Desafio do comitê é mostrar o real problema de energia
Governo ainda não esclareceu como fornecerá desconto de 20% nas contas de luz neste ano em meio ao baixo nível das reservas de hidrelétricas
Da Redação
Publicado em 8 de janeiro de 2013 às 22h08.
Brasília - Acuado pelo mercado, que passou a considerar um eventual racionamento de energia neste ou no próximo ano, o governo foi obrigado a quebrar o silêncio e falar abertamente sobre o assunto. Antes mesmo da reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) - marcada para quarta-feira (09) - que irá avaliar a situação crítica dos reservatórios das hidrelétricas, o Ministério de Minas e Energia (MME) entrou na defensiva e tentou afastar o risco de falta de abastecimento de eletricidade.
Embora a reunião do CMSE faça parte do calendário normal do colegiado que reúne as principais autoridades do setor, o encontro desta quarta-feira ganhou importância devido à seca que reduziu os níveis das barragens de quase todas as regiões do País para os mais baixos dos últimos anos. Diante de um cenário parecido com o de 2001, quando o País precisou racionar energia, espera-se que o comitê possa dar respostas claras sobre o tamanho do problema.
A pressão sobre as autoridades é ainda maior porque o fantasma do racionamento voltou em meio à série de quedas de energia de grandes proporções que já havia colocado em xeque a percepção de segurança da população em relação ao sistema elétrico brasileiro. Além disso, o governo ainda não explicou como fará para chegar ao desconto de 20% nas contas de luz prometido para este ano, mesmo com as recusas de importantes companhias de geração em participar do pacote.
Na segunda-feira (07), o ministro Edison Lobão foi à televisão descartar a hipótese de falta de energia, mas admitiu que os consumidores terão que pagar o custo mais alto da energia das usinas térmicas. Nesta terça, o secretário executivo do MME, Márcio Zimmermann, argumentou que o repasse aos usuários não comprometerá o desconto bancado pela presidente Dilma Rousseff. "Não podemos misturar uma coisa com a outra", alegou.
Zimmermann lembrou ainda que a estrutura do sistema elétrico brasileiro conta com a construção de térmicas justamente para que não falte energia em períodos de seca como esse pelo qual passa a maior parte do País. Para ele, o racionamento de 2001 ocorreu porque não havia uma reserva suficiente de energia para ser despachada quando os reservatórios praticamente secaram. "Hoje não temos esse problema", insistiu.
O presidente do grupo CPFL Energia, Wilson Ferreira Junior, esteve em Brasília e seguiu o discurso das autoridades. "Não há razão para pânico com apagão neste momento", disse, em visita ao Ministério da Fazenda. A exemplo de Zimmermann, o executivo destacou que o Brasil possui atualmente o quádruplo de usinas a óleo e gás de dez anos atrás.
Se para Lobão o gasto com essas usinas foi de cerca de R$ 400 milhões nos últimos meses, algumas associações do setor já jogam esse impacto para a casa dos bilhões de reais. Por isso, o governo torce pela chuva até abril para que as térmicas sejam suficientes para atender à demanda atual e possam ser desligadas o mais breve possível.
Brasília - Acuado pelo mercado, que passou a considerar um eventual racionamento de energia neste ou no próximo ano, o governo foi obrigado a quebrar o silêncio e falar abertamente sobre o assunto. Antes mesmo da reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) - marcada para quarta-feira (09) - que irá avaliar a situação crítica dos reservatórios das hidrelétricas, o Ministério de Minas e Energia (MME) entrou na defensiva e tentou afastar o risco de falta de abastecimento de eletricidade.
Embora a reunião do CMSE faça parte do calendário normal do colegiado que reúne as principais autoridades do setor, o encontro desta quarta-feira ganhou importância devido à seca que reduziu os níveis das barragens de quase todas as regiões do País para os mais baixos dos últimos anos. Diante de um cenário parecido com o de 2001, quando o País precisou racionar energia, espera-se que o comitê possa dar respostas claras sobre o tamanho do problema.
A pressão sobre as autoridades é ainda maior porque o fantasma do racionamento voltou em meio à série de quedas de energia de grandes proporções que já havia colocado em xeque a percepção de segurança da população em relação ao sistema elétrico brasileiro. Além disso, o governo ainda não explicou como fará para chegar ao desconto de 20% nas contas de luz prometido para este ano, mesmo com as recusas de importantes companhias de geração em participar do pacote.
Na segunda-feira (07), o ministro Edison Lobão foi à televisão descartar a hipótese de falta de energia, mas admitiu que os consumidores terão que pagar o custo mais alto da energia das usinas térmicas. Nesta terça, o secretário executivo do MME, Márcio Zimmermann, argumentou que o repasse aos usuários não comprometerá o desconto bancado pela presidente Dilma Rousseff. "Não podemos misturar uma coisa com a outra", alegou.
Zimmermann lembrou ainda que a estrutura do sistema elétrico brasileiro conta com a construção de térmicas justamente para que não falte energia em períodos de seca como esse pelo qual passa a maior parte do País. Para ele, o racionamento de 2001 ocorreu porque não havia uma reserva suficiente de energia para ser despachada quando os reservatórios praticamente secaram. "Hoje não temos esse problema", insistiu.
O presidente do grupo CPFL Energia, Wilson Ferreira Junior, esteve em Brasília e seguiu o discurso das autoridades. "Não há razão para pânico com apagão neste momento", disse, em visita ao Ministério da Fazenda. A exemplo de Zimmermann, o executivo destacou que o Brasil possui atualmente o quádruplo de usinas a óleo e gás de dez anos atrás.
Se para Lobão o gasto com essas usinas foi de cerca de R$ 400 milhões nos últimos meses, algumas associações do setor já jogam esse impacto para a casa dos bilhões de reais. Por isso, o governo torce pela chuva até abril para que as térmicas sejam suficientes para atender à demanda atual e possam ser desligadas o mais breve possível.