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Ex-líderes das Farc anunciam nova ofensiva armada na Colômbia

"Jamais fomos derrotados ideologicamente, por isso a luta continua", afirmou um ex-comandante das Farc três anos depois do acordo de paz

Colômbia: as Farc e o governo assinaram um acordo de paz em 2016 (AFP/AFP)
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Reuters

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 12h09.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 14h35.

Bogotá — Um grupo de ex-rebeldes das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ) disse em um vídeo publicado de madrugada que lançará uma nova ofensiva, ameaçando reiniciar um conflito armado que durou cinco décadas.

Dois ex-comandantes do grupo, conhecidos pelos codinomes Iván Márquez e Jesús Santrich, apareceram no vídeo de 32 minutos do anúncio da ofensiva publicado no YouTube, que foi divulgado três anos depois de as Farc assinarem um acordo de paz com o governo.

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"Esta é a continuação da luta rebelde em resposta à traição do Estado aos acordos de paz de Havana", disse Márquez, usando uniforme militar e cercado de combatentes armados. "Jamais fomos vencidos ou derrotados ideologicamente, por isso a luta continua".

Márquez foi um negociador essencial do acordo de paz firmado em 2016. Ele desapareceu no ano passado depois que seu sobrinho foi preso e levado aos Estados Unidos para cooperar com investigadores do tráfico de drogas.

O anúncio, que Márquez disse ter sido filmado na Amazônia colombiana, coincide com uma série de obstáculos sérios para o acordo complexo, como o assassinato de centenas de ex-rebeldes e ativistas de direitos humanos, atrasos no financiamento de iniciativas econômicas de ex-combatentes e uma polarização política profunda.

O objetivo do grupo é a posse de um governo que apoie a paz, disse Márquez. Ele combaterá a corrupção e exigirá pagamentos daqueles que participam de economias ilegais e de multinacionais, disse.

Fontes de segurança disseram que a força comandada por Márquez pode chegar a 2.200 combatentes.

O presidente Iván Duque foi eleito prometendo mudar partes do pacto, mas não obteve apoio congressual ou judicial para fazê-lo. Ele vem repetindo que os ex-guerrilheiros que realmente quiserem se desarmar serão amparados.

Não houve reação imediata do governo ao vídeo.

"A grande maioria continua comprometida com o acordo, apesar de todas as dificuldades e perigos", disse Rodrigo Londoño, ex-comandante das Farc conhecido como Timochenko, no Twitter. "Estamos com a paz".

Hoje Londoño é líder da Força Alternativa Revolucionária do Comum, o partido político nascido do acordo de paz.

O grupo dissidente tentará se coordenar com os também rebeldes de esquerda do Exército de Libertação Nacional (ELN), disse Márquez, e não usará sequestros e resgates como fonte de financiamento.

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