Coreia do Norte pede diálogo aos EUA sem ceder
País quer diplomacia com Estados Unidos e restante do mundo, mas não pretende ceder em seu programa nuclear
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2013 às 09h20.
Seul - A Coreia do Norte ofereceu neste domingo aos Estados Unidos manter conversas de alto nível para aliviar tensões regionais em um novo gesto de aproximação após sua campanha de ameaças de março e abril, embora tenha se negado a fazer concessões em seu programa nuclear como condição prévia.
Em um documento enviado pela Comissão Nacional de Defesa, Pyongyang convidou Washington a se sentar para negociar 'para diminuir as tensões na península coreana e estabelecer a paz e a segurança em nível regional', mas alertou que para isso o Governo americano 'não deveria falar de condições prévias'.
O principal órgão militar norte-coreano deixou claro nesse sentido que manterá sua aposta em energia atômica até que Washington não deixe de 'intimidar' o país asiático, algo que segundo o regime não acontecerá até que o Pentágono desmantele seu arsenal nuclear.
'Nossa desnuclearização implica na desnuclearização da península coreana, o que inclui a Coreia do Sul, e também a desnuclearização mais minuciosa, destinada a pôr fim totalmente às ameaças nucleares dos Estados Unidos contra nós', afirmou no documento.
Apesar do silêncio prudente que até o momento o Departamento de Estado manteve, os analistas veem poucas possibilidades que Washington aceite a oferta norte-coreana, já que o Governo Obama insistiu em que só dialogará se antes Pyongyang empreender ações que certifiquem sua vontade de desnuclearização.
Ambos os países concordaram em fevereiro de 2012 em uma moratória norte-coreana no que diz respeito a seus programas atômicos e de mísseis em troca de centenas de milhares de toneladas de ajuda alimentar americana, embora Pyongyang tenha jogado por terra o acordo, ao anunciar o lançamento de um foguete apenas algumas semanas depois.
O comunicado enviado hoje pelo estado comunista constitui a segunda oferta para realizar encontros de alto nível em apenas duas semanas, depois de uma mensagem similar enviada a Seul no dia 6 de junho.
No entanto, após um primeiro encontro preparatório, a reunião de alto nível entre as duas Coreias prevista para o dia 12 de junho foi anulada pela falta de acordo em relação à composição das delegações, já que o Sul propôs uma reunião de ministros e o Norte insistiu em enviar funcionários de menor nível.
Se acontecesse, teria sido o primeiro encontro em seis anos entre autoridades de alta categoria dos dois países, cujas relações se tornaram menos tensas a partir de 2008, coincidindo com a chegada ao poder na Coreia do Sul do ex-presidente Lee Myung-bak, sucedido este ano pela também conservadora Park Geun-hye.
Estes novos gestos apaziguadores acontecem depois de o regime ter realizado em março e abril uma insistente sucessão de ameaças bélicas voltadas contra EUA, Coreia do Sul e Japão.
A agressiva campanha norte-coreana veio depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou um novo pacote de sanções contra o regime após o lançamento de um satélite em dezembro, algo que foi considerado um teste de mísseis disfarçado, e um teste nuclear em fevereiro.
Pyongyang dirigiu também suas críticas contra as manobras militares conjuntas anuais que Seul e Washington realizaram em solo sul-coreano e que, nessa ocasião, incluíram navios e aeronaves com capacidade para lançar ataques atômicos.
Em todo caso, o padrão de comportamento seguido pelo regime do Norte nos últimos meses é similar ao de ocasiões anteriores, como assinalam muitos analistas.
Esta pauta estudada passa por 'fabricar' episódios de tensão mediante campanhas de ameaças ou ações provocativas para depois mostrar um súbito interesse por retornar à mesa de negociação, onde Pyongyang pretende conseguir maiores concessões em matéria de ajuda, após ressaltar a ameaça que implica seu programa nuclear.
