Cuba e o dilema da web: como sair da idade da pedra virtual
A internet é fundamental hoje em dia, mas os tempos atuais ainda não chegaram a Cuba, que continua sendo um dos piores lugares do mundo para acessar a web
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2015 às 21h51.
Julio Hernández é um engenheiro de telecomunicações , mas como quase todo mundo em Cuba que quer acessar a internet , ele precisa se agachar em uma esquina suja com o laptop, inalando os gases de escape dos carros e aguentando o calor sufocante.
Esse privilégio custa US$ 2 por hora, um valor caro em um país onde o salário médio pago pelo Estado é de US$ 20 por mês.
A internet é fundamental hoje em dia, para os negócios, as finanças, as comunicações e a informação, mas os tempos atuais ainda não chegaram a Cuba, que continua sendo um dos piores lugares do mundo para acessar a internet.
O acesso está restrito a uns poucos lugares de trabalho e a menos de 4 por cento das casas, contando as residências de autoridades, executivos estrangeiros e profissionais da mídia, médicos e artistas.
A internet não é compatível com a velha rede de telefonia celular 2G do país, de 1991.
O governo do presidente Raúl Castro admite o problema, mas enfrenta um dilema: como ampliar o acesso à internet para dar um impulso à economia e satisfazer a população e, ao mesmo tempo, controlar a informação.
As autoridades cubanas dizem que pelo menos 50 por cento da população terá um serviço residencial de internet e 60 por cento terá telefones celulares até 2020, sem explicar como isso vai acontecer.
Adiar o inevitável
“É absurdo o quanto eles adiaram o inevitável”, disse Carlos Alzugaray, ex-embaixador cubano na União Europeia e professor da Universidade de Havana. “Enquanto isso, nós estamos ficando para trás – estamos na idade da pedra”.
A internet foi utilizada por 30 por cento da população de Cuba em 2014, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações, na comparação com 57 por cento na Venezuela, sua aliada, e 87 por cento nos EUA.
Importantes ministérios do governo, joint ventures, universidades e hospitais têm acesso à internet, mas usá-la é uma lenta viagem ao passado do modem discado. Nem pensar em assistir a um vídeo por streaming ou fazer o download ou upload de arquivos grandes.
Essa situação está começando a mudar lentamente. Cybercafés administrados pelo governo abriram há dois anos e cobram US$ 4,50 por hora.
No mês passado, a Etecsa, monopólio estatal de telecomunicações, criou 35 pontos de acesso Wi-Fi na ilha, onde a população pode navegar pela web, como Hernández.
Graças às novas regulamentações emitidas pelo presidente dos EUA, Barack Obama, como parte de sua campanha para normalizar as relações, as empresas americanas – de gigantes da tecnologia da informação, como Google Inc., às provedoras de telefonia, como AT&T Inc.e Verizon Communications Inc. — poderiam ajudar a tirar Cuba da idade da pedra. Mas não se sabe se o governo Castro quer receber essa ajuda e correr o risco de ceder certo controle e influência às empresas dos EUA.
Serviço mais rápido
A Etecsa está testando o serviço de telefonia móvel 3G e 4G que é compatível com a internet, mas ainda não houve nenhuma indicação sobre quem teria acesso a ele.
Durante os últimos meses, empresas americanas fizeram visitas discretas ao país para avaliar o mercado e ponderar as oportunidades, embora nenhuma delas tenha feito um acordo com o governo por enquanto.
Uma equipe da Google foi a Cuba em junho e sugeriu que poderia fornecer antenas para levar conexões de alta velocidade a 70 por cento das casas dentro de três anos, a um custo baixo ou inexistente para Cuba, de acordo com o jornalista Fernando Ravsberg, autor do blog “Cartas de Cuba”.
Suspeitas do governo
A ideia foi recebida com hesitação pelo governo cubano, que suspeita que a Google possa ter vínculos com o Departamento de Estado dos EUA e teme que o governo americano possa utilizar a tecnologia para espionar Cuba ou arquitetar uma mudança de regime, de acordo com autoridades cubanas que pediram anonimato. A porta-voz da Google, Niki Christoff, não quis comentar.
Cuba poderia recorrer à China para encontrar uma solução.
Um documento que vazou no mês passado aparenta ser o plano da Etecsa para construir uma rede residencial de banda larga junto com as empresas chinesas de telecomunicações ZTE Corp. e Huawei Technologies Co., em vez de companhias americanas.
“Abrir ou não abrir a internet é uma discussão boba, porque os censores de Cuba já perderam o controle sobre as informações que a população tem”, disse Ravsberg.
![1. Taiwan](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_taiwan8.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
2 /18(PATRICK LIN/AFP/Getty Images)
Na internet: 12,6 horas Leitura: 5 horas (28º)
![2. Tailândia](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_thai.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
3 /18(Divulgação)
Na internet: 11,7 horas Leitura: 9,4 horas (2º)
![3. Espanha](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_espanha20.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
4 /18(DESIREE MARTIN/AFP/Getty Images)
Na internet: 11,5 horas Leitura: 5,8 horas (20º)
![4. Hungria](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_hungria6.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
5 /18(FERENC ISZA/AFP/Getty Images)
Na internet: 10,9 horas Leitura: 6,8 horas (10º)
![5. China](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_escola-china.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
6 /18(Guang Niu/Getty Images)
Na internet: 10,8 horas Leitura: 8 horas (3º)
![6. Hong Kong](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_12260983_h12632651.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
7 /18(Jerome Favre/Bloomberg)
Na internet: 10,7 horas Leitura: 6,7 horas (12º)
![8. Turquia](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_turquia11.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
8 /18(MEHMET ENGIN/AFP/Getty Images)
Na internet: 10,6 horas Leitura: 5,9 horas (19º)
![9. Brasil](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_amapa16.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
9 /18(Divulgação/ Secretaria de Educação Amapá)
Na internet: 10,5 horas Leitura: 5,2 horas (27º)
![10. Egito](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_eleicao-egito.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
10 /18(Peter Macdiarmid/Getty Images)
Na internet: 10,3 horas Leitura: 7,5 horas (5º)
![11. Filipinas](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_photo_1358432558480-1-hd.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
11 /18(Jay Directo/AFP)
Na internet: 9,8 horas Leitura: 7,6 horas (4º)
![12. Coreia do Sul](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_coreia_do_sul9.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
12 /18(JUNG YEON-JE/AFP/Getty Images)
Na internet: 9,6 horas Leitura: 3,1 horas (30º)
![13. Arábia Saudita](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_1-arabia.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
13 /18(Getty Images)
Na internet: 9,3 horas Leitura: 6,8 horas (11º)
![14. África do Sul](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_mandela.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
14 /18(REUTERS/Siphiwe Sibeko)
Na internet: 9 horas Leitura: 6,3 horas (15º)
![15. Argentina](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_argentina18.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
15 /18(Mario Tama/Getty Images)
Na internet: 8,9 horas Leitura: 5,9 horas (18º)
![18. Reino Unido](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_reino_unido9.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
16 /18(David Bebber/WPA Pool/Getty Images)
Na internet: 8,8 horas Leitura: 5,3 horas (26º)
![19. Estados Unidos](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_estados_unidos5.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
17 /18(Donato Sardella/Getty Images for Barneys New York)
Na internet: 8,8 horas Leitura: 5,7 horas (23º)
![Agora veja onde está o futuro das crianças](https://classic.exame.com/wp-content/uploads/2016/09/size_960_16_9_escola_em_xangai1.jpg?quality=70&strip=info&w=920)
18 /18(PETER PARKS/AFP/Getty Images)