Correa nega tentativa de ampliar poderes com consulta popular
Oposição é contrária à proposta de mudanças no país; governo afirma estar sendo boicotado
Da Redação
Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 09h25.
Brasília - Sob resistência da oposição que rejeita a realização de uma consulta pública para promover reformas no Equador, o presidente equatoriano, Rafael Correa, acusou ontem (25) os adversários políticos de não cooperarem com a Revolução Cidadã. Correa pediu apoio da população e negou que queira ampliar seus poderes políticos. "[A oposição] não sabe o que fazer para boicotar a consulta porque sabe que o povo equatoriano vai apoiar a revolução dos cidadãos", disse.
A oposição acusa Correa de promover a consulta popular para efetivar a ampliação dos poderes como presidente da República. Ele negou a acusação. Amanhã (27), Correa deve apresentar, durante audiência pública, as razões que o motivam a defender a consulta popular. O presidente sofre críticas também dos aliados.
Na semana passada, o presidente encaminhou ao Tribunal Constitucional a proposta de consulta popular. De acordo com ele, o objetivo principal é promover a independência da Justiça equatoriana.
Segundo Correa, a consulta popular possibilitará o governo a "colocar a mão" no sistema de Justiça do país para "melhorá-lo". A consulta popular reúne dez questões que vão desde perguntas sobre mudanças no sistema do Judiciário até alterações na legislação de controle de mídias e na detenção de criminosos.
Uma das questões mais polêmicas é a que propõe a substituição do Conselho Judicial - que administra o sistema Judiciário no Equador - por uma comissão tripartite composta por representantes do Executivo e do Legislativo, alguns deles indicados pelo presidente da República. “Isso é democracia. Mas o que não pode ser a intenção de retirar o direito das pessoas de se expressar nas urnas ", disse Correa.
O presidente do Congresso do Equador, Fernando Cordero, apelou para que se "aprenda a diferenciar o que é oposição ao governo do limiar de intolerância contra o povo equatoriano a ser consultado”.