Vem aí o 196º país do mundo? "Ilhas de Lixo" já possuem até moeda
Nação já tem bandeira, passaporte e uma moeda chamada "escombro". Só falta reconhecimento da ONU
Vanessa Barbosa
Publicado em 23 de setembro de 2017 às 09h37.
Última atualização em 23 de setembro de 2017 às 09h47.
São Paulo - Pode um país nascer do lixo ? Acredite, há uma campanha em curso para a criação do primeiro país do mundo todo feito de resíduos plásticos — as "Ilhas de Lixo", um aglomerado de centenas de milhares de toneladas de detritos plásticos do tamanho da França localizado no oceano Pacífico entre o Havaí e a Califórnia.
Em 8 de junho deste ano, os signatários da campanha apresentaram uma Declaração de Independência às Nações Unidas buscando o reconhecimento oficial das Ilhas de Lixo como país. Para pressionar a ONU, foi criada um abaixo-assinado aberto a todas as pessoas do mundo no site Change.org que busca angariar novos signatários e futuros cidadãos.
Mas por que um país de lixo? Segundo a petição, o reconhecimento da ONU geraria um constrangimento ambiental. Explica-se: quando um país é reconhecido e se torna um membro da ONU, ele passa a ser protegido pela Carta da Terra da ONU, um conjunto de acordos sobre meio ambiente e desenvolvimento.
Diante do preceito de que "todos os membros devem cooperar em um espírito de parceria global para conservar, proteger e restaurar a saúde e integridade do ecossistema da Terra", um país feito de lixo não poderia passar incólume e demandaria ações de todas as nações para resolução do problema do lixo plástico.
"O que em poucas palavras significa que ao nos tornarmos um país, outros países são obrigados a nos limpar", dizem os criadores da petição. Apesar das colocações contundentes, tudo não passa de uma campanha de marketing (das mais sagazes, diga-se de passagem) coordenada pelo grupo de mídia LADbible e a Fundação Plastic Oceans .
A campanha é uma forma de atrair a atenção para a poluição do lixo plástico no meio ambiente. Estima-se que 2050, haverá mais plásticos nos oceanos que peixes. Os detritos plásticos são um perigo para muitas espécies de animais, que podem ingeri-los ou se emaranhar neles.
Além de formar imensos bolsões de resíduos à deriva no mar, o lixo plástico já atinge as remotas praias do Ártico e as regiões mais profundas dos oceanos.
Recentemente, um estudo inédito revelou que micropartículas plásticas podem estar presentes até mesmo na água potável que é servida à população em vários países do mundo.
O país Ilhas de Lixo já possui uma bandeira, um passaporte, uma moeda (chamada escombros), selos e mais de mil cidadãos - o primeiro deles foi o político norte-americano, ambientalista e Nobel da Paz Al Gore.