Diáspora venezuelana da Flórida vê Trump como "mal menor"
Apoio venezuelano é um pequeno e novo prêmio na Flórida, um campo de batalha presidencial com 14 milhões de votos em disputa
Mariana Martucci
Publicado em 28 de setembro de 2020 às 21h22.
Última atualização em 29 de setembro de 2020 às 22h26.
Venezuelanos partiram para o sul da Flórida e deixaram sua nação turbulenta para trás. Antes de votar pela primeira vez como cidadãos americanos, se deparam com uma decisão difícil: apoiar ou não Donald Trump, o presidente dos EUA que fez maior oposição contra seus ex-algozes, apesar de ter suas próprias qualidades de homem forte.
Maria Paulina Camejo, uma estudante de cinema de 29 anos, emigrou para Miami em 2012 depois que o governo de Hugo Chávez expropriou o banco de seu pai e o prendeu. Ela planeja votar em Trump por causa de suas políticas pró-negócio e atenção à crise da Venezuela. Ela também se preocupa com o comportamento de Trump, que nos últimos dias incluiu repetidas recusas em se comprometer com uma transição pacífica de poder.
“Não é que eu esteja feliz com meu candidato”, disse Camejo. “Muitas vezes eu o vejo na televisão e é como assistir a Chávez: é uma loucura, mas é divertido.”
Apoio
O apoio venezuelano é um pequeno e novo prêmio na Flórida, um campo de batalha presidencial com 14 milhões de votos em disputa que geralmente é decidido por uma margem mínima. Cerca de 238 mil venezuelanos vivem no estado e cerca de 67 mil eram cidadãos naturalizados em 2018, de acordo com o Censo dos EUA. Uma recente pesquisa da Universidade do Norte da Flórida estima que 55 mil deles são eleitores qualificados - e quase 7 em cada 10 apoiam Trump contra o democrata Joe Biden.
Os republicanos tentam torná-los um eleitorado conservador confiável, como os cubanos e os nicaraguenses antes deles, e usar sua energia para motivar essas comunidades.
Ainda assim, o conflito desta eleição lembra a muitos eleitores venezuelanos de onde fugiram. Todos os venezuelano-americanos que falaram concordaram que estão muito melhor nos EUA, mas alguns disseram que a promessa de democracia é frágil.
“Que maldição caiu sobre nós, venezuelanos?” perguntou Daniel di Geronimo, de 29 anos, que tem dupla nacionalidade é gerente de projetos de acampamentos de verão. Ele migrou para Miami de Caracas em 2017.
Embora a corrupção pública nos Estados Unidos e a erosão de suas instituições não possam ser comparadas com as da Venezuela, esses fatores pioraram notavelmente, disse Michael Coppedge, cientista político que é um dos principais investigadores do Varieties for Democracy, ou V-Dem, uma iniciativa que quantifica a saúde de governos representativos.
“Os Estados Unidos avançaram nessa direção, em alguns aspectos, de forma significativa”, disse.
O relatório V-Dem deste ano, que pesquisa milhares de especialistas para avaliar as democracias de seus países, disse que os EUA estão “sofrendo de autocratização substancial”.