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Consumo se mantém em alta na Argentina, 10 anos após sua pior crise econômica

Longe dos saques de dez anos atrás, vendas dos supermercados atingiram cerca US$ de 1,7 bilhão nos primeiros dez meses deste ano, com um aumento anual de 26,5%

O índice de desemprego é de 7,2%, segundo dados oficiais que indicam uma inflação anual de cerca de 9%, contra os 25% calculados pelas consultorias privadas (SXC.Hu)

O índice de desemprego é de 7,2%, segundo dados oficiais que indicam uma inflação anual de cerca de 9%, contra os 25% calculados pelas consultorias privadas (SXC.Hu)

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Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2011 às 11h34.

Buenos Aires - O consumo se mantém em alta na Argentina uma década depois da onda de saques a lojas e da eclosão de violência que terminou com a queda do governo de Fernando de la Rúa, em meio à pior crise econômica da história do país.

Os supermercados e armazéns que em dezembro de 2001 foram saqueados por pobres e desempregados veem agora suas vendas multiplicadas em um cenário de crescimento econômico que enfrenta neste momento a ameaça da crise global e altos índices de inflação.

No final de 2001, multiplicou-se também a ira entre as camadas média e alta da população por entraves à retirada de fundos dos bancos devido ao plano financeiro conhecido como 'corralito', que marcaria o fim de quase 11 anos do neoliberal Plano de Convertibilidade entre o peso e o dólar, baseado numa paridade de 'um por um'.

O 'corralito', que em janeiro de 2002 aumentaria com a retenção de depósitos milionários, foi iniciado pelo então ministro da Economia, Domingo Cavallo, após ter criado a 'convertibilidade' em 1991 quando ocupava o mesmo cargo, mas sob o governo peronista de Carlos Menem (1989-1999).

Cavallo, que renunciou em 19 de dezembro de 2001, um dia antes do presidente De la Rúa fazer o mesmo, tentou evitar uma crise bancária em meio a um programa de 'déficit zero' e de uma recessão que eclodiu em meados de 1998, com um índice de desemprego de 25% e uma pobreza superior a 50%.

De la Rúa, líder da aliança entre a social-democrata União Cívica Radical e peronistas dissidentes do neoliberalismo de Menem, abandonou a Casa Rosada, sede do governo, em meio a uma revolta popular que levou a Polícia a causar 30 mortes.


Em janeiro de 2002, a Argentina era governada pelo peronista Eduardo Duhalde, eleito por uma Assembleia Legislativa depois de uma crise institucional e após a declaração de moratória da dívida soberana, a maior da história financeira (cerca de US$ 102 bilhões).

Duhalde (2002-2003) estabeleceu restrições financeiras sobre depósitos bancários pelo equivalente a US$ 46 bilhões, além de reprogramar a devolução de investimentos a prazo em cerca de US$ 20 bilhões.

Os bancos guardam silêncio sobre a quantidade de processos judiciais ainda pendentes pela retenção de fundos bancários, apesar de considerar que 'poucos' ficaram sem receber, diz à Agência Efe o ativista Juan Seliman, ex-diretor do dissolvido movimento de protesto Ahorristas Bancarios Argentinos Estafados.

'Poucos não receberam nada, mas a grande maioria perdeu muito dinheiro', ressalta Seliman, após destacar que 'só os bancos sabem' quantos processos continuam em andamento dos cerca de 70 mil que puseram os tribunais à beira do colapso.

Naqueles dias, houve tumultos dentro e fora das agências bancárias, que trabalhavam sob reforço policial por causa das milhares de pessoas que provocavam distúrbios na tentativa de salvar suas economias.

Um relatório da Fundação Favaloro, entidade de pesquisa médica, revelou em 2006 que cerca de 20 mil pessoas morreram devido a doenças do coração provocadas pelo 'corralito', que também disparou as vendas de antidepressivos.

Longe dos saques de dez anos atrás, as vendas dos supermercados atingiram cerca US$ de 1,7 bilhão nos primeiros dez meses deste ano, com um aumento anual de 26,5% dentro de uma tendência de alta que começou há oito anos.

Após retroceder em 20% pela recessão que eclodiu no segundo semestre de 1998, a Argentina iniciou em 2003 uma era de crescimento econômico constante a uma taxa próxima a 8% anual de média, salvo o aumento de 2009 provocado pela crise nos Estados Unidos.

O índice de desemprego é de 7,2%, segundo dados oficiais que indicam uma inflação anual de cerca de 9%, contra os 25% calculados pelas consultorias privadas. 

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