Crianças trabalhando: a co-autora do documento indicou que muitos menores querem ir à escola, mas "a pobreza encoraja os pais a buscar emprego para seus filhos" (Noorullah Shirzada/AFP)
AFP
Publicado em 7 de dezembro de 2016 às 15h05.
As crianças das favelas de Bangladesh que trabalham, frequentemente nos ateliês têxteis de grandes marcas internacionais, cumprem jornadas de trabalho semanais de 64 horas, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira.
De acordo com o estudo da organização Overseas Development Institute (ODI), com sede em Londres, 15% das crianças de entre 6 e 14 anos dos bairros mais miseráveis da capital não vão à escola, mas trabalham em período integral. Este número sobe para 50% aos 14 anos.
Dois terços das meninas que trabalham, questionadas pelos investigadores do ODI, estão no setor têxtil, que representa 30 bilhões de dólares na economia de Bangladesh, em plena expansão.
A co-autora do documento, Maria Quattri, indicou que muitos menores querem ir à escola, mas "a pobreza encoraja os pais a buscar emprego para seus filhos, embora saibam que isso coloca em risco seu futuro no longo prazo".
O responsável por um ateliê têxtil, não identificado, reconheceu, segundo o texto, que havia crianças de entre 11 e 14 anos em suas instalações, mas não considerava que isso fosse ilegal.
Nem as autoridades bengalesas, nem a indústria têxtil fizeram comentários. Segundo líderes sindicais, o trabalho infantil está muito disseminado nas fábricas do país.