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Controvérsia sobre legado de Stalin, 60 anos após sua morte

A sociedade russa se divide entre os que o consideram um tirano e aqueles que o veem como um herói que transformou a URSS em uma superpotência


	Simpatizante visita o túmulo de Stalin, em Moscou: centenas de pessoas colocaram cravos vermelhos no túmulo
 (Kirill Kudryavtsev/AFP)

Simpatizante visita o túmulo de Stalin, em Moscou: centenas de pessoas colocaram cravos vermelhos no túmulo (Kirill Kudryavtsev/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2013 às 13h35.

Moscou - A Rússia recorda nesta terça-feira o 60º aniversário da morte do ditador soviético Josef Stalin, dividida entre os que o consideram um tirano que matou milhões de pessoas e aqueles que o veem como um herói que levou a URSS à vitória na Segunda Guerra Mundial e a transformou em uma superpotência.

Centenas de pessoas colocaram cravos vermelhos no túmulo do ditador soviético na Praça Vermelha, onde foi enterrado em 1961 depois de ser exibido durante vários anos ao lado de Lenin no Mausoléu.

"Aconteceu repressão, mas isto não deveria ofuscar a grandeza conquistada pelo país", disse Roman Fomin, um empresário de 48 anos.

"Para muitas pessoas, Stalin significa vitória, crescimento econômico e prosperidade. Muitas pessoas desejam que retorne", completou.

O papel de Stalin na história da Rússia divide a sociedade.

Sua imagem é utilizada abertamente no Dia da Vitória para celebrar o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas as punições dos anos 30, a letal coletivização dos camponeses e a aterradora rede de campos de trabalhos forçados do Gulag durante a era de Stalin, que mataram milhões de pessoas, estão ausentes dos discursos públicos.

"Eu não ouvi nada sobre vítimas", afirmou Marat Muzayev, de 25 anos, natural de Kamchatka (Sibéria, leste de Rússia).

"Stalin é a vitória sobre a guerra. Simboliza o amor pela pátria e pelo governo", completou.

O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, que foi presidente de 2008 a 2012, disse que sua opinião do legado de Stalin é "negativa" e, inclusive, tentou uma campanha para reduzir sua influência. Mas o presidente Vladimir Putin evita avaliar o líder soviético.


Segundo uma pesquisa do Centro Levada, 49% dos russos consideram que o papel de Stalin foi positivo, enquanto 32% não estão de acordo.

E 55% afirmaram que sua morte, em 5 de março de 1953, marca o final do terror e das purgas, assim como o retorno de muitas pessoas injustamente condenadas aos gulags. Apenas 18% afirmaram que associam a data com a perda de um grande líder.

A pesquisa também aponta que 55% são contrários à proposta das autoridades russas de devolver o nome da era soviética de Stalingrado à cidade de Volvogrado, um lugar que foi cenário de uma batalha crucial da Segunda Guerra Mundial.

Stalin morreu aos 74 anos em sua dacha (casa de campo) nas proximidades da capital, mas a informação sobre a morte não foi comunicada pelas autoridades durante várias horas e muitas teorias sobre uma suposta conspiração sugerem que foi assassinado por seus íntimos.

O cadáver foi exibido em Moscou e gigantescas multidões tentaram ver o líder pela última vez. Historiadores acreditam que milhares de pessoas morreram esmagadas pela multidão durante o funeral, mas os números oficiais nunca foram publicados.

O canal nacional NTV começou a exibir um documentário em seis parte com o título "Stalin está conosco" durante o fim de semana passado.

"Stalin sempre está conosco e nos divide como se fosse disputar amanhã as eleições", afirma o narrador do documentário.

"As tentativas de negar os crimes do Estado soviético estão destinados a fracassar", afirma o jornal econômico Vedomosti em um editorial.

"Mas ainda não há um acordo sobre o significado do período de Stalin na história soviética", conclui.

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