribunal de Justiça da República aponta o envolvimento "pessoal" de Christine Lagarde nos crimes de "cumplicidade em falsificação" e de "desvio de fundos" quando ela era ministra das Finanças da França, em 2008.

Segundo o relatório, divulgado pelo site "Mediapart", a atual diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) se envolveu "pessoalmente" no processo de concessão de uma indenização milionária ao empresário Bernard Tapie, um procedimento que contou com "diversas irregularidades".

O texto revela que há "indícios graves que permitem suspeitar que (...) houve uma ação arrumada para outorgar" a Tapie uma indenização que não teria sido concedida pela via judicial.

Os fatos investigados pelo Tribunal de Justiça da República datam de 2008, quando o Executivo aceitou pagar uma indenização de 285 milhões de euros a Tapie pela venda em 1993 da Adidas, que lhe tinha sido confiscada e vendida por um preço inferior ao real.

A Justiça tinha dado razão ao empresário, mas na hora de fixar a indenização o ministério dirigido por Lagarde decidiu por uma arbitragem privada em vez de deixar o caso nas mãos dos tribunais.

Essa decisão justificou a abertura de uma investigação contra Lagarde, já que, segundo um grupo de deputados socialistas, a arbitragem privada decidiu pelo pagamento de uma indenização muito superior a que teria sido estipulada pela justiça ordinária.

O documento do Tribunal de Justiça da República revela que "o processo que conduziu" ao pagamento da indenização "comporta numerosas anomalias e irregularidades".

Além disso, o documento assegura que Lagarde "parece ter participado pessoalmente dos fatos, em particular, dando instruções de voto aos representantes do Estado" no consórcio público encarregado de pagar a indenização.

O documento judicial revelou ainda irregularidades na constituição da comissão de arbitragem privada.

Um de seus integrantes é uma pessoa próxima ao advogado de Tapie, enquanto o outro era dirigente do Partido Radical, no qual milita o empresário.

Apesar disso, o Ministério das Finanças não se opôs a sua presença na comissão de arbitragem.

Acompanhe tudo sobre:Christine LagardeEconomistasEuropaFMIFrançaJustiçaPaíses ricos

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia