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Democratas avançam no processo de impeachment de Trump

Crise envolvendo presidente americano e o mandatário ucraniano Volodimir Zelenski pode custar caro para Donald Trump

Donald Trump: presidente americano pode ser afastado do cargo (Jabin Botsford/The Washington Post/Getty Images)

Donald Trump: presidente americano pode ser afastado do cargo (Jabin Botsford/The Washington Post/Getty Images)

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AFP

Publicado em 28 de setembro de 2019 às 09h46.

Última atualização em 28 de setembro de 2019 às 09h46.

São Paulo – Os democratas avançaram rapidamente, nesta sexta-feira (27), na investigação de impeachment do presidente Donald Trump, ordenando ao secretario de Estado, Mike Pompeo, a entregar documentos relacionados com a Ucrânia.

"A recusa em cumprir esse requisito constituirá prova de obstrução à investigação da Câmara", escreveram os chefes dos comitês de Relações Exteriores, Inteligência e Supervisão Executiva.

Mike Pompeo deve fornecer a documentação antes de 4 de outubro.

Os parlamentares exigem uma lista de todos os funcionários do Departamento de Estado que "participaram, prepararam ou receberam uma transcrição" da ligação telefônica de 25 de julho entre Trump e seu colega ucraniano Volodimir Zelenski.

O Congresso vai investigar o presidente republicano que, durante sua comunicação, teria pedido ao interlocutor que o ajudasse a obter informações comprometedoras para o ex-presidente Joe Biden, um dos favoritos para a candidatura do partido de oposição nas eleições de 2020.

O informe de um denunciante de Inteligência, que mostra Trump pressionando o presidente da Ucrânia para que investigue seu rival eleitoral Joe Biden, elevou a pressão sobre a Casa Branca.

"Ao se tratar de um tema de segurança tão convincente, [Trump] simplesmente não nos deu outra opção", disse a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, em entrevista à emissora de televisão MSNBC.

"Isso é sobre a segurança nacional do nosso país: o presidente dos Estados Unidos é desleal ao juramento de seu cargo, pondo a segurança nacional em risco, e pondo a integridade das nossas eleições em risco", completou Pelosi.

Segundo um vídeo divulgado hoje, o presidente Donald Trump chamou de "guerra" sua luta contra os democratas. "Estamos em guerra. Estas pessoas estão doentes", afirmou Trump, na gravação obtida pela agência Bloomberg.

Nas imagens, Trump sugere que quem vazou informações comprometedoras ao denunciante está "perto de ser um espião".

Continuou dizendo que com "os espiões e a traição" se costumava lidar "um pouco diferente do que como fazemos agora".

Embora esse comentário tenha provocado risos na plateia, desde então foi considerado por seus oponentes como uma ameaça velada à segurança do denunciante e às suas fontes.

O vídeo publicado pela Bloomberg contém outros comentários polêmicos de Trump, como classificar Biden como "burro como uma porta" e chamar os jornalistas "animais" e "escória".

O presidente falava em uma reunião a portas fechadas com diplomatas americanos em Nova York, na quinta-feira, e foi aparentemente filmado por um dos participantes. O encontro aconteceu após a decisão dos congressistas democratas de iniciar o processo de impeachment.

Schiff vai liderar o processo

Nancy Pelosi anunciou que o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, Adam Schiff, que acusou Trump de agir como um "chefe da máfia" esta semana, vai liderar a investigação.

"Vai-se levar o tempo que for necessário e não deixaremos que o calendário seja o juiz", afirmou, em entrevista à MSNBC.

"Mas não é necessário que se estenda", frisou.

Na segunda-feira, Trump descartou o informe do denunciante que o acusa de ter tentado pressionar a Ucrânia em troca de informação que pode prejudicar Joe Biden, o principal candidato democrata para as eleições presidenciais de 2020.

Até o momento, Pelosi havia resistido à crescente pressão em seu partido para acusar Trump e iniciar um processo de impeachment, alegando que a prioridade era se dedicar às eleições do ano que vem.

A situação sofreu uma reviravolta com a divulgação de um informe sobre o telefonema, em 25 de julho, entre Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.

No documento divulgado com trechos da conversa, confirma-se que o republicano pressionou o ucraniano para solicitar e obter informações comprometedoras sobre os Biden. O informe do denunciante também detalhou que a Casa Branca havia tentado acobertar esta ligação.

Os líderes democratas agora parecem ter quórum para reunir a maioria necessária para votar uma moção de impeachment na Câmara de Representantes, preparando o cenário para um possível julgamento do presidente no Senado. A Casa tem maioria republicana.

"Agir rápido"

"Temos de agir rápido, mas não apressadamente e temos de nos concentrar na ligação para a Ucrânia", disse Eric Swalwell, membro do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, nesta sexta-feira à CNN.

"Não precisamos ter uma audiência que dure meses (...) Temos as próprias palavras do presidente, e temos sua conduta depois do ocorrido", afirmou, referindo-se ao ataque de Trump contra o denunciante e outras potenciais testemunhas da Casa Branca.

Swalwell declarou ainda que os comentários de Trump, feitos ontem diante de uma grupo da Missão dos Estados Unidos na ONU, mostravam "sentimento de culpa. As pessoas inocentes não falam dessa maneira".

Nesta sexta, Trump atacou Schiff, lançando uma série de tuítes. O congressista já solicitou ao denunciante, identificado pelo jornal "The New York Times" como um funcionário da CIA que trabalhou na Casa Branca, que testemunhe em seu comitê.

O presidente acusou Schiff de ler "de forma fraudulenta" o memorando oficial da Casa Branca sobre o telefonema para a Ucrânia em uma audiência sobre o informe do denunciante na quinta-feira.

"Mudou totalmente as palavras para que parecesse horrível e para que eu pareça culpado", reclamou Trump.

"Peço que renuncie imediatamente ao Congresso por esta fraude!", afirmou.

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