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Cuba começa a libertar detidos após deixar lista de patrocinadores do terrorismo dos EUA

Presos do protesto 11-J começam a ser libertados após negociação entre EUA, Cuba e Vaticano

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Agência de notícias

Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 17h17.

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O governo de Cuba começou a libertar detidos “por crimes diversos” nesta quarta-feira, 15, conforme prometido após a retirada da ilha da lista de patrocinadores do terrorismo dos Estados Unidos. A informação foi confirmada à AFP por familiares de dois prisioneiros e uma ONG de direitos humanos.

O governo cubano anunciou na terça-feira que libertaria 553 pessoas "por delitos diversos" devido à decisão do presidente Joe Biden, que contou com mediação do Vaticano.

"Recebemos uma ligação à noite para irmos hoje à prisão. Entramos às 7h, e às 7h30 ela foi libertada", declarou à AFP Rosabel Loreto, referindo-se à sua sogra, Donaida Pérez Paseiro, de 53 anos. Ela estava presa na província de Villa Clara (centro).

Condenada a oito anos de prisão por participar das históricas manifestações de 11 de julho de 2021 e declarada "presa de consciência" pela Anistia Internacional, Donaida falou pouco depois em um vídeo postado nas redes sociais.

"Para que Cuba fosse tirada da lista de países terroristas, nós fomos sua moeda de troca", disse ela, destacando que espera ver "logo" seu esposo e seus "irmãos de luta" libertos, prometendo continuar "lutando pela liberdade de Cuba".

Primeiras libertações geram alívio e expectativa

Outra mulher, que teve o marido e a filha presos nas manifestações, indicou à AFP que recebeu "uma ligação da segurança do Estado" informando a liberação da filha nesta quarta-feira em Havana.

A ONG Justicia11J, com sede no México, também anunciou no X (antigo Twitter) a libertação de outra manifestante.

Apesar da movimentação, as autoridades cubanas não divulgaram detalhes oficiais sobre a iniciativa ou uma lista com os nomes dos libertados. Durante a manhã, familiares e amigos começaram a compartilhar nas redes sociais os nomes dos prisioneiros que estavam sendo soltos. Até o meio-dia, cerca de uma dezena de detidos já havia sido liberada, de acordo com essas fontes.

Grande parte dos manifestantes libertados foram presos durante os protestos de julho de 2021, conhecidos como 11-J. Essas manifestações foram as maiores desde a Revolução Cubana de 1959.

Política dos EUA impacta libertações

Faltando menos de uma semana para o republicano Donald Trump reassumir a presidência, Biden decidiu aliviar as sanções contra Cuba para "facilitar a libertação de pessoas detidas injustamente", segundo um alto funcionário americano.

De acordo com números oficiais, cerca de 500 cubanos foram condenados a até 25 anos de prisão por participarem dos protestos. No entanto, organizações de defesa dos direitos humanos e a embaixada dos Estados Unidos em Havana contabilizam até 1.000 detidos.

"Esta noite foi uma noite longa... Muito nervosismo, esperando que o telefone toque", relatou à AFP Liset Fonseca, mãe de Roberto Pérez, de 41 anos, preso após os protestos do 11-J e condenado a 10 anos de prisão.

Ainda assim, há incertezas. “Continuo esperando, esperando... Concretamente, ainda não temos nada”, afirmou Liset, que vive em San José de las Lajas, próxima a Havana.

Impactos econômicos e tensões diplomáticas

As decisões de Biden podem ser revertidas pelo governo de Trump, que assume o cargo na próxima segunda-feira. Trump nomeou Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos e crítico do regime da ilha, para chefiar a diplomacia.

Enquanto isso, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que Washington está indo "na direção certa", mas criticou o fato de que "o bloqueio permanece".

O embargo comercial imposto pelos EUA há mais de 60 anos foi endurecido por Trump em seu primeiro mandato (2017-2021). A medida dificulta transações e investimentos internacionais, já que empresas ficam sujeitas a sanções americanas.

Cuba enfrenta atualmente uma grave crise econômica, o que levou centenas de milhares de pessoas a emigrarem para os Estados Unidos nos últimos dois anos, de forma tanto regular quanto irregular, segundo dados oficiais.

Havana continua negando a existência de presos políticos na ilha, acusando os opositores de serem "mercenários" apoiados pelos Estados Unidos.

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