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Declarações de Abbas provocam críticas de ONU, UE, EUA e Israel

O líder palestino Mahmud Abbas foi criticado após afirmar que foi "a função social" dos judeus que provocou seu massacre ao longo dos séculos

Mahmud Abbas: o líder palestino foi acusado de antissemitismo pelo primeiro-ministro israelense (©AFP / Majdi Mohammed/AFP)
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AFP

Publicado em 2 de maio de 2018 às 15h20.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, suscitou críticas nesta quarta-feira (2) de Israel, Estados Unidos, União Europeia e ONU após afirmar que foi "a função social" dos judeus, e não o antissemitismo, que provocou o massacre que eles sofreram ao longo dos séculos - declarações que parecem tê-lo deixado isolado.

Abbas, que já tinha sido acusado de antissemitismo no passado por Israel, sugeriu na segunda-feira que os massacres realizados contra os judeus na Europa ao longo da História se deveram mais ao seu papel na sociedade, particularmente no setor bancário.

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Estas declarações tocaram um ponto muito sensível em Israel. As reações foram muito fortes em um momento em que as relações entre o governo israelense e a dirigência palestina se deterioraram profundamente. A troca de ofensas à distância é muito frequente.

"Aparentemente, um negacionista continua sendo um negacionista", tuitou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "É hora de que desapareça", acrescentou.

Para o embaixador americano em Israel, David Friedman, de origem judaica, Abbas "desceu mais baixo do que nunca".

As declarações ofensivas foram feitas na segunda-feira perante o Parlamento da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), na presença de jornalistas, em Ramallah, Cisjordânia, ocupada por Israel há mais de meio século.

"Desde o século XI até o Holocausto que ocorreu na Alemanha, os judeus que viviam na Europa ocidental e oriental sofreram matanças a cada 10 ou 15 anos. Eles (os judeus) dizem: 'porque somos judeus'", disse Abbas, de 82 anos, em um longo discurso de uma hora e meia de duração, como é seu costume.

Ele citou "três livros" escritos por judeus como prova, segundo ele, de que "a hostilidade contra os judeus não se deve à sua religião, mas à sua função social", afirmando que se referia às "suas funções sociais relacionadas com os bancos e (empréstimos com) juros".

"Alarmantes"

Abbas voltou a negar o vínculo milenar dos judeus com "a terra de Israel" e apresentou a criação de Israel, há 70 anos, como um projeto "colonial", incentivado pelos europeus para fazer os judeus partirem.

"O antissemitismo de Abu Mazen [apelido de Abbas] não deixa nada a invejar ao de Goebbels [ministro de Propaganda de Adolf Hitler]", escreveu no Facebook o ministro de Segurança Pública de Israel, Guilad Erdan.

O enviado americano para o Oriente Médio, Jason Greenblatt, que também é de origem judaica, qualificou as palavras de Abbas como "muito alarmantes e terrivelmente desanimadoras".

"Quem acredita que é por causa de Israel que não temos paz, faria bem em pensar duas vezes", disse Friedman, enquanto o processo de paz entre Israel e palestinos está em ponto morto desde 2014.

A União Europeia (UE) e a ONU condenaram o que chamaram de "declarações inaceitáveis sobre as origens do Holocausto e a legitimidade de Israel". A UE se declarou decidida a combater "qualquer tentativa de avalizar, justificar ou banalizar o Holocausto".

Para o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, o búlgaro Nickolay Mladenov, as declarações de Abbas são "inaceitáveis" e "profundamente inquietantes".

Abbas "escolheu utilizar seu discurso no Parlamento da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para repetir os insultos antissemitas mais depreciativos" e suas palavras são "inaceitáveis, profundamente inquietantes e não servem aos interesses do povo palestino ou da paz no Oriente Médio", manifestou-se Mladenov em um comunicado.

"Os dirigentes têm a obrigação de se opor ao antissemitismo onde quer que seja e o tempo todo, e não perpetuar as teorias conspiratórias que o alimentam", inistiu Mladenov.

Em junho de 2016, Abbas rejeitou qualquer atitude antissemita quando disse no Parlamento europeu que alguns rabinos haviam pedido ao governo israelense para envenenar a água para matar os palestinos. Esta foi considerada uma versão moderna de acusações medievais feitas aos judeus.

Abbas disse na ocasião ter interpretado mal informações da imprensa. "A Palestina é o berço de três religiões monoteístas e repudiamos os ataques contra todas as religiões", afirmou.

No entanto, as perspectivas de um acerto entre as partes parece distante. Abbas e Netanyahu não tiveram um encontro substancial direto sobre a paz desde 2010.

Além disso, Abbas suspendeu as relações com funcionários americanos após a decisão deDonald Trump de transferir a embaixada americana de Tel Aviv a Jerusalém, reconhecendo a cidade santa como capital israelense.

 

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