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Deputado holandês anti-Islã é declarado culpado por discriminação

No entanto, juízes acrescentaram que as evidências não são suficientes de que suas palavras tenham incitado o ódio

Geert Wilders: o deputado afirmou que apelará da sentença, (Michael Kooren/File Photo/Reuters)

Geert Wilders: o deputado afirmou que apelará da sentença, (Michael Kooren/File Photo/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de dezembro de 2016 às 14h13.

O deputado holandês anti-Islã e antimigração Geert Wilders foi declarado culpado da acusação de discriminação por um tribunal, que, no entanto, o absolveu do delito de incitação ao ódio por suas declarações sobre marroquinos em 2014.

No veredicto, os juízes assinalaram que "o caráter inflamatório das declarações do réu incitou a discriminação de pessoas de origem marroquina".

No entanto, acrescentaram que as evidências não são suficientes de que suas palavras tenham incitado o ódio.

O deputado também não pagará a multa de 5.000 euros exigida pela promotoria, segundo a sentença.

"Por isso, a câmara considera que foi feita justiça. E, consequentemente, não será imposto qualquer castigo", acrescenta o texto.

Wilders, de 53 anos, reagiu imediatamente afirmando que apelará da sentença, que considera uma "grande perda para a liberdade de expressão".

O processo, longe de prejudicar o controvertido deputado, provavelmente aumentará sua popularidade entre os eleitores.

"É uma situação na qual se ganha ou ganha", afirmou Joost van Spanje, professor assistente na Universidade de Amsterdã, pouco antes da divulgação da sentença.

Conhecido por suas posições islamofóbicas, o político foi julgado por declarações feitas depois das eleições municipais de março de 2014 em Haia, onde questionou a seus militantes se queriam "mais ou menos marroquinos na Holanda".

A uma multidão que gritava "Menos! Menos! Menos!", respondeu com um sorriso: "Vamos cuidar disso".

Esse tipo de declaração, que provocou 6.400 queixas de cidadãos e organizações, prejudicam profundamente a dignidade humana, segundo o representante da promotoria, Wouter Bos.

"Os holandeses-marroquinos dizem se sentir cidadãos de segunda classe, é preciso acabar com as declarações racistas", afirmou.

"Wilders apontou para todo um grupo de cidadãos sem fazer distinções", afirmaram, por sua parte, os juízes.

"Estas declarações podem ser vistas como um ataque à dignidade deste grupo em seu conjunto. É insultante para todo o grupo".

Wilders boicotou a maior parte das audiências e se negou a se apresentar ante o juiz para a leitura da sentença.

Um pouco antes da leitura, comentou no Twitter: "Seja qual for o veredicto, continuarei falando a verdade sobre o problema marroquino e nenhum juiz, político ou terrorista me deterá".

Os holandeses vão às urnas em março para eleger seu primeiro-ministro, um posto que Wilders aspira há muito tempo.

As últimas pesquisas atribuem 34 cadeiras a seu Partido para a Liberdade (PVV), dez a mais que ao partido do premiê liberal Mark Rutte.

Se for eleito primeiro-ministro, Wilders prometeu confiscar Corões (livro sagrado muçulmano), fechar mesquitas e escolas islâmicas, como também fechar as fronteiras e proibir o acesso de migrantes procedentes de países muçulmanos.

Suas posturas valeram a ele ameaças de morte dos grupos radicais como Al-Qaeda e Estado Islâmico (EI).

Por isso, Wilders usa segurança permanente e é chamado de "o homem mais protegido da Holanda".

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