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Cristina Kirchner, a presidente sem rival político

Atual presidente chega a eleição neste domingo como a grande favorita para vencer no primeiro turno

Cristina Kirchner: ela se manteve popular após a morte do marido (Chris McGrath/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2011 às 16h31.

Buenos Aires - 'Precisamos de 40 milhões de loucos para mudar a história' é o lema de campanha que resume o espírito que levou a atual presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, a consolidar sua liderança e resistir à oposição nas eleições do próximo domingo.

Com uma grande experiência política, Cristina, primeira mulher escolhida nas urnas para governar a Argentina , ocupou o poder com estilo próprio e sem trair a imagem de seu marido e antecessor no cargo, Néstor Kirhcner, morto em outubro do ano passado.

Caso se confirme o triunfo anunciado pelas pesquisas, esta advogada de 58 anos que chegou à Presidência em 2007 após duas décadas de carreira política como deputada e senadora, caminha para liderar o mais longo período peronista no poder - 12 anos desde a vitória de Néstor Kirchner em 2003 -, superando inclusive o próprio general Juan Domingo Perón.

Quando Néstor Kirchner morreu, muitos pensaram que Cristina tinha os dias contados à frente do Governo e que o Partido Justicialista (PJ), pouco acostumado a lideranças femininas, terminaria impondo limites à sua carreira política.

No entanto, a presidente demonstrou que tinha bem claros seus objetivos, se cercou de um pequeno grupo de fiéis colaboradores e demarcou muito bem sua estratégia: baixar o tom de confronto que desgastou o governo de seu marido e consolidar o que os kirchneristas chamam de 'modelo' iniciado pelo ex-presidente.

De luto e com uma mensagem conciliadora, Cristina soube vencer a resistência da classe média urbana para reinar nas primárias do último mês de agosto, com 50,24% dos votos e 38 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Ricardo Alfonsín.

Em 2007, quando sucedeu seu marido na Presidência, com 45,29% de votos, quase o dobro do que Kirchner obteve em 2003, Cristinha teve a aprovação de 52% dos argentinos.

A boa imagem se desfez em menos de um ano em conflitos conduzidos por Néstor Kirchner, como as desavenças com os sindicatos agrários, que ameaçaram inclusive sua legislatura.

Porém, já sozinha no poder, a presidente soube evitar o conflito e ganhar em popularidade com uma imagem menos soberba, e muitas vezes frágil.

'Não posso fazer isso sozinha, preciso de ajuda', reconheceu, emocionada, em um de seus discursos pouco depois da morte do marido.


Desde então, aproveitou a bonança econômica que a Argentina vive, com o maior crescimento entre todos os países latino-americanos, e manteve um discurso com tons populistas que não a impediu de iniciar negociações com organizações financeiras internacionais e grandes empresários.

Nem sequer as notícias sobre o crescimento desmesurado de sua fortuna pessoal ou a falta de resposta de seu Governo para dois dos problemas mais graves do país, a inflação e a insegurança, prejudicaram sua imagem.

Com pulso firme, retirou do caminho colaboradores incômodos e tirou prudentemente de cena personagens polêmicos como o poderoso líder sindical Hugo Moyano e a presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, diante das denúncias de fraude contra esse grupo.

Seus inimigos políticos foram atropelados, como o vice-presidente Julio Cobos, que chegou a cogitar a ideia de substituí-la após os conflitos do Governo com os agropecuaristas e agora procura uma ocupação antes de sua aposentadoria, ou a opositora Elisa Carrió, sua adversária nas eleições de 2007 e que hoje não consegue atrair nem 3% do eleitorado.

Um dos fatores decisivos nesta mudança radical foi, sem dúvida, a morte de Néstor Kirchner, seu 'companheiro de vida', como ela mesma descreve.

Filha de um casal de classe média, Cristina conheceu Néstor na universidade e se casou com ele em 1975, após seis meses de namoro, quando ambos iniciavam a militância nas Juventudes Peronistas.

Após o golpe de Estado de 1976, o casal se fixou em Río Gallegos, cidade natal de Kirchner, onde o ex-presidente iniciou sua carreira política, primeiro como intendente, depois como governador de Santa Cruz e finalmente como presidente da Argentina.

Embora tenha nascido em La Plata, na província de Buenos Aires, Cristina considera que Río Gallegos e El Calafate - a turística cidade patagônica onde Kirchner morreu -, são seus 'lugares no mundo'.

