Mundo

Crise se agrava para Boris Johnson, que perde ministro do Brexit

A saída imediata de David Frost, de 56 anos, deixa um enorme vazio no lado britânico nas complexas negociações com a União Europeia (UE) para implementar os acordos pós-Brexit sobre a Irlanda do Norte, que ainda não foram finalizados

Boris Johson afirmou que "lamentava" a saída de David Frost, expressando sua gratidão pelo trabalho realizado. (Leon Neal - WPA Pool/Getty Images)

Boris Johson afirmou que "lamentava" a saída de David Frost, expressando sua gratidão pelo trabalho realizado. (Leon Neal - WPA Pool/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 16h09.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, viu se agravar ainda mais neste domingo (9) a crise política em que já se encontra, após a renúncia inesperada do ministro do Brexit.

A saída imediata de David Frost, de 56 anos, revelada na noite de sábado pelo jornal Mail on Sunday, deixa um enorme vazio no lado britânico nas complexas negociações com a União Europeia (UE) para implementar os acordos pós-Brexit sobre a Irlanda do Norte, que ainda não foram finalizados.

Dois anos depois de uma vitória eleitoral apoiada na promessa de alcançar o Brexit, Johnson se vê cercado de escândalos e esta semana sofreu uma revolta de seu grupo político devido a medidas contra a pandemia, seguida pela perda de um reduto conservador em uma eleição parcial na Inglaterra.

Também está enfrentando um surto de casos de covid-19, causado pela variante ômicron.

Em sua carta de renúncia, divulgada na noite de sábado por Downing Street, Frost apontou as novas restrições de combate ao coronavírus, o aumento de impostos e a política aplicada para alcançar a neutralidade de carbono em 2050, ao explicar sua saída.

Boris Johnson afirmou que "lamentava" a saída de David Frost, expressando sua gratidão pelo trabalho realizado.

Neste domingo, o ministro da Saúde, Sajid Javid, disse ao canal Sky News que "entende as razões" que levaram Frost, "um homem de princípios", a deixar seu cargo.

A ministra britânica das Relações Exteriores, Liz Truss, foi nomeada para assumir os assuntos pós-Brexit no lugar de Frost, anunciou Downing Street neste domingo.

- "Momento decisivo" -

Na Radio Times, a ex-primeira-ministra da Irlanda do Norte, Arlene Foster, pressionada a deixar seu posto em abril por ser considerada moderada demais, descreveu a renúncia de David Frost como "muito, muito decepcionante", pois ele "compreendia" os problemas criados pelos novos acordos pós-Brexit na Irlanda do Norte.

Por sua vez, a número dois da oposição trabalhista, Angela Rayner, escreveu no Twitter que o governo está "em um caos absoluto, justamente quando o país atravessa semanas de incertezas".

Na bancada da maioria conservadora, o parlamentar Andrew Bridgen afirmou que para Johnson se trata de um "momento decisivo". “Ou muda ou vai embora”, disse ele à Radio Times. Este fervoroso 'brexiter' também tuitou que o primeiro-ministro "está ficando sem tempo e amigos para cumprir suas promessas e a disciplina de um verdadeiro governo conservador".

Partidário de uma linha dura com a UE, David Frost liderou as negociações de Londres sobre o Brexit, especialmente no que diz respeito à implementação do polêmico protocolo para a Irlanda do Norte.

Este último estabelece um novo regime aduaneiro para a província britânica, que na prática a mantém no mercado único e na união aduaneira europeia.

O Reino Unido e a UE tentam há meses chegar a um acordo sobre como implementar o texto, em vigor desde o início do ano. Embora Frost tenha assumido uma posição inflexível, exigindo que todos os recursos à justiça europeia para a resolução de disputas fossem contornados, em vez disso, o governo ultimamente parece ter suavizado sua posição sobre o assunto.

Acompanhe tudo sobre:Boris JohnsonBrexitReino Unido

Mais de Mundo

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social

Venezuela liberta 10 detidos durante protestos pós-eleições

Zelensky quer que guerra contra Rússia acabe em 2025 por 'meios diplomáticos'

Macron espera que Milei se una a 'consenso internacional' antes da reunião de cúpula do G20