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Criatividade impulsiona luta dos egípcios

Protestantes reunidos na praça Tahrir, no Cairo, usam arte para mostrar o descontentamento com Mubarak; filme começa a ser feito no local nessa quinta-feira

Manifestação na praça Tahrir: música, desenhos e filmes servem como protesto (Peter Macdiarmid/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 11h53.

Cairo - O coração do Cairo é uma panela em ebulição onde não só se cozinham reformas políticas mas também distintas expressões artísticas, que dão o toque picante para uma revolta popular que expressa suas reivindicações com criatividade.

Cantores espontâneos, marionetes, caricaturistas e cineastas se reúnem nesta quarta-feira, como todo dia, na praça Tahrir com o objetivo que o presidente egípcio, Hosni Mubarak, compreenda a mensagem dos manifestantes, que pedem desde o dia 25 de janeiro sua renúncia.

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"Todos os egípcios querem democracia, a liberdade nos pertence. Mubarak que fique em casa", afirma um homem de 50 anos com um microfone em punho no centro da simbólica praça.

Os manifestantes transformaram os protestos políticos contra o regime egípcio em uma espécie de festival no qual a cada dia se reúnem dezenas de milhares de pessoas.

O ambiente tem um ar carnavalesco com a profusão de chapéus e máscaras, como a que cobre o rosto do jovem Mahmoud Hafez, que sente que todos os reunidos na praça são "super-heróis" e rejeita com humor a intromissão de potências estrangeiras.

"Não precisamos de super-heróis americanos como Homem-Aranha e Batman para realizar esta revolução", ressaltou Hafez, orgulhoso de seu país e de seus compatriotas.

Se algo foi conquistado nesta revolta popular foi alimentar o sentimento de união nacional entre os manifestantes, o que se transfere a todos os complementos do festival, que têm como denominador comum as cores da bandeira do Egito.

Com o vermelho, o branco e o preto, alguns egípcios começam a lucrar nas proximidades da praça Tahrir, onde prolifera a venda de estandartes, chapéus e fitas, cujo preço oscila entre 2 e 15 libras egípcias (entre US$ 0,25 e US$ 2,55).

"Há pipocas, bandeiras e concertos. O ambiente é muito alegre. Tahrir me lembra um festival", disse a estudante de 18 anos, Asa Tag, à Agência Efe.

Ao jornalismo social se soma a partir de quinta-feira a filmagem de um filme centrado na história do médico Tareq Helmi, que em um hospital de campanha presta socorro médico aos feridos nos protestos.

Muitos dos feridos recebem atendimento médico por ferimentos causados por pedradas dos partidários do regime e, curiosamente, inclusive a arma destas agressões, as pedras, é utilizada para escrever frases em cinco idiomas com o mesmo objetivo: a saída de Mubarak.

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