Discurso de Trump não empolga e foco volta para possível saída de Biden; veja episódio
Em novo episódio, o podcast 'O Caminho para a Casa Branca' detalha os próximos passos da campanha republicana e da democrata
Editor de Macroeconomia
Publicado em 19 de julho de 2024 às 19h02.
Última atualização em 19 de julho de 2024 às 20h24.
Milwaukee, Wisconsin - O ex-presidente Donald Trump falou publicamente pela primeira vez após o atentado que, por milímetros, não tirou sua vida. O palco foi a Convenção Nacional Republicana (RNC), em Milwaukee, no Wisconsin. Foi o rito final de uma convenção que marca a hegemonia de Trump sobre o partido.
Em seu 19º episódio, o podcast O Caminho para a Casa Branca, uma coprodução da EXAME com a Gauss Capital, analisa a convenção e suas consequências para as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Com uma atmosfera vibrante e movimentada, a convenção trouxe à tona temas cruciais para o futuro político do país.
Assista ao novo episódio de O Caminho para a Casa Branca
Alguns pontos importantes merecem atenção nas próximas semanas. O primeiro, e talvez mais elementar, é se o atual presidente, o democrata Joe Biden, seguirá na disputa. O coro para que ele abandone a corrida é público e vem de figuras ilustres do partido.
Além disso, Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital, destaca outros pontos essenciais para entender a campanha:
Discurso de Trump
Segundo Moura, o discurso começou bem, com uma tentativa de humanizar o atentado sofrido por Trump, mas rapidamente se estendeu para temas polêmicos e recorrentes de sua campanha.
Foco no eleitorado independente
Trumpismo: a nova cara do Partido Republicano
Moura também enfatizou a predominância do Trumpismo na atual configuração do Partido Republicano. A convenção revelou uma facção homogênea e alinhada com as ideias de Trump, com a ausência notável de figuras moderadas do partido, como Mitt Romney, Susan Collins, Larry Rogan e George W. Bush.
Veja fotos do 1º discurso de Trump após atentado
"O que a gente pode ver aqui nesse evento é um Partido Republicano essencialmente Trumpista. Hoje o Partido Republicano se confunde com o Trumpismo. Acompanho as convenções do Partido Republicano faz muito tempo. Nunca houve tantos discursos tão homogêneos quanto os que a gente viu aqui", afirma. "Basicamente uma facção do partido se manifestou e claramente a ala moderada dos republicanos não apareceu aqui. "Hoje, é um partido do culto ao Trump. O que me impressionou nesses dias de evento aqui que além de ser um trumpismo é o culto à persona do Trump."
Mas, lembra o analista, desde 2016, o Partido Republicano tem enfrentado desafios significativos, com uma diminuição no número de senadores, deputados e governadores eleitos. Moura apontou que, apesar da energia mobilizadora do trumpismo, os resultados eleitorais não têm sido favoráveis, com o partido perdendo eleições importantes e não conseguindo reeleger o presidente em 2020.
"Então, essa estratégia de abraçar o Trumpismo tem o bônus, de ser uma coisa altamente mobilizadora, mas tem o ônus de que os resultados não bons", afirma.
O futuro dos democratas e a possível saída de Biden
A possível desistência de Joe Biden da corrida presidencial segue como uma das principais questões da corrida americana. Mais democratas proeminentes pedem que ele a abandone.
Quem pode substituir Biden se ele desistir?
Com a especulação sobre a saída de Biden, Kamala Harris surge como uma possível sucessora, dada sua posição como vice-presidente e o acesso aos recursos financeiros já arrecadados pela chapa. Essa transição é vista como um ponto crítico para a estratégia eleitoral dos democratas.
"Sobre os democratas, é o que vínhamos conversando aqui no podcast: o maior risco dos democratas é não tomar risco", diz Moura. "Acho que o partido se convenceu disso e parece que o o próprio presidente está sendo convencido. A partir de agora a grande pergunta é quando o Biden vai desistir — e eu acho que a probabilidade é imensa."
O analista frisa que na própria convenção em Milwaukee os republicanos tratavam a saída de Biden da disputa como certa. "Foi interessante que o Trump falou várias vezes: "essa administração". Ele citou muito menos o nome do Biden do que ele costuma nos discursos dele", diz. "Ou seja, já é uma aderência tática."
Por fim, Moura destaca que a grande pergunta desse imbróglio é quem substituiria Biden. "Vai ser uma briga aberta ou a Kamala Harris, como vice-presidente e parte da chapa dele, vai assumir essa liderança?", questiona. "Na convenção republicana, eles já começaram a atacar a Kamala Harris e estão preparados para enfrentá-la."
Eleições nos EUA: a EXAME estará presente nas convenções dos partidos
A EXAME amplia sua cobertura das eleições dos Estados Unidos a partir desta segunda-feira, 15. A equipe da revista acompanhará de perto as convenções dos partidos republicano e democrata, e também fará reportagens sobre os estados decisivos para a disputa.
O repórter Rafael Balago, o editor Luciano Pádua e o analista Mauricio Moura estão nos Estados Unidos para esta cobertura.
Balago cobre política internacional desde 2018. Foi repórter e correspondente do jornal Folha de S.Paulo nos Estados Unidos, por um ano. Pádua fez mestrado em gestão pública em Harvard e foi repórter e editor em veículos como Veja e Jota. Moura é professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, da Gauss Capital.
As convenções partidárias são o momento de confirmação dos candidatos presidenciais. Do lado republicano, Donald Trump deve assegurar a nomeação sem questionamentos, que deve ser impulsionado após o atentado do último sábado, 13.
Do lado democrata, a situação está mais incerta. O presidente Joe Biden, que busca a reeeleição, teve vitória fácil nas primárias, mas viu sua candidatura ser questionada após ir mal em um debate, no fim de junho.
Biden vem sofrendo pressão pública para desistir e abrir espaço a um novo nome. Ele vem repetindo que quer seguir na disputa, mas não tem conseguido convencer os aliados e doadores que o andam criticando.
Caso Biden desista nas próximas semanas, a convenção democrata, marcada para os dias 19 a 22 de agosto, será o prazo máximo para que o novo candidato ou candidata seja definido. Há incertezas de como o processo funcionaria, já que o presidente venceu as primárias. Um caminho possível é que ele libere os delegados que conquistou para votarem livremente em outro candidato. Isso, no entanto, faria com que a participação dos eleitores democratas, que votaram nas primárias, seja reduzida.
Cobertura multiplataforma
A cobertura da disputa nos Estados Unidos está sendo feita pela EXAME de várias formas. O programa O Caminho para a Casa Branca traz episódios que analisam, desde janeiro, o andamento da disputa e está disponível em vídeo, no YouTube, e como podcast no Spotify, ambos com acesso gratuito.