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Corpo de guarda nazista morto na Alemanha é levado aos EUA

Demjanjuk foi um dos últimos criminosos do nacional-socialismo processado no país

Demjanjuk foi capturado como soldado soviético em 1942 pelos nazistas e transformado em guarda de Sobibor  (Wikimedia Commons)

Demjanjuk foi capturado como soldado soviético em 1942 pelos nazistas e transformado em guarda de Sobibor (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2012 às 21h44.

Berlim - O corpo do antigo guarda de campo de concentração nazista John Demjanjuk, morto no dia 17 de março em um asilo para idosos aos 91 anos de idade, será enviado nesta segunda-feira aos Estados Unidos por avião, disseram fontes diplomáticas em Munique, sul da Alemanha.

Condenado a cinco anos de prisão em maio de 2011 por colaborar com o assassinato de mais de 28 mil judeus no campo de concentração nazista de Sobibor, na Polônia ocupada, Demjanjuk foi um dos últimos criminosos do nacional-socialismo processado no país.

O caixão com o corpo de Demjanjuk será transportado até Cleveland, no estado de Ohio, onde mora sua família, que deseja enterrá-lo na intimidade após sua morte em um asilo da cidade bávara de Bad Feilnbach.

A sentença ditada pela Audiência de Munique lhe considerou culpado por 'cumplicidade com o Holocausto', 'participação na maquinaria exterminadora nazista' e cumplicidade no assassinato de pelo menos 28.080 judeus dos cerca de meio milhão que morreram em Sobibor.

No entanto, os recursos apresentados tanto pela acusação como pela defesa deixaram seu caso aberto e pendente de uma resolução do Tribunal Supremo alemão, que, após a morte do condenado, deixou inevitavelmente sem conclusão o esclarecimento definitivo da participação de Demjanjuk na maquinaria exterminadora nazista.

Sua morte paralisou também definitivamente o processo que tinha pendente por sua suposta participação, como guarda no campo de concentração nazista de Flossenbürg (Baviera), no assassinato de 5 mil pessoas.


O fato de a sentença não ser definitiva e seu delicado estado de saúde fizeram com que o tribunal de Munique decidisse suspender sua entrada na prisão e permitisse a Demjanjuk morar em um asilo de idosos à espera do veredito do Supremo.

O criminoso nazista emigrou depois da Segunda Guerra Mundial aos Estados Unidos, onde viveu durante décadas sem ser reconhecido, até que em meados dos anos 80 foi identificado e levado a Israel sob a acusação de crimes contra a humanidade.

Em 1988 ele foi condenado à forca em Israel como o suposto 'Ivan, o Terrível' do campo de Treblinka (também na Polônia ocupada), pena revogada cinco anos depois ao ser provada que essa identidade correspondia a outro ucraniano, por isso que ele pôde retornar aos Estados Unidos como um homem livre.

No entanto, em maio de 2009, as autoridades americanas lhe retiraram a nacionalidade e concederam sua extradição à Alemanha, onde passou dois anos em prisão preventiva antes de ser condenado.

O principal trunfo da acusação no processo de Munique foi a folha de serviços com o número 1393, segundo a qual Iwan Demjanjuk - seu nome antes de emigrar aos EUA, nos anos 50 - foi um dos 120 'trawniki' (guardas voluntários) de Sobibor, às ordens de cerca de 60 oficiais nazistas.

Nascido na Ucrânia em 1920, Demjanjuk foi capturado como soldado soviético em 1942 pelos nazistas e transformado em guarda de Sobibor após ser formado para essa incumbência na cidade polonesa de Trawniki, palavra que depois foi usada para classificar os guardas. 

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