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Descompasso entre Merkel e Macron expõe realidade da Europa

ÀS SETE - Após resultado das eleições alemãs, a chanceler, que sempre apoiou as medidas do francês, tem se afastado de suas propostas

Merkel e Macron (Stephane Mahe/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2017 às 06h11.

Última atualização em 26 de setembro de 2017 às 07h18.

O novato presidente francês, Emmanuel Macron , está em descompasso com a chanceler alemã Angela Merkel, eleita para um quarto mandato no último domingo. A diferença de ritmo entre os dois deve ficar ainda mais clara hoje, quando Macron discursa na Universidade Sorbonne.

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Lá, ele deve apresentar suas ideias para melhorar a União Europeia, principalmente em termos fiscais. É esperado que ele inclua em seu discurso a possibilidade de criar um orçamento anual para a Zona do Euro, um ministro das Finanças da região, além da proposta para estabelecer um fundo para ajudar países da moeda comum que passam por dificuldades financeiras.

Macron tem tentado o apoio da chanceler alemã Angela Merkel para as suas ideias.Mas, devido à eleição na Alemanha e a dificuldade de saber com quem poderia ter que coligar ou agradar no pós-pleito, a chanceler tem se afastado das propostas do francês.

Na segunda-feira, Merkel deixou claro que pode se aliar a qualquer um dos partidos tradicionais da Alemanha para conquistar a coalizão necessária para governar.

Especula-se uma aliança com os liberais democratas (FDP), que conquistaram 11% dos votos, e com o Partido Verde (Grüne), com cerca de 9% dos votos — um prospecto bastante frágil já que os dois partidos são tradicionais rivais na política alemã.

A outra opção seria tentar uma nova coalizão com o Partido Social Democrata (SPD), atual membro do governo junto da União de Merkel. Mas o SPD, um partido de centro-esquerda, parece pouco inclinado a ceder mais em suas pautas para fazer parte do governo.

Com a perspectiva da coalizão “Jamaica” tomando forma, em alusão às cores dos partidos FDP, Verde e União, Merkel está bem reticente às propostas de Macron, principalmente porque os liberais, conhecidos conservadores fiscais, são contrários às ideias do francês.

“A União irá dar suporte ao que faz sentido. Minha visão é que podemos usar melhor a Europa, mas isto tem que levar a mais competitividade, mais emprego e efetividade para a União Europeia. Não vou excluir nada ou traçar linhas que não podem ser cruzadas”, disse Merkel em uma conferência após a conclusão das eleições alemãs.

A estratégia de Macron é realizar o discurso hoje para aumentar o debate público sobre o tema e tentar ganhar terreno na Alemanha. Mas se a coalizão com os liberais e os verdes tomar forma, há pouca chance de seus planos orçamentários saírem do papel.

Espera-se que ele também coloque em seu discurso outros temas, como tecnologia, imigração, defesa e mudanças climáticas, para tentar conseguir apoio dos liberais e dos outros líderes do continente. Depois de ganhar as eleições na França, é a Alemanha que testa o poder de persuasão de Macron.

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