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Trump amplia ofensiva e mira petróleo da Venezuela para pressionar Maduro

Apreensão de segundo navio petroleiro mostra investida de Trump em tentar impactar economia da Venezuela

Donald Trump e Maduro: escalada de conflito entre líderes avança para o petróleo da Venezuela

Donald Trump e Maduro: escalada de conflito entre líderes avança para o petróleo da Venezuela

Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 23 de dezembro de 2025 às 06h21.

Os Estados Unidos tentam afetar a economia da Venezuela ao atacar navios carregados com o petróleo do país.

O país norte-americano mobilizou uma grande frota militar no Caribe, chamada de Operação Lança do Sul e visando atacar o narcotráfico.

Os EUA apreenderam o segundo navio petroleiro perto da costa da Venezuela no último domingo, 21, realizando apreensões de embarcações sancionadas.

Em entrevista ao canal NBC, Donald Trump disse que o presidente venezuelano Nicolás Maduro “está com os dias contados” e que não descarta uma guerra com a Venezuela. Maduro “sabe exatamente o que eu quero”, afirmou o presidente.

Fornecedor antigo

Os Estados Unidos exploraram por décadas o petróleo da Venezuela, desde as primeiras descobertas na década de 1920 até a nacionalização em 1976. Muitas refinarias americanas foram projetadas para processar seu petróleo bruto, conhecido como pesado e extra pesado por sua alta densidade.

A Venezuela produz quase um milhão de barris por dia, e a Chevron é a única autorizada a transportar o combustível para os Estados Unidos, devido a um embargo imposto por Trump em 2019.

São aproximadamente 200 mil barris, segundo uma fonte em relato à AFP, que viajam em navios não sancionados e, portanto, a salvo das operações militares.

Um primeiro navio foi interceptado em 10 de dezembro e levado aos Estados Unidos com sua carga. Segundo Maduro, o navio estava carregando 1,9 milhão de barris.

O presidente venezuelano ainda chamou a operação estadunidense como “pirataria naval criminosa”.

Uma segunda embarcação foi detida no sábado e a Guarda Costeira americana relatou uma perseguição a uma terceira, sem especificar detalhes.

De acordo com análise da AFP, o segundo navio apreendido não estava lista do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos de empresas e indivíduos sancionados.

Alcance do bloqueio

Trump determinou o bloqueio de navios sancionados, mas analistas alertam que a medida é vaga e pode afetar qualquer embarcação com petróleo venezuelano, exceto as que trabalham para a Chevron.

De acordo com Juan Szabo, consultor e ex-vice-presidente da estatal PDVSA, a Venezuela exporta cerca de 500 mil barris no mercado paralelo, principalmente para a Ásia.

A política não é rígida: alguns navios passaram sem problemas, mas o risco pode aumentar os custos de frete ou dissuadir as empresas de navegação, disse Szabo. O consultar ainda disse que a PDVSA "assegura que as exportações sigam normalmente", já que existe uma baixa capacidade de armazenamento, de apenas dois a três dias.

"Se houver um bloqueio de verdade, a produção vai parar muito rápido como na grande greve de 2002", explicou em relação ao protesto contra o então presidente Hugo Chávez.

Geopolítica

O Conselho de Segurança das Nações Unidas deve se reunir na próxima terça-feira, 23, para discutir o assunto.

A pressão dos Estados Unidos sobre Maduro começou em setembro, com o bombardeio de embarcações vinculadas ao que Trump chama de "cartel liderado pelo presidente de esquerda". Já são mais de 100 mortos nessas operações contra as chamadas "narcolanchas".

Carlos Mendoza Potellá, professor de Economia Energética na Venezuela, batizou os acontecimentos em torno do petróleo venezuelano como "Doutrina Trump", na qual os Estados Unidos "reservam a América para si" no âmbito de sua nova estratégia de segurança.

"Isto não é apenas petróleo, é a partilha do mundo" com China e Rússia, acrescentou. "Somos a primeira instância, a primeira demonstração desse poder", disse à AFP.

Além do ataque ao petróleo, Trump já havia tentado lidar com a política externa por meio de sanções contra a Venezuela em seu primeiro governo.

Pressão na economia da Venezuela

O bloqueio aumenta a pressão sobre a já economia da Venezuela, que deve terminar o ano com uma  hiperinflação.

Os venezuelanos não param de falar da mobilização militar dos Estados Unidos, embora em voz baixa, temendo acabar na prisão.

Alguns aguardam um bombardeio que encerre 26 anos de chavismo, e outros temem que o isolamento leve de volta àqueles dias em que era preciso enfrentar longas filas para comprar café ou açúcar.

Szabo calcula que as exportações cairão 45% nos próximos quatro meses, o que pesará no bolso do Estado.

Segundo o consultor e ex-vice-presidente da estatal PDVSA, "a entrada de divisas será um terço do que era quando o país já estava em crise" entre março e abril. "Haverá um encarecimento enorme", disse.

Com agência AFP.

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