Desde a grave piora de sua situação financeira, motivado pelo desaparecimento de boa parte de seus benfeitores do bloco comunista há duas décadas, a Coreia do Norte veio potencializando seu projeto atômico e repetindo esta tática cada vez com maior insistência. EFE
Seul - A Coreia do Norte ofereceu neste domingo aos Estados Unidos manter conversas de alto nível para aliviar tensões regionais em um novo gesto de aproximação após sua campanha de ameaças de março e abril, embora tenha se negado a fazer concessões em seu programa nuclear como condição prévia.
Em um documento enviado pela Comissão Nacional de Defesa, Pyongyang convidou Washington a se sentar para negociar 'para diminuir as tensões na península coreana e estabelecer a paz e a segurança em nível regional', mas alertou que para isso o Governo americano 'não deveria falar de condições prévias'.
O principal órgão militar norte-coreano deixou claro nesse sentido que manterá sua aposta em energia atômica até que Washington não deixe de 'intimidar' o país asiático, algo que segundo o regime não acontecerá até que o Pentágono desmantele seu arsenal nuclear.
'Nossa desnuclearização implica na desnuclearização da península coreana, o que inclui a Coreia do Sul, e também a desnuclearização mais minuciosa, destinada a pôr fim totalmente às ameaças nucleares dos Estados Unidos contra nós', afirmou no documento.
Apesar do silêncio prudente que até o momento o Departamento de Estado manteve, os analistas veem poucas possibilidades que Washington aceite a oferta norte-coreana, já que o Governo Obama insistiu em que só dialogará se antes Pyongyang empreender ações que certifiquem sua vontade de desnuclearização.
Ambos os países concordaram em fevereiro de 2012 em uma moratória norte-coreana no que diz respeito a seus programas atômicos e de mísseis em troca de centenas de milhares de toneladas de ajuda alimentar americana, embora Pyongyang tenha jogado por terra o acordo, ao anunciar o lançamento de um foguete apenas algumas semanas depois.
O comunicado enviado hoje pelo estado comunista constitui a segunda oferta para realizar encontros de alto nível em apenas duas semanas, depois de uma mensagem similar enviada a Seul no dia 6 de junho.
No entanto, após um primeiro encontro preparatório, a reunião de alto nível entre as duas Coreias prevista para o dia 12 de junho foi anulada pela falta de acordo em relação à composição das delegações, já que o Sul propôs uma reunião de ministros e o Norte insistiu em enviar funcionários de menor nível.
Se acontecesse, teria sido o primeiro encontro em seis anos entre autoridades de alta categoria dos dois países, cujas relações se tornaram menos tensas a partir de 2008, coincidindo com a chegada ao poder na Coreia do Sul do ex-presidente Lee Myung-bak, sucedido este ano pela também conservadora Park Geun-hye.
Estes novos gestos apaziguadores acontecem depois de o regime ter realizado em março e abril uma insistente sucessão de ameaças bélicas voltadas contra EUA, Coreia do Sul e Japão.
A agressiva campanha norte-coreana veio depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou um novo pacote de sanções contra o regime após o lançamento de um satélite em dezembro, algo que foi considerado um teste de mísseis disfarçado, e um teste nuclear em fevereiro.
Pyongyang dirigiu também suas críticas contra as manobras militares conjuntas anuais que Seul e Washington realizaram em solo sul-coreano e que, nessa ocasião, incluíram navios e aeronaves com capacidade para lançar ataques atômicos.
Em todo caso, o padrão de comportamento seguido pelo regime do Norte nos últimos meses é similar ao de ocasiões anteriores, como assinalam muitos analistas.
Esta pauta estudada passa por 'fabricar' episódios de tensão mediante campanhas de ameaças ou ações provocativas para depois mostrar um súbito interesse por retornar à mesa de negociação, onde Pyongyang pretende conseguir maiores concessões em matéria de ajuda, após ressaltar a ameaça que implica seu programa nuclear.
Desde a grave piora de sua situação financeira, motivado pelo desaparecimento de boa parte de seus benfeitores do bloco comunista há duas décadas, a Coreia do Norte veio potencializando seu projeto atômico e repetindo esta tática cada vez com maior insistência. EFE