Desvalorização do real preocupa empresários argentinos
O maior medo é de queda das importações do Brasil, que responde por 26% das vendas externas da Argentina
Da Redação
Publicado em 26 de setembro de 2011 às 20h02.
Buenos Aires - A desvalorização do real acendeu, definitivamente, as luzes de alerta dos empresários argentinos, que já não disfarçam a preocupação com a perda de competitividade do peso em relação à moeda do principal sócio do Mercosul.
O assunto, que vinha sendo tratado com máxima cautela, em tom moderado, ganhou voz alta nos últimos dias. O maior temor é que o país sofra uma queda de suas exportações para o mercado brasileiro, que absorve 26% das vendas externas. No entanto, em entrevista à Agência Estado, o presidente da Câmara de Exportadores da República Argentina (Cera), Enrique Mantilla, ponderou que a variável mais importante no comercio bilateral, no fundo, está marcada pelo nível de crescimento econômico e não pelo câmbio.
"O Brasil tinha um problema estrutural na economia e era esperada uma correção na cotação do câmbio para manter um crescimento saudável. Se essa correção do real é positiva, no sentido de não aumentar a inflação, permitir uma redução da taxa Selic, manter a demanda e o nível de crescimento da economia em 4%, isso é uma boa notícia para nós", afirmou Mantilla. Ele ponderou que é preciso observar se a desvalorização da moeda brasileira não será repassada para os preços dos automóveis, por exemplo, principal produto de exportação da Argentina ao mercado brasileiro.
"Temos que dar um prazo para a economia brasileira se acomodar. Mas estamos confiantes de que esse acomodamento será positivo porque o Brasil tem quatro planos que o ajuda a manter o nível investimentos e da produção: o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), o pré-sal, os Jogos Olímpicos e o Mundial de Futebol", enumerou.
Convivendo com uma inflação anual de 25% na Argentina, e elevados índices nos últimos seis anos, Mantilla ressaltou que o mais importante agora é que a política econômica brasileira não permita uma alta dos custos internos. "Um Brasil estável é ótimo para a Argentina, mas não pode ter inflação. No caso da Argentina, o peso perde competitividade porque os custos internos aumentam mais rápido do que o valor dos produtos que são exportados", disse ele.
Mantilla reconheceu que o real mais competitivo pode provocar desarranjos fortes para a Argentina, ampliando o déficit comercial com o Brasil e proporcionando uma "invasão" de produtos brasileiros. Porém, o empresário acredita que a única saída para manter a competitividade argentina "é com um forte processo de aumento da produtividade, o que requer investimentos e essa é uma das dificuldades porque não se observa um ciclo de investimentos muito forte no setor privado", criticou.
O presidente da União Industrial Argentina (UIA), Ignácio de Mendiguren, também reconheceu que a desvalorização causa "muita preocupação", mas disse que é preciso ter "calma". Em entrevista a rádios portenhas, Mendiguren afirmou que "embora o Brasil esteja modificando sua cotação do câmbio, isso não significa uma tendência". Ele disse, entretanto, que "a UIA e o governo estão fazendo um monitoramento do comércio exterior, mas o pior que poderia acontecer é que o Brasil deixe de crescer".
Buenos Aires - A desvalorização do real acendeu, definitivamente, as luzes de alerta dos empresários argentinos, que já não disfarçam a preocupação com a perda de competitividade do peso em relação à moeda do principal sócio do Mercosul.
O assunto, que vinha sendo tratado com máxima cautela, em tom moderado, ganhou voz alta nos últimos dias. O maior temor é que o país sofra uma queda de suas exportações para o mercado brasileiro, que absorve 26% das vendas externas. No entanto, em entrevista à Agência Estado, o presidente da Câmara de Exportadores da República Argentina (Cera), Enrique Mantilla, ponderou que a variável mais importante no comercio bilateral, no fundo, está marcada pelo nível de crescimento econômico e não pelo câmbio.
"O Brasil tinha um problema estrutural na economia e era esperada uma correção na cotação do câmbio para manter um crescimento saudável. Se essa correção do real é positiva, no sentido de não aumentar a inflação, permitir uma redução da taxa Selic, manter a demanda e o nível de crescimento da economia em 4%, isso é uma boa notícia para nós", afirmou Mantilla. Ele ponderou que é preciso observar se a desvalorização da moeda brasileira não será repassada para os preços dos automóveis, por exemplo, principal produto de exportação da Argentina ao mercado brasileiro.
"Temos que dar um prazo para a economia brasileira se acomodar. Mas estamos confiantes de que esse acomodamento será positivo porque o Brasil tem quatro planos que o ajuda a manter o nível investimentos e da produção: o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), o pré-sal, os Jogos Olímpicos e o Mundial de Futebol", enumerou.
Convivendo com uma inflação anual de 25% na Argentina, e elevados índices nos últimos seis anos, Mantilla ressaltou que o mais importante agora é que a política econômica brasileira não permita uma alta dos custos internos. "Um Brasil estável é ótimo para a Argentina, mas não pode ter inflação. No caso da Argentina, o peso perde competitividade porque os custos internos aumentam mais rápido do que o valor dos produtos que são exportados", disse ele.
Mantilla reconheceu que o real mais competitivo pode provocar desarranjos fortes para a Argentina, ampliando o déficit comercial com o Brasil e proporcionando uma "invasão" de produtos brasileiros. Porém, o empresário acredita que a única saída para manter a competitividade argentina "é com um forte processo de aumento da produtividade, o que requer investimentos e essa é uma das dificuldades porque não se observa um ciclo de investimentos muito forte no setor privado", criticou.
O presidente da União Industrial Argentina (UIA), Ignácio de Mendiguren, também reconheceu que a desvalorização causa "muita preocupação", mas disse que é preciso ter "calma". Em entrevista a rádios portenhas, Mendiguren afirmou que "embora o Brasil esteja modificando sua cotação do câmbio, isso não significa uma tendência". Ele disse, entretanto, que "a UIA e o governo estão fazendo um monitoramento do comércio exterior, mas o pior que poderia acontecer é que o Brasil deixe de crescer".