Abdel Fattah al Sisi: general que depôs em julho o presidente islâmico Mohamed Mursi mantém um suspense sobre as intenções para a eleição presidencial que pode acontecer já em abril (Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 10h42.
Cairo - A candidatura de Abdel Fattah al Sisi a presidente do Egito parece mais uma questão de quando do que de se. Pela segunda vez em três dias, a imprensa local noticiou na segunda-feira que o comandante do Exército do Egito finalmente se decidiu.
Sem outros candidatos óbvios ao cargo, o general que depôs em julho o presidente islâmico Mohamed Mursi mantém um suspense sobre as intenções para a eleição presidencial que pode acontecer já em abril.
A candidatura dele acirraria as divisões entre os muitos egípcios que consideram necessário um governo firme para tirar o país da crise e os partidários da Irmandade Muçulmana, grupo de Mursi que tem sofrido intensa repressão.
Falando sob anonimato à Reuters, um funcionário dos serviços de segurança disse que Sisi vai "muito provavelmente anunciar que irá disputar a Presidência". Ele acrescentou: "O Exército em uma recente reunião manifestou seu apoio para que ele concorra".
A questão das intenções de Sisi, que é também ministro da Defesa, se tornou mais premente desde que as autoridades nomeadas e sustentadas pelos militares sinalizaram que a eleição presidencial poderá ser realizada antes das parlamentares, ao contrário do que previa o cronograma inicial.
Oficialmente, o Exército não se manifesta sobre as intenções de seu comandante, e no sábado a corporação divulgou nota que, respondendo a uma reportagem especulativa de um canal de TV, cobrava mais profissionalismo da imprensa.
Mas a nota não desmente claramente o teor da reportagem difundida em um programa do canal MBC Egypt, segundo a qual Sisi disputará a Presidência e seu atual chefe de Estado-Maior, Sedki Sobhi, assumirá o comando do Exército e o ministério da Defesa.
Há poucas dúvidas de que Sisi sairia vencedor de uma eleição presidencial, devolvendo o Egito à época em que a chefia de Estado era sempre ocupada por militares -- um padrão interrompido em 2012 pela vitória eleitoral de Mursi, que passou um ano no cargo até ser derrubado pelos militares.
O próprio general, de 59 anos, não faz questão de elucidar os rumores. "Vejamos o que o dia nos traz", disse ele em novembro a um jornal do Kuweit.