Desmatamento na Amazônia ameaça 100 aves de extinção
Risco de extinção aumentou substancialmente para cerca de cem espécies da Amazônia, principalmente aquelas com maior expectativa de vida
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2012 às 13h02.
São Paulo - Apesar de a taxa de desmatamento da Amazônia vir apresentando sucessivas quedas de um ano para o outro, a perda de cobertura florestal de mais de 6 mil km² por ano está colocando as aves da região em alto risco de extinção. O alerta é da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e da ONG BirdLife International, que divulgaram ontem, quinta-feira, uma atualização da chamada lista vermelha da IUCN de espécies ameaçadas de extinção.
O levantamento mostrou que o risco de extinção aumentou substancialmente para cerca de cem espécies da Amazônia, principalmente aquelas com maior expectativa de vida, como o chororó-do-rio-branco (Cercomacra carbonaria), para o qual mesmo uma taxa moderada de desmatamento pode ter impacto.
A pesquisa também destacou o caso do joão-de-barba-grisalha (Synallaxis kollari), que já teria perdido mais de 80% de seu habitat nas últimas décadas e alcançou o status de criticamente ameaçado - o nível mais preocupante da lista vermelha.
Para os organizadores do estudo, baseado em modelos que projetaram o tamanho e o padrão de desmatamento na Amazônia, o risco de extinção das aves locais tinha sido subestimado até então. Eles especulam que a mudança em curso do Código Florestal pode levar a um cenário ainda pior nos próximos anos. E clamam para que o governo brasileiro cumpra os compromissos internacionais de combate à perda de biodiversidade e crie novas áreas protegidas.
O levantamento considerou ainda outras regiões do planeta, numa revisão da situação de mais de 10 mil espécies de aves. A situação também se mostrou preocupante no norte da Europa e na África. No total, 130 espécies são consideradas extintas; 4 extintas na natureza (mas existentes em cativeiro); 197 estão criticamente ameaçadas, 389 ameaçadas; 727 vulneráveis; e 880 quase ameaçadas.