Destroços do avião da Air Algérie, que caiu no Mali, matando 118 pessoas (ECPAD/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2014 às 14h14.
Paris - O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, afirmou nesta segunda-feira que os corpos das vítimas do voo da Air Algérie, operado pela companhia espanhola Swiftair, que caiu na quinta-feira no Mali "estão pulverizados".
Mas Fabius ressaltou em entrevista coletiva que o objetivo é, "na medida do possível, identificá-los e entregá-los às famílias das vítimas".
Fabius confirmou que os procedimentos para a identificação dos 118 ocupantes do avião serão realizados em Paris, mas "em cooperação" com os outros 14 países que tinham cidadãos a bordo.
"Será feito todo o possível para que os restos das vítimas possam ser identificados", reiterou.
Por enquanto, os trabalhos estão sendo feito no local em que a aeronave caiu.
Desde sábado à tarde há 22 analistas franceses, entre gendarmes da Divisão de Transportes Aéreos e de identificação de vítimas e especialistas do órgão especializado em acidentes de aviões, o BEA.
Junto deles há 15 especialistas argelinos, dez espanhóis e três malineses, além dos americanos, país de fabricação do aparelho, um MD-83.
Também estão no ponto onde caiu o aparelho 170 soldados franceses, outros 30 malineses e membros da força da ONU. A eles se somarão esta noite mais 30 militares franceses com um comboio de veículos de abastecimento, que saíram hoje de Gossi, cidade a 80 quilômetros, onde foi montada uma base logística.
Eles trabalham "em condições extremamente difíceis", destacou Fabius, por causa do isolamento (são oito horas de distância do local do acidente até Gossi), por causa do calor extremo nessa época do ano, plena estação das chuvas.
A primeira missão é "preservar a integridade da área do acidente e garantir a segurança dos pesquisadores", apontou o chefe do Estado-Maior do exército francês, Pierre de Villiers.
Nesta manhã chegaram a Paris, em um voo vindo de Bamaco, capital do Mali, as duas caixas-pretas da aeronave, que foram imediatamente colocadas nas mãos de seis engenheiros do Escritório de Investigações e Análise (BEA), que trabalharão em tempo integral para extrair os dados contidos ali.
"É uma tarefa essencial e delicada", explicou o secretário de Estado de Transportes francês, Frédéric Cuvillier, que contou que o primeiro passo é garantir que a informação que está nas caixas-pretas é legível e depois decifrá-la para orientar a investigação.
"Temos confiança plena nos investigadores do BEA, embora saibamos que este trabalho levará tempo, talvez semanas mesmo se os dados forem aproveitáveis", advertiu Cuvillier.
O chefe da diplomacia francesa, consciente das suspeitas causadas pela liderança da França na investigação, posto cedido pelo Mali por causa da falta de estrutura e recursos, quis deixar claro que "o trabalho de análise do BEA será realizado em coordenação com Mali e Argélia".
Por outro lado, o governo francês nomeou dois coordenadores, um diplomático e um responsável pela direção geral da Aviação Civil, "como interlocutores das famílias" com as administrações, mas também com as seguradoras, as companhias aéreas e os outros envolvidos.
O Ministério de Exteriores da França se comprometeu a entregar em até o fim de semana às 54 famílias francesas que estavam no voo a certidão de óbito para que possam lidar com a burocracia envolvida.