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Um desafio para as próximas décadas na Alcoa

A Alcoa, que inaugurou em setembro uma mina de bauxita no interior do Pará, aprende que a gestão sustentável do negócio depende do diálogo com a sociedade pelo tempo que durar o empreendimento - ou até mais

Franklin Feder, presidente da Alcoa (.)

Franklin Feder, presidente da Alcoa (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

Localizado no oeste do Pará, Juruti não passava de um vilarejo perdido na selva Amazônica até pouco tempo atrás. A situação do município de 34 000 habitantes começou a mudar em 2005, quando a subsidiária brasileira da Alcoa iniciou a construção de um de seus projetos mais ambiciosos: uma mina para explorar as reservas de bauxita da região. Além da alta qualidade do minério (utilizado como matéria-prima para a produção de alumínio), Juruti impressiona pelo tamanho. São 700 milhões de toneladas métricas de bauxita — e a previsão inicial é explorar 2,6 milhões de toneladas por ano. Ao planejar a obra, que demorou cerca de três anos para ser erguida e exigiu investimentos de 3 bilhões de reais, a Alcoa procurou envolver a comunidade da área.

Uma das ações foi a criação, em 2007, do Conselho Juruti Sustentável, que reúne três representantes do poder público, três do setor empresarial e nove da sociedade civil. As discussões nessa associação resultaram na elaboração de um plano que prevê investimentos de 50 milhões de reais em ações como conservação da flora e da fauna, educação ambiental, serviços de saúde, segurança pública, valorização e resgate da cultura local e obras de infraestrutura, como a construção, ainda em andamento, do Hospital Comunitário de Juruti. Neste ano, a Alcoa fechou uma parceria com o Instituto Peabiru, uma ONG de Belém, para criar a Escola Juruti de Sustentabilidade. A ideia dos cursos, que começaram em abril, é informar membros de ONGs, professores e funcionários governamentais sobre os desafios da convivência com a exploração do minério e ensiná-los a conceber e a buscar apoio para projetos que beneficiem a região e permitam seu desenvolvimento sem depender da companhia.

Apesar dos cuidados da Alcoa, nem tudo saiu como o previsto. No início de setembro, poucos dias antes da inauguração da mina, o Ministério Público do Pará começou a apurar uma possível contaminação do lençol freático na área das comunidades de Jabuti e Santo Hilário, no município de Juruti. Segundo os moradores da região, a construção de uma rodovia e de uma ferrovia pela Alcoa contaminou os igarapés e tornou a água imprópria para consumo. A empresa admite que as obras deixaram as águas turvas, mas questiona o alcance da contaminação e comprometeu-se a fazer a recomposição do solo e o reflorestamento das margens dos igarapés, entre outras medidas de proteção ambiental. Esse incidente deixa claro que os desafios da gestão sustentável de Juruti não terminam com a simples inauguração da mina, como reconhece Franklin Feder, presidente da Alcoa para a América Latina e o Caribe. “O diálogo precisa continuar durante os 50, 70 anos em que vamos explorar a mina”, afi rma Feder.

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