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Crise no Reino Unido provoca longas filas por medo de falta de gasolina

Após o desabastecimento de alimentos e bebidas, britânicos agora fazem fila para abastecer seus carros, temendo a escassez de gasolina

O principal nó na logística de fornecimento de produtos no Reino Unido é a escassez de caminhoneiros (Leon Neal/Getty Images)

O principal nó na logística de fornecimento de produtos no Reino Unido é a escassez de caminhoneiros (Leon Neal/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de setembro de 2021 às 09h36.

Depois de enfrentar problemas com o desabastecimento de alimentos e bebidas, que esvaziaram as prateleiras de vários supermercado, além da alta dos preços e da interrupção de vendas de produtos de fast-food, como o McDonald’s e o KFC, os britânicos agora fazem fila para abastecer seus carros, temendo a escassez de gasolina. A Shell e a BP tiveram de fechar postos de serviço em algumas cidades do país.

O fenômeno, batizado pelos economistas como "compras nervosas", é produto do desequilíbrio de mão de obra no setor de logística trazido pelo Brexit e pela pandemia de covid-19. Ontem houve registro de filas em diversos postos de gasolina depois de o ministro dos Transportes, Grant Shapps, pedir que a população não corresse aos postos e mantivesse a vida em "ritmo normal".

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O principal nó na logística de fornecimento de produtos no Reino Unido atualmente é a escassez de motoristas de caminhão, atividade essencial na distribuição de bens de consumo pelo país. Com a saída do Reino Unido da União Europeia, o sindicato da categoria estima que 100 mil trabalhadores que desempenhavam a atividade no país retornaram para o continente, principalmente para o Leste da Europa. O fenômeno foi amplificado pela pandemia que fez com que muitos europeus residentes no Reino Unido retornassem a seus países de origem. Cerca de 1,4 milhão de europeus deixaram o Reino Unido nos últimos 18 meses.

Crise no Reino Unido provoca longas filas por medo de falta de gasolina

Sem a força de trabalho imigrante, o país não consegue suprir a atividade com mão de obra local, em virtude dos baixos salários pagos no setor - algo que os opositores do Brexit alertavam que poderia ocorrer.

Com o enfraquecimento da atividade econômica e as interrupções na vida cotidiana causada pela pandemia, processos de treinamento e habilitação de novos motoristas também foram interrompidos. A esperança é que muitos dos trabalhadores do setor de serviços - duramente afetado pela pandemia - tentem vagas como motoristas de caminhão. Mas esse processo leva tempo.

A continuidade da crise amplia a pressão sobre o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que hesita em abrir concessão para que os imigrantes do Leste da Europa reocupem seus postos de trabalho no Reino Unido.

As indústrias do setor alimentício, e principalmente de brinquedos, temendo que a crise chegue ao Natal, no entanto, pressionam Johnson a ceder.

Questionado pelo Washington Post, o gabinete do primeiro-ministro não respondeu aos pedidos de comentário sobre se o governo emitiria vistos de curto prazo para trabalhadores da União Europeia. O Financial Times informou que Johnson ordenou uma solução rápida para a falta de motoristas, mas ainda não está claro qual seria essa resposta.

Falta de gás

A crise da cadeia de abastecimento coincidiu com uma crise de energia no Reino Unido causada pelo aumento do preço do gás natural. Vários fornecedores já entraram em colapso e milhões de britânicos enfrentam contas significativamente mais altas, que podem subir ainda mais com a chegada do inverno do Hemisfério Norte.

O Reino Unido também já enfrenta a escassez de dióxido de carbono, utilizado pelos fabricantes de cervejas, refrigerantes e outras bebidas com gás. O dióxido de carbono é usado em centenas de produtos para adicionar bolhas e estender sua vida útil. A Associação de Refrigerantes do Reino Unido informou, no dia 20, que 340 mil empregos na indústria poderiam ser afetados pela falta de gás. 

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