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Correa declara estado de exceção no Equador

Equador é tomado por protestos de militares contra corte de benefícios; presidente acusa golpe de Estado

Protesto em frente ao hospital onde o presidente equatoriano se diz "praticamente sequestrado" (.)

Protesto em frente ao hospital onde o presidente equatoriano se diz "praticamente sequestrado" (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.

Quito - O presidente do Equador, Rafael Correa, decretou nesta quinta-feira, 30, estado de exceção em todo o país por cinco dias para frear um protesto de militares e policiais que considerou como uma tentativa de golpe de Estado.

"Uma vez que setores da polícia abandonaram irresponsavelmente seu trabalho, tivemos de declarar o estado de exceção", disse o ministro de Segurança Doméstica, Miguel Carnaval, a jornalistas.

Correa afirmou hoje que há uma tentativa de golpe em andamento. Ele qualificou os distúrbios no país como "uma tentativa de golpe da oposição". Centenas de policiais e alguns militares protestam contra uma nova lei que corta benefícios das forças de segurança.

Os manifestantes tomaram o Congresso e o controle do principal aeroporto internacional da capital, Quito, provocando a suspensão de voos. Rodovias foram bloqueadas e houve relatos de distúrbios e até roubos de bancos. Outros setores do funcionalismo também afetados pela nova lei se uniram aos protestos, incluindo os estudantes. Apesar disso, não há relatos de violência séria contra o governo.

O líder equatoriano disse estar "praticamente sequestrado" em um hospital da capital. Correa foi hospitalizado por causa dos efeitos do gás lacrimogêneo, após tentar se dirigir aos manifestantes em um quartel de Quito. "Se vocês querem matar o presidente, aqui está ele. Matem-me!", disse, recusando-se a recuar na nova lei.

Falando por telefone da sala de um hospital onde ele disse estar recebendo medicação intravenosa para se recuperar, Correa qualificou os distúrbios como golpe. O presidente afirmou que "a história irá julgá-los (os manifestantes)". "Eu convoco a polícia patriótica a se submeter" à liderança do presidente, afirmou.

Escolas e lojas foram fechadas por causa da falta de proteção policial. Há relatos de saques em algumas cidades do país, incluindo na capital, onde pelo menos dois bancos foram saqueados, e na cidade costeira de Guayaquil. O principal jornal do país, El Universo, informa que houve assaltos em supermercados e roubos por causa da ausência da polícia.

Apoio

Dezenas de partidários de Correa marcharam até o centro de Quito a fim de demonstrar apoio ao presidente. Um país tradicionalmente instável, o Equador vivia em um período de relativa paz e estabilidade desde a posse de Correa, em 2007. Economista com estudos nos Estados Unidos, Correa é de esquerda e próximo ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

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