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Damasco acusa oposição de atrapalhar trabalho de Kofi Annan

Embaixador diz que a maior ameaça ao plano de paz não são as autoridades sírias, mas as potências que ajudam a oposição a partir do exterior

Annan garantiu nesta quinta-feira diante da Assembleia Geral da ONU que, se o governo sírio cumprir o plano de paz isso deve ocorrer às 2h (de Brasília) de 12 de abril (Louai Beshara/AFP)

Annan garantiu nesta quinta-feira diante da Assembleia Geral da ONU que, se o governo sírio cumprir o plano de paz isso deve ocorrer às 2h (de Brasília) de 12 de abril (Louai Beshara/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2012 às 23h32.

Nações Unidas - O embaixador sírio diante da ONU, Bashar Jaafari, acusou nesta quinta-feira o grupo de "Amigos da Síria" de atrapalhar o trabalho do enviado especial a Damasco, Kofi Annan, e disse que a maior ameaça ao plano de paz não são as autoridades sírias, mas as potências que ajudam a oposição a partir do exterior.

"Os inimigos da Síria declararam em Istambul o compromisso em fornecer aos grupos da oposição armamento e financiamento. Parece que esses 71 países apostam em sua própria linha em detrimento do caminho aberto pela ONU", garantiu o diplomata sírio em entrevista coletiva na sede central das Nações Unidas.

Jaafari culpou concretamente os "Amigos da Síria", que se reuniram na Turquia no domingo passado, de ter "um grande interesse em atrapalhar a missão de Annan" e de manipular a oposição síria para que não se comprometa no diálogo nacional nem cumpra com a data limite apresentada pelo mediador para o fim da violência.

Annan garantiu nesta quinta-feira diante da Assembleia Geral da ONU que, se o governo sírio cumprir o plano de paz tal como se comprometeu o fim total das hostilidades tem de ocorrer às 2h (de Brasília) de 12 de abril.

Jaafari reiterou em várias ocasiões o compromisso de Damasco com o plano de Annan e o cumprimento dessa data limite, mas garantiu que as autoridades sírias não receberam 'sinais positivos' por parte das forças da oposição de que farão o mesmo.

"A oposição externa, que já se reuniu em Istambul e outros locais, se deixa manipular pelos petrodólares e as potências ocidentais, que pedem para não deporem as armas e facilitar ajuda financeira e militar", declarou o embaixador sírio, quem atacou concretamente o Catar, Arábia Saudita e Turquia.

Indicou que o compromisso dessas três nações com o Exército Livre Sírio (ELS) e com o Conselho Nacional Sírio (CNS) não há mais do que "incitar à violência", pelos quais pediu "garantias por escrito' de que estão a favor do plano de seis pontos expostos por Annan e aceito por Damasco.

"O governo sírio necessita de compromisso cristalino e uma garantia do próprio Annan que, uma vez que cumpram com a retirada, as outras partes façam o mesmo e não encham o vazio (de segurança)", afirmou Jaafari, que acrescentou que as hostilidades se agravaram em alguns pontos do país devido aos movimentos da oposição.


O embaixador sírio disse, sem precisar a quais grupos fazia referência, que a "oposição patriótica interna" aceitou dialogar com o governo de Assad para alcançar uma solução pacífica.

Jaafari convocou à imprensa na ONU para queixar-se publicamente do tratamento que recebeu durante o comparecimento de Kofi Annan na Assembleia Geral e arremeteu contra o presidente, o catariano Nassir Abdulaziz Al-Nasser, por não deixá-lo discursar no encontro e rejeitar seu pedido de fazer um minuto de silêncio "em memória das vítimas na Síria".

O diplomata sírio acusou Nasser de ser um "incompetente" para o posto e opinou que tinha lançado "uma mostra de terrorismo midiático e diplomático" contra a Síria para satisfazer os interesses do Catar e da Arábia Saudita no conflito sírio.

O embaixador encenou mais uma vez na ONU as extremas diferenças que enfrentam à Síria com os países do Golfo Pérsico, como o Catar e a Arábia Saudita, e classificou de "penosa" a sessão da Assembleia Geral na qual participou Annan por videoconferência a partir de Genebra.

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