Em Río Gallegos, Cristina tem sua casa. Foi lá que nasceram seus filhos - Máximo, de 34 anos, e Florencia, de 21 -, e é onde está sendo erguido um grande mausoléu em homenagem a Néstor Kirchner. EFE

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Buenos Aires - 'Precisamos de 40 milhões de loucos para mudar a história' é o lema de campanha que resume o espírito que levou a atual presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, a consolidar sua liderança e resistir à oposição nas eleições do próximo domingo.

Com uma grande experiência política, Cristina, primeira mulher escolhida nas urnas para governar a Argentina , ocupou o poder com estilo próprio e sem trair a imagem de seu marido e antecessor no cargo, Néstor Kirhcner, morto em outubro do ano passado.

Caso se confirme o triunfo anunciado pelas pesquisas, esta advogada de 58 anos que chegou à Presidência em 2007 após duas décadas de carreira política como deputada e senadora, caminha para liderar o mais longo período peronista no poder - 12 anos desde a vitória de Néstor Kirchner em 2003 -, superando inclusive o próprio general Juan Domingo Perón.

Quando Néstor Kirchner morreu, muitos pensaram que Cristina tinha os dias contados à frente do Governo e que o Partido Justicialista (PJ), pouco acostumado a lideranças femininas, terminaria impondo limites à sua carreira política.

No entanto, a presidente demonstrou que tinha bem claros seus objetivos, se cercou de um pequeno grupo de fiéis colaboradores e demarcou muito bem sua estratégia: baixar o tom de confronto que desgastou o governo de seu marido e consolidar o que os kirchneristas chamam de 'modelo' iniciado pelo ex-presidente.

De luto e com uma mensagem conciliadora, Cristina soube vencer a resistência da classe média urbana para reinar nas primárias do último mês de agosto, com 50,24% dos votos e 38 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Ricardo Alfonsín.

Em 2007, quando sucedeu seu marido na Presidência, com 45,29% de votos, quase o dobro do que Kirchner obteve em 2003, Cristinha teve a aprovação de 52% dos argentinos.

A boa imagem se desfez em menos de um ano em conflitos conduzidos por Néstor Kirchner, como as desavenças com os sindicatos agrários, que ameaçaram inclusive sua legislatura.

Porém, já sozinha no poder, a presidente soube evitar o conflito e ganhar em popularidade com uma imagem menos soberba, e muitas vezes frágil.

'Não posso fazer isso sozinha, preciso de ajuda', reconheceu, emocionada, em um de seus discursos pouco depois da morte do marido.


Desde então, aproveitou a bonança econômica que a Argentina vive, com o maior crescimento entre todos os países latino-americanos, e manteve um discurso com tons populistas que não a impediu de iniciar negociações com organizações financeiras internacionais e grandes empresários.

Nem sequer as notícias sobre o crescimento desmesurado de sua fortuna pessoal ou a falta de resposta de seu Governo para dois dos problemas mais graves do país, a inflação e a insegurança, prejudicaram sua imagem.

Com pulso firme, retirou do caminho colaboradores incômodos e tirou prudentemente de cena personagens polêmicos como o poderoso líder sindical Hugo Moyano e a presidente da Associação das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, diante das denúncias de fraude contra esse grupo.

Seus inimigos políticos foram atropelados, como o vice-presidente Julio Cobos, que chegou a cogitar a ideia de substituí-la após os conflitos do Governo com os agropecuaristas e agora procura uma ocupação antes de sua aposentadoria, ou a opositora Elisa Carrió, sua adversária nas eleições de 2007 e que hoje não consegue atrair nem 3% do eleitorado.

Um dos fatores decisivos nesta mudança radical foi, sem dúvida, a morte de Néstor Kirchner, seu 'companheiro de vida', como ela mesma descreve.

Filha de um casal de classe média, Cristina conheceu Néstor na universidade e se casou com ele em 1975, após seis meses de namoro, quando ambos iniciavam a militância nas Juventudes Peronistas.

Após o golpe de Estado de 1976, o casal se fixou em Río Gallegos, cidade natal de Kirchner, onde o ex-presidente iniciou sua carreira política, primeiro como intendente, depois como governador de Santa Cruz e finalmente como presidente da Argentina.

Embora tenha nascido em La Plata, na província de Buenos Aires, Cristina considera que Río Gallegos e El Calafate - a turística cidade patagônica onde Kirchner morreu -, são seus 'lugares no mundo'.

Em Río Gallegos, Cristina tem sua casa. Foi lá que nasceram seus filhos - Máximo, de 34 anos, e Florencia, de 21 -, e é onde está sendo erguido um grande mausoléu em homenagem a Néstor Kirchner. EFE

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