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ONU autoriza "todas as medidas necessárias" contra Kadafi

A medida recebeu o respaldo de 10 dos 15 membros do principal órgão de segurança internacional

Muammar Kadafi, ditador líbio: "não há demonstrações pacíficas na Líbia" (Mahmud Turkia/AFP)

Muammar Kadafi, ditador líbio: "não há demonstrações pacíficas na Líbia" (Mahmud Turkia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2011 às 20h41.

Now York - O Conselho de Segurança da ONU adotou hoje uma resolução que autoriza "todas as medidas necessárias" para proteger a população civil líbia dos ataques das tropas de Muammar Kadafi e estabelece uma zona de exclusão aérea sobre o país norte-africano.

A medida recebeu o respaldo de 10 dos 15 membros do principal órgão de segurança internacional, enquanto nenhum votou contra e os outros cinco se abstiveram.

Os países que se abstiveram foram Brasil, Índia, Alemanha, China e Rússia, sendo que estes dois últimos são membros permanentes do Conselho de Segurança e que teriam vetado a medida se houvessem votado contra.

"A resolução de hoje leva em conta a causa do povo da Líbia e pretende acabar com os crimes atrozes contra o povo cometidos pelas autoridades líbias", disse após a votação o embaixador do Líbano, Nawaf Salam, país que junto com França, Reino Unido e EUA impulsionaram a resolução adotada.

O representante do único país árabe no Conselho afirmou que as autoridades líbias "perderam toda sua legitimidade", e ressaltou que as medidas autorizadas não incluem a ocupação do país por parte de tropas estrangeiras.

Por sua vez, o ministro de Relações Exteriores da França, Alain Juppé, que viajou hoje a Nova York para assistir à votação, disse que Kadafi tenta "achatar" a vontade de seu povo de viver em democracia.

"Não podemos abandonar a população civil e as vítimas da repressão brutal, não podemos permitir que seja derrubada a legalidade e a moralidade internacional", disse o chefe da diplomacia francesa.

Juppé garantiu que a França está disposta a atuar com rapidez junto com seus "aliados e os países árabes".

A Alemanha, por sua vez, declarou que apoia "completamente" o pacote de sanções econômicas e financeiras incluso na resolução, mas reconheceu que "as decisões que implicam no uso da força militar são sempre difíceis de tomar".

"Vemos grandes riscos e não deveria ser desprezado o risco de perda de muitas vidas. Vemos o perigo de estarmos envolvidos em um conflito militar que poderá afetar uma região mais ampla", disse o embaixador germânico perante a ONU, Peter Wittig.

A resolução estabelece que os Estados-membros da ONU podem adotar "todas as medidas necessárias" - o que incluiria ataques aéreos - para "proteger os civis e as áreas povoadas por civis que estão sob ataque na Líbia, incluindo Benghazi", o principal reduto dos insurgentes.

Ao mesmo tempo, o texto aprovado exclui a presença de "qualquer força de ocupação estrangeira, de qualquer tipo, em qualquer parte do território líbio".

A resolução endurece o embargo de armas à Líbia e reforça as sanções impostas no mês passado a Kadafi e seu círculo mais próximo de colaboradores.

Entre as primeiras reações favoráveis esteve a do diretor-executivo da Human Rights Watch (HRW), Ken Roth, que afirmou que "pela segunda vez em um mês, o Conselho desafiou as expectativas e deixou claro que todas as opções estão sobre a mesa para prevenir atrocidades".

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