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COP17 impede vexame, mas não salva o planeta

Acordo fixou um roteiro para um pacto global de corte de emissões, mas adiou as medidas determinantes contra o aquecimento do planeta

COP 17: acordo de última hora em Durban fixou um roteiro para um pacto global de corte de emissões (Jacoline Prinsloo/COP17)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2011 às 18h18.

Durban - A 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP17) obteve um acordo de última hora em Durban (África do Sul), fixou um roteiro para um pacto global de corte de emissões, salvou as delegações dos 194 países reunidos de um vexame, mas adiou as medidas determinantes contra o aquecimento do planeta.

O acordo foi estabelecido após longas e árduas negociações, que prolongaram o evento em 36 horas, e foi recebido com alívio depois que as diferenças entre União Europeia (UE), Estados Unidos, China e Índia estiveram a ponto de levar o processo ao fracasso.

'Este é um momento histórico', declarou em entrevista coletiva o ministro do Meio Ambiente da Polônia, Marcin Korolec, cujo país ocupa a Presidência semestral da UE, com expressão cansada após horas de conversas.

A Europa, respaldada em número pela coalizão dos Países Menos Desenvolvidos e da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), conseguiu impor suas diretrizes às potências emergentes e aos EUA para alcançar um acordo global que inclui os principais emissores de gases do efeito estufa.

Este acordo, que deve ser adotado em 2015 e entrar em vigor em 2020, era a condição imposta pela UE para se somar a um segundo período do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e que agora se prolongará até 2017 ou 2020.

Rússia, Japão e Canadá, como já haviam antecipado, decidiram não fazer parte do segundo período de compromisso do único tratado vigente sobre redução de emissões, que obriga somente as nações industrializadas, exceto os EUA.

Mas Bruxelas não conseguiu seu objetivo de obter um marco legal sólido para obrigar os grandes emissores a cumprirem seus compromissos e deixou para a próxima cúpula - que será realizada no Catar em novembro de 2013 - a discussão sobre cortes de emissões mais ambiciosos.

'No final tudo terminou bem', declarou neste domingo à imprensa o negociador americano Todd Stern. 'A Plataforma de Durban é a peça do quebra-cabeça que faltava ao Protocolo de Kyoto'.


Por outro lado, a ONG ambiental Oxfam fez advertências à comunidade internacional. 'A falta de um acordo ambicioso terá dolorosas consequências para os pobres do mundo inteiro. Um aumento de 4 graus centígrados nas temperaturas pode significar a destruição total para os pobres agricultores, que sofrerão mais fome e pobreza'.

Segundo os cientistas, os atuais cortes de emissões não impedirão que a Terra esquente mais de 2 graus centígrados até o final de século, nível considerado perigoso. Eles alertam que seria necessário cortar em 50% os gases do efeito estufa até 2050.

O acordo de Durban também deixa para o Catar a responsabilidade de captar dinheiro necessário para nutrir o Fundo Verde para o Clima, cujo mecanismo de funcionamento recebeu neste domingo os últimos detalhes.

A partir de 2020, o Fundo deve proporcionar aos países mais desfavorecidos US$ 100 bilhões anuais para enfrentar os estragos da mudança climática.

A UE e os demais países desenvolvidos foram alvo neste domingo das críticas de nações como Egito, Venezuela, Colômbia e Bolívia durante o tenso plenário que precedeu à aprovação do acordo. Todos eles expressaram decepção pela falta de metas do projeto e deixaram à Presidência da COP-17 a responsabilidade de levar para frente o acordo.

A representante venezuelana na cúpula, Claudia Salerno, protagonista de outros célebres discursos em cúpulas passadas, acusou a UE de apoiar uma segunda fase de compromissos do Protocolo de Kyoto 'vazia de compromissos' e de buscar 'uma boa entrevista coletiva'.

A presidente da COP-17, a ministra sul-africana Maite Nkoana-Mashabane, disse em discurso ao plenário que a minuta de acordo 'cumpre todos os requisitos de um pacote de compromisso' para conseguir um resultado importante em Durban. 'Não é perfeito, porque o perfeito é inimigo do bom', reconheceu.

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O acordo foi estabelecido após longas e árduas negociações, que prolongaram o evento em 36 horas, e foi recebido com alívio depois que as diferenças entre União Europeia (UE), Estados Unidos, China e Índia estiveram a ponto de levar o processo ao fracasso.

'Este é um momento histórico', declarou em entrevista coletiva o ministro do Meio Ambiente da Polônia, Marcin Korolec, cujo país ocupa a Presidência semestral da UE, com expressão cansada após horas de conversas.

A Europa, respaldada em número pela coalizão dos Países Menos Desenvolvidos e da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), conseguiu impor suas diretrizes às potências emergentes e aos EUA para alcançar um acordo global que inclui os principais emissores de gases do efeito estufa.

Este acordo, que deve ser adotado em 2015 e entrar em vigor em 2020, era a condição imposta pela UE para se somar a um segundo período do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012 e que agora se prolongará até 2017 ou 2020.

Rússia, Japão e Canadá, como já haviam antecipado, decidiram não fazer parte do segundo período de compromisso do único tratado vigente sobre redução de emissões, que obriga somente as nações industrializadas, exceto os EUA.

Mas Bruxelas não conseguiu seu objetivo de obter um marco legal sólido para obrigar os grandes emissores a cumprirem seus compromissos e deixou para a próxima cúpula - que será realizada no Catar em novembro de 2013 - a discussão sobre cortes de emissões mais ambiciosos.

'No final tudo terminou bem', declarou neste domingo à imprensa o negociador americano Todd Stern. 'A Plataforma de Durban é a peça do quebra-cabeça que faltava ao Protocolo de Kyoto'.


Por outro lado, a ONG ambiental Oxfam fez advertências à comunidade internacional. 'A falta de um acordo ambicioso terá dolorosas consequências para os pobres do mundo inteiro. Um aumento de 4 graus centígrados nas temperaturas pode significar a destruição total para os pobres agricultores, que sofrerão mais fome e pobreza'.

Segundo os cientistas, os atuais cortes de emissões não impedirão que a Terra esquente mais de 2 graus centígrados até o final de século, nível considerado perigoso. Eles alertam que seria necessário cortar em 50% os gases do efeito estufa até 2050.

O acordo de Durban também deixa para o Catar a responsabilidade de captar dinheiro necessário para nutrir o Fundo Verde para o Clima, cujo mecanismo de funcionamento recebeu neste domingo os últimos detalhes.

A partir de 2020, o Fundo deve proporcionar aos países mais desfavorecidos US$ 100 bilhões anuais para enfrentar os estragos da mudança climática.

A UE e os demais países desenvolvidos foram alvo neste domingo das críticas de nações como Egito, Venezuela, Colômbia e Bolívia durante o tenso plenário que precedeu à aprovação do acordo. Todos eles expressaram decepção pela falta de metas do projeto e deixaram à Presidência da COP-17 a responsabilidade de levar para frente o acordo.

A representante venezuelana na cúpula, Claudia Salerno, protagonista de outros célebres discursos em cúpulas passadas, acusou a UE de apoiar uma segunda fase de compromissos do Protocolo de Kyoto 'vazia de compromissos' e de buscar 'uma boa entrevista coletiva'.

A presidente da COP-17, a ministra sul-africana Maite Nkoana-Mashabane, disse em discurso ao plenário que a minuta de acordo 'cumpre todos os requisitos de um pacote de compromisso' para conseguir um resultado importante em Durban. 'Não é perfeito, porque o perfeito é inimigo do bom', reconheceu.